sábado, 6 de novembro de 2010

"Segundo Hospital das Clínicas- registra aumento de casos de maus-tratos"

Abandono, negligência, violência doméstica e Violações de Direitos

De acordo com coluna de Mônica Bergamo, publicada hoje no jornal Folha de S. Paulo, o Hospital das Clínicas (HC), em São Paulo, registrou um aumento de 36% nos casos de maus-tratos contra crianças e adolescentes no primeiro semestre de 2010.

Foram atendidos 60 casos nesse período, incluindo o de uma menina de 13 anos que tentou o suicídio depois de sofrer agressões psicológicas por parte dos próprios pais. Pesquisa do pediatra Antônio Carlos Alves Cardoso, que atua no Instituto da Criança do HC, aponta que a violência dos pais é a causa de 60% das ocorrências. As crianças com menos de dois anos são as que mais sofrem agressões (75%) e o abuso sexual corresponde a cerca de 10% dos casos.

Dados do Sistema de Informações para a Infância e a Adolescência (SIPIA) confirmam que a família é uma grande violadora de direitos. No período de 1º. de janeiro de 2009 e 5 de novembro de 2010, foram registradas no sistema 4.751 violações causadas pela mãe e 3.706 causadas pelo pai.


Impacto dos maus-tratos na saúde

Estudo apresentado em agosto em encontro da Associação Americana de Psicologia indica que maus tratos e pobreza na infância podem levar a envelhecimento precoce e problemas cardíacos na vida adulta. Testes feitos com 200 adolescentes mostraram que aqueles oriundos de famílias mais humildes tinham artérias mais endurecidas e pressão sanguínea mais elevada. Essa situação impacta na expectativa de vida desses adolescentes.


Questões sobre maus-tratos


O Observatório da Infância traz uma lista com perguntas e respostas sobre maus-tratos e negligência. Elaborada pelo Dr. Lauro Monteiro, médico pediatra e editor do site, ela esclarece algumas questões, como o que é e por que ocorrem os maus tratos, o que é negligência, quem mais maltrata os filhos (homem ou mulher), as formas mais comuns de abuso, etc.

Monteiro também explica como denunciar um caso de maus-tratos: “As autoridades que podem receber as denúncias, além dos Conselhos Tutelares, são: o Juiz da Infância e da Juventude (antigo Juiz de Menores), a polícia, o Promotor de Justiça da Infância e da Juventude, os Centros de Defesa da Criança e do Adolescente e os Programas SOS-Criança”, escreve.


Fonte: Observatório da criança ( blog)

Psicopedagogia- Natalícia Alfradique


A PSICOPEDAGOGIA vem trabalhar com as dificuldades de aprendizagem e a diversidade de fatores que contribuem para tal, podendo estes ser de origem orgânica, cognitiva, emocional, social ou pedagógica.


O trabalho psicopedagógico tem como objetivo garantir a aplicação do raciocínio na manipulação do conteúdo escolar e cultural de maneira que o indivíduo se identifique e se aproprie da utilização dos conceitos aprendidos em qualquer situação .

AS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM MAIS RELATADAS:

- COORDENAÇÃO GLOBAL E FINA: dificuldade de domínio do gesto e do instrumento; dificuldade perceptiva; dificuldade na lateralização, na orientação espacial e temporal;

- COMPORTAMENTO SOCIAL INADEQUADO: geralmente associado à falta de limites e imaturidade:dificuldade em internalizar responsabilidades e lidar com a frustração;

- MEMÓRIA E ATENÇÃO: dificuldade em manter o estado de vigília, de focar a atenção e se concentrar nas tarefas formais;

- DISCALCULIA: dificuldade no processo de aprendizagem do cálculo apresentando inabilidades na realização das operações matemáticas e falhas no raciocínio lógico-matemático;

- ALTERAÇÕES NA LEITURA/ ESCRITA :

.DISGRAFIA - consiste em uma dificuldade para a realização dos movimentos necessários e coerentes para a escrita. A grafia das letras e das palavras torna-se, muitas vezes, incompreensível para o leitor, que não consegue ler o que está escrito

.DISORTOGRAFIA - consiste em confusões de letras, sílabas e palavras, com trocas ortográficas já conhecidas e trabalhadas pelo professor.

.PRÉ-DISLEXIA - distúrbio da linguagem observado em crianças em fase pré-alfabetização. Caracteriza-se por instabilidade psicomotora, inversão, repassamento, falta de ritmo em desenho, falha na capacidade totalizadora, falta de discriminação figura-fundo.

.DISLEXIA- É um distúrbio específico da linguagem, de origem constitucional, caracterizado pela dificuldade de decodificar palavras simples.

Desta forma, para se conhecer as causas do problema, é de grande valia a busca pelo atendimento psicopedagógico especializado, onde o psicopedagogo trabalhará em duas etapas:

- Diagnóstico : realizar junto ao indivíduo uma coleta de informações utilizando-se de técnicas psicopedagógicas específicas. Estas informações proporcionarão o entendimento das reais causas que podem estar interferindo em seu processo de aquisição do conhecimento.

- Intervenção : tratamento, utilizando-se vários recursos para uma progressiva melhora deste processo como um todo, ou realizar o encaminhamento do indivíduo à profissionais de outras áreas, caso seja necessário.


Fonte: revista do professor/ Natalícia Alfradique







Piaget

terça-feira, 2 de novembro de 2010

ENTREVISTA / Leonel Narváez

Na maioria das escolas ao redor do mundo, as crianças aprendem a somar e a subtrair; a ler e a escrever; a competir e sobressair, mas não aprendem a amar, a perdoar ou a ter compaixão pelos demais.


Para o padre colombiano Leonel Narváez, este analfabeto funcional em que se converteu o ser humano é, em grande medida, o responsável pelos ciclos de ressentimento e violência em que vivem imersas diversas sociedades. Narváez é um dos criadores da Fundação para a Reconciliação, cuja sede fica em Bogotá.

Através de sua experiência com comunidades colombianas, quenianas e de outras latitudes, e com a ajuda de especialistas interdisciplinares das universidades de Wisconsin, Harvard e Cambridge, o teólogo e sociólogo criou as Escolas do Perdão, hoje espalhadas pelo mundo e ganhadoras do Prêmio da Paz da Unesco.

Em outubro será realizado o encontro internacional das Escolas do Perdão, em um antigo forte militar na cidade de Niterói, no Rio de Janeiro. Ali, onde ainda permanecem canhões de guerra, 150 pessoas se reunirão para compartilhar suas experiências na pedagogia da compaixão, que busca solucionar o problema do analfabetismo emocional que, segundo Narváez, é uma das principais causas da violência no mundo. Como preâmbulo do encontro, o teólogo falou sobre reconciliação ao Comunidade Segura.

Como nasceram as Escolas do Perdão?

Trabalhei durante 10 anos em Caguán – zona de influência do grupo guerrilheiro Farc ao sul da Colômbia – e lá desenvolvi a experiência dos territórios de paz com a guerrilha e as comunidades. Íamos a uma localidade, nos reuníamos com as pessoas, fazíamos um sancocho de olla (passeio rural para cozinhar em uma panela enorme uma sopa tradicional camponesa à beira do rio) e resolvíamos amigavelmente os problemas. Fazíamos pactos e declarávamos a localidade um território de paz.

Como funcionam as Escolas do Perdão?

Depois desta experiência prática e da elaboração teórica em Harvard, onde fiz o doutorado, Antanas Mockus nos chamou para aplicar o que sabíamos em 60 bairros de Bogotá. A Escola do Perdão é um treinamento por que passam as pessoas ao longo de 80 horas divididas em 10 sessões.

Cada pessoa chega com um episódio em sua vida que quer perdoar. Supõe-se que, ao fim desse treinamento, devem ter a capacidade de perdoar. Eles recebem um diploma que tem o objetivo de os relembrar que são multiplicadores do perdão e da reconciliação.

Onde estão localizadas hoje as Escolas do Perdão?

Em muitos lugares do mundo: Canadá, Estados Unidos, México, República Dominicana, Venezuela, Peru, Equador, Bolívia, Chile, Uruguai, Serra Leoa, Libéria, África do Sul, Espanha, Itália, Israel e Brasil. No Brasil temos Escolas do Perdão em Minas Gerais, Bahia e Rio de Janeiro. Inclusive, estamos trabalhando um curso acadêmico com a Universidade de São Paulo e com a PUC do Rio.

Em que consiste esse curso?

Ensinamos a manejar a memória ingrata, ou seja, a memória que leva a vítima de volta ao momento da ofensa, alimentando seu rancor, ressentimento e desejo de vingança. Ensinamos como anular esses sentimentos. Por exemplo, no caso de um cônjuge infiel. Durante as 10 sessões trabalhamos o caso e, no fim, a pessoa deve ter ferramentas para superar o ressentimento. É como uma terapia de grupo, pois desde o início a pessoa escolhe alguns companheiros e formam um grupo fazendo um pacto de total confidencialidade.

O perdão implica em reconciliação?

A ideia é que se chegue a uma reconciliação, mas o perdão nem sempre leva a ela. O que se consegue com o perdão é bloquear o desejo de vingança e a escala social. Essa já é uma grande mudança em termos de violência.

O que o senhor acha do processo que se realizou com os paramilitares na Colômbia?

Existem dois lados. O positivo é que 53 mil pessoas entregaram as armas (de diversos grupos, não só paramilitares). O governo fez um esforço enorme para reintegrar essas pessoas e creio que o fez bastante bem. Por outro lado, penso que as elites do país não se entregaram. A sociedade está rachada e de algum modo pensa que a reintegração é só para os "de baixo".

O tema da reintegração deve ter implicações políticas importantes. Ainda existe muita raiva entre os líderes políticos e isto pode ser perigoso porque gera outro tipo de exércitos subversivos. Isto foi o que aconteceu com as Farc e os paramilitares: nasceram com o desejo de organizar-se para a vingança. Então, esse exercício de reconciliação na base também tem que ser feito em cima.

A Colombia está preparada para um grande perdão nacional?

Eu acredito que a violência na Colômbia não se deve tanto à exclusão como aos rancores acumulados ao longo de décadas e que não pudemos superar. Nós temos uma idéia de como trabalhar isso: ter centros de reconciliação em todos os bairros - assim como existem postos de saúde. Um lugar em que as pessoas possam superar esta cultura de vingança e levar isto da base para a elite, pois o perdão tem que tomar dimensões políticas. Nas palavras da escritora Ana Arndt, "o perdão não é um recurso religioso, mas uma atitude política.

E isto vale para todas as culturas?

O perdão é uma necessidade universal. No entanto, falar de pedagogia do perdão tem uma desvantagem em certos ambientes pois é vista como uma proposta cristã. Mas tratamos disso na pedagogia do auto-cuidado, é muito bem recebido em ambientes culturais não cristãos. Resumindo, estamos falando de saúde emocional e de reconciliação.

É correto, então, dizer que os humanos temos a capacidade heróica de perdoar o imperdoável.

Sim, e comprovamos isso todos os dias em nosso trabalho com vítimas da violência. Elas entendem o que é perdoar e são capazes de fazê-lo. Mas perdoar não é esquecer nem impedir o trabalho da lei. É um exercício pessoal de destilar o veneno. Ao entender que ao reciclar venenos estamos causando danos a nós mesmos, o ato de perdoar se converte em um exercício de saúde pessoal.

E como é possível perdoar sem esquecer?

Um dos temas mais difíceis do perdão é o manejo da memória. A mente vive constantemente recordando. Para mudar isso, é necessário fazer um retreinamento cognitivo. É trágico quando uma pessoa não perdoa porque está amarrada ao que ocorreu, escrava do passado. Por isso, o Nobel da Paz, Desmond Tutu, dizia que "sem perdão não há futuro".

É o que pode acontecer, por exemplo, às comunidades africanas ou indígenas. Claro que têm razão em sentir os danos que sofreram e é claro que têm direito à justiça, mas também têm direito a ter um futuro. Para elas, viver no passado é ficar sem futuro.

E como se faz esse processo?

Ajudamos as pessoas a criar novas narrativas, novas linguagens para transformar o que lhes aconteceu através da música, do canto, do conto. É a partir desses exercícios que se transforma o passado. Mas o problema da memória ingrata é que ela nos leva à ofensa sofrida de vez em quando e nos faz sentir o que passamos de maneira repetitiva, gerando o ressentimento. Este em qualquer momento pode se converter em desejo de vingança.

Todo ressentimento leva ao desejo de vingança?

O desejo de vingança é o mais comum nos seres humanos e, quando se passa a executar a vingança, se dá a escalada da violência. Isto pode acontecer com qualquer um. Existe todo tipo de vingança, mesmo as mais sutis. O Banco Mundial, por exemplo, descobriu que um de seus problemas internos é que as pessoas não sabem resolver seus conflitos. Então, há uma cadeia de pequenas vinganças: danificar o documento de outro, não assistir a uma reunião, sabotar a apresentação de alguém.

Isso é inerente ao ser humano ou é algo que se aprende?

Eu defendo que, de algum modo, a sociedade nos condiciona e nos obriga a achar que o ser humano é essencialmente bom. Não podemos negar que existem alguns elementos da natureza humana que podem nos empurrar para a violência, mas tudo depende da formação sócio-emocional que recebemos na família e na escola e esses locais é onde menos se faz educação sócio-emocional. A escola é um caldo onde se cultiva a violência, se ensina às crianças a competir, mas não se ensina sobre a bondade, o afeto e o amor.



Como se dá a passagem e do perdão para a reconciliação?

Enquanto o perdão é algo de uma pessoa consigo mesma, a reconciliação é abrir um caminho até o ofensor. O mais bonito é que a reconciliação começa geralmente pela parte ofendida. O perdão é um presente ao outro, um chamado para a bondade. Quando alguém me ofende, o mais bonito é que quem tem o poder de perdoar sou eu.

O que deve ser feito durante os processos de perdão e reconciliação tanto individuais quanto coletivos?

Deve haver verdade, justiça, pacto e celebração. A verdade não é só do ofendido, que normalmente acredita ser o detentor único da verdade. A verdade é também do ofrensor. Se constrói uma nova versão afirmativa da verdade.

Por outro lado, no caso de um crime de lesa humanidade, por exemplo, acredito que toda a verdade – com os detalhes mais dolorosos, como a forma com que uma pessoa foi torturada – deve ser conhecida apenas pelos juízes. Aos familiares da vítima interessa saber quem cometeu o crime, porque o cometeu e onde está o corpo. Do contrário, se corre o risco de cair em um processo "revitimizador" que faz com que a crueldade do fato aumente o ciclo de raiva e rancor.

E quanto à justiça?

Nós acreditamos na justiça restaurativa e não na justiça punitiva, pois as prisões são escolas de crime. Além de extremamente caras, as penitenciárias são foco de corrupção do Estado e têm pouco sucesso no seu propósito de dissuadir as pessoas a cometer crimes. Existem outros modelos de justiça com melhores resultados como o dos indígenas colombianos, por exemplo. Eles não têm prisões, acreditam na reintegração de seus criminosos.

E qual é a importância do pacto?

É fundamental, pois é o compromisso público de que uma ofensa não vai se repetir.

E a celebração?

É ritualizar esse pacto. O ritual eleva as pessoas a níveis transcedentais e isso deixa mais marcado o compromisso. Por exemplo, o ritual de entrar na igreja com toda a parafernália, dá muito mais solenidade a um casamento do que casar-se em dez minutos em um cartório. É apenas um exemplo para mostrar que o público, o solene, o sagrado compromete mais. E o sucesso desses rituais está demonstrado nos processos com desmobilizados na Colômbia.



ENTREVISTA / Leonel Narváez

" Quanto tempo nos resta?"- Aldo Novak


Quanto tempo nos resta ?


Quanto tempo você acredita que viverá? Cem anos? Cinqüenta? Vinte? Dez? Um?

Seja quanto for, você provavelmente estará errado.

Nosso tempo médio de vida é até possível de saber.

Mas uma média não é uma certeza.

Um adolescente pode ter apenas mais quatro anos de vida, enquanto uma mulher de 70 pode viver ainda mais trinta e cinco.

Já temos mais de 30 mil pessoas no Brasil acima dos 100 anos.

Leciono na Universidade Federal de São Paulo para turmas nas quais o aluno mais jovem tem 60 anos!

Em um mundo no qual a expectativa média de vida era de 25 anos, como há apenas dois séculos, no Brasil, praticamente todos os meus leitores estariam mortos.

Na verdade, com tanta inexperiência controlando os países, é um milagre que tenhamos chegado até aqui.

Não que experiência seja garantia de qualidade, como podemos ver pelo que acontece no mundo.

Mas hoje, com a expectativa média de vida disparando, há um número crescente de homens e mulheres com 70, 80 ou 90 anos, vivendo ainda como as pessoas de 60 viviam, há somente duas ou três décadas.

Roberto Marinho (1904-2003) criou a Rede Globo quando completou 60 anos.

Morreu depois dos 90.

E ele era de uma geração em que a expectativa média de vida era de 40.

Mas isso não é um caso isolado.

Ted Turner, o criador da CNN, a maior rede de notícias do mundo, era um playboy e esportista até os 40.

Quase perdeu tudo, várias vezes na vida.

Depois disso, criou a CNN, mesmo tendo sido sabotado várias vezes pelos concorrentes.

Continua um playboy esportista.

Nelson Mandela ficou mais de dez anos sendo bloqueado ativamente pelo governo sul-africano e vinte sete anos na cadeia, por razões políticas.

Aos 72 anos começou tudo novamente, saindo da prisão, tornando-se presidente da África do Sul e mudando o país que liderou, além de entrar para a história do planeta.

Ele nasceu em 1914.

Silvester Stallone (1946) filmou Rock Balboa (ou Rock 6) este ano e lançou-o há algumas semanas.

Ele tem 61 anos, e ainda está fisicamente como, há algumas décadas, estariam os lutadores de metade da sua idade.

Na verdade, sua forma física está tão boa quanto a de seu oponente.

No Brasil, a revista Exame de dezembro do ano passado, publicou um artigo sobre o empresário Ueze Zahran, filho de imigrantes libaneses que fundou o Capagaz.

Zahran controla um pequeno império de mais de 1 bilhão de dólares, fundado quanto ele tinha 31 anos.

Mas o que chama a atenção é que ele está com 82 anos, e tem a disposição e a forma física de alguém muito mais jovem.

Na música, temos também um caso curioso.

Eleito por uma publicação recente como principal símbolo sexual masculino do Brasil, Chico Buarque de Holanda. Também já passou dos 60 anos.

Nem vou falar dos Rolling Stones, que têm um público de fãs que incluem os que ainda nem saíram da puberdade.

Impensável há algumas décadas!

Isso para não falar das pessoas que se casam com homens e mulheres que têm 30 anos menos que eles.

E não me refiro a artistas, que casam e descasam como se trocassem de roupa, mas a gente comum.

Algo está mudando.

Algo que parte da nossa sociedade ainda não viu.

Se Mandela escutasse sua família, ficaria em casa recebendo alguma pensão do governo, sentado. Pense em um homem de 72 anos que ficou preso metade da vida.

A maioria das pessoas imagina que homens com esta idade, deveria estar pensando em que programas de TV vão assistir hoje.

Stallone? Se escutasse os críticos, seria vendedor de bolinhos, no Central Park, e não um milionário ator que se diverte fazendo o que faz.

Ted Turner? Estaria construindo barcos de pesca, e bebendo até cair, dia e noite.

Zahran? Estaria na cadeira de balanço e teria passado o bastão há muito tempo para algum jovem de sua empresa.

Se é que ainda teria uma empresa.

Para cada um desses homens, e mulheres que também têm história similar, sempre houve a crença de que nem tudo o que você começa, termina, mas absolutamente tudo o que você termina, teve que começar.

Comece agora.

Não amanhã.

Não ontem.

Hoje. Hoje.

Se você tem mais de 100 anos, sugiro que vá com calma!

O mundo ainda chega lá.

Se você tem mais de 70, sugiro que não tenha calma nenhuma.

Faça o que você tiver vontade de fazer.

Viaje, crie, pinte e borde - e não me refiro a quadros, nem tecidos.

Se você tem entre 20 e 70, sugiro que não se importe com convenções sociais.

Elas foram feitas por quem não tinha coisa melhor para fazer, além de falar da vida dos outros.

Vá e faça.

Já que vão falar de você, de qualquer jeito, arrisque-se a ir contra a maré.

O mundo espera isso de você.

Se não aprovarem, mande-os "catar coquinho na praia perdida".

Se você tem menos de 20, aprenda tudo o que puder, e agradeça por viver em um século no qual você está no início da vida, não no final.

Não importa a idade que você tenha.

É hora de começar algo novo.

Nem tudo o que você começa, termina.

Mas absolutamente tudo o que você termina, teve que começar.



O que você vai começar hoje..!!!?



Aldo Novak

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

" Eleições"- Claudia de Luca

A professora em sala de aula...


Aula de Ed. Física.

-Turma, hoje, faremos aula livre. Vocês poderão escolher democraticamente o que desejarem para a aula, desde um joguinho de queimado até um pequeno torneio do esporte que quiserem.

O que descreverei aqui foi atestado em 26 anos de magistério em mais de 200 turmas e 7000 alunos.

Esse é um dos motivos que reduz o tempo para a aposentadoria de um professor. Você acha difícil lidar com seus 3 ou 4 adolescentes em casa e nós lidamos com eles, anualmente, aos bandos quando ficam mais fortalecidos em seus devaneios febris sobre o que é tornar-se pessoa!! E, detalhe, trabalhamos por amor a essa exuberância juvenil e não pelo nosso pequeno salário, parcas condições e recursos, pouco prestígio e etc. etc. etc...

Voltando à sala de aula em questão, invariavelmente, nessa aula (livre) de democracia teremos em torno de quarenta e não menos 40 minutos de discussão - algumas acaloradas demais para o exercício de uma atividade pontual que, por sua vez, estará ficando comprometida pela dificuldade de um consenso.

Diante da liberdade de escolha TODOS querem fazer valer a SUA vontade certíssimos de que isso será o Melhor para TODOS. Muuuuuuiiito difícil levá-los a perceber que seria muito mais divertido se nos uníssemos o mais rapidamente possível à maioria para que a escolha seja vivida ao invés de empacarmos no inteminável processo de escolha que empata a experiência da AULA LIVRE.

Depois de, finalmente, chegarmos à um acordo, nos 15 minutos de aula que nos restam, assisto ao seguinte quadro: - meia dúzia realiza que escolheu, três ou quatro que insistem em boicotar e à outra - maior parte - que reúne um pouco de cada partido, se auto desanima da aula e se esquiva de participar (vai ao banheiro, vai beber água, fica com cólicas, lembra que tem asma e não pode correr, pede para estudar para a prova do próximo tempo e etc. etc. etc.)

Enquanto isso, os alunos que saíram da escola e estão na sociedade, tornam-se cidadãos...

E a professora como cidadã não desiste da tarefa muuuuito difícil de levá-los a perceber que...

e, acreditem, escrevo com o mesmo amor que tenho aos meus alunos e à minha Nação!

Caros amigos,

Esta é a hora que a democracia pede seu ônus!!!

Eu não fiz campanha para nenhum dos dois porque minha canditada perdeu no primeiro turno, mas insistir em comportamento de campanha é desrespeitar a maioria.

Durante muito tempo batalhamos por eleições. Agora que a possuímos com a mais avançada tecnologia eleitoral do mundo (vc sabia?) é hora de mostrar o seu valor.

Está na hora do BR45IL aceitar o Brasil, perdoar Suas imperfeições, elevar Sua autoestima e não perder o foco da Nação como um TODO!

O Brasil precisa da nossa União. Unir quem pensa igual é fácil!! Vamos nos unir pelo nosso IDEAL de Nação.

Isso também é maturidade ESPIRITUAL!

MEDITE sobre isso. Não teça julgamento tão rapidamente quanto lê.

No Facebook uma amiga escreveu o que pode conincidir com o que você está sentindo: - "eu não posso obrigar meu coração a se sentir feliz e cordato aonde eu não me sinto harmonizada,sorry....visto a carapuça sem medo e sem covardia."

E eu, amorosamente insisto, como insistiria com alguns de vocês...

Compreendo e acolho perfeitamente essa colocação! Não clamo por falsa alegria e nem conformismo. Clamo pelo sagrado ofício que, às vezes, nos é imposto e que só um olhar honesto mesmo que doloroso é capaz de captar. É quando o Sagrado Ofício se traduz em sacrifício. Só os corajosos são capazes disso. Somos Um. Nós e Eles.

Isso também é maturidade espiritual!



Um abraço fraterno,

Cláudia de Luca.

" Exemplificando sempre"

Narra-se que, certa vez, uma jovem indiana, desejando que seu filho tivesse saúde invejável, decidiu que seria importante para ele deixar de comer açúcar.

Acreditava que o açúcar era um produto que agredia o organismo. Afinal, ele possibilitava o aparecimento de cáries, além de ser um produto que facultaria à criança uns quilos a mais.

Por largo tempo ela falou ao filho para deixar de consumir o produto. Mas, a criança adorava açúcar e não o dispensava, deliciando-se com os doces mais variados.

Finalmente, a mãe procurou o Mahatma Gandhi e contou seu problema, pedindo que ele, com sua grande autoridade, falasse ao filho. Com certeza, ele seria ouvido e atendido pelo menino.

O sábio não afirmou que ela estava certa, nem errada. Contudo, pediu-lhe um prazo de 15 dias. Decorrido o tempo, ela deveria retornar com o filho até ele.

A mulher se foi, com a alma embalada pelas mais suaves esperanças. Os dias demoraram a passar. Até que chegou o dia marcado para pôr fim à ansiedade da indiana.

Ela tomou o filho pela mão e o levou até a presença de Gandhi, que se demorou a falar com o garoto, por mais de uma hora.

Terminado o diálogo, Gandhi se despediu do pequeno e devolveu-o à sua mãe.

A mulher estava muito curiosa. E, assim que pôde, perguntou ao Mahatma porque ele a fez esperar quinze dias, para só depois conversar com a criança.

É muito simples, respondeu Gandhi. Há quinze dias eu também consumia açúcar e precisava do prazo para abandonar o hábito, pois se não o fizesse, não teria autoridade moral para lhe pedir que o evitasse.

* * *

A utilização ou não do açúcar na dieta alimentar não é o mais importante, no caso em pauta. O que se deve levar em conta é o fator exemplo.

O ilustre Gandhi não se sentia à vontade para pedir a uma criança que deixasse de fazer alguma coisa, se ele mesmo ainda a fazia.

Não desconhecia ele que, enquanto as palavras comovem multidões, o exemplo as arrasta.

Pensemos em quantas vezes temos tentado modificar os hábitos dos outros, utilizando-nos simplesmente das recomendações ponderadas, sem nos prendermos ao fato de que não estamos exemplificando corretamente.

Assim é no que diz respeito ao uso de drogas como o fumo e o álcool, que afirmamos que agridem e matam, que seu uso é maléfico, sem deixarmos, nós mesmos, do velho cigarro e dos aperitivos de vez em quando.

Assim é, ainda, com relação à frequência no templo religioso, nas aulas específicas de evangelização, quando dizemos aos filhos que são importantes, edificantes. Mas, nós mesmos sequer comparecemos ao templo para o estudo e a oração.

Dizer e fazer. Duas ações importantes. A segunda, com certeza, de peso seguro para a educação mais acertada.

* * *

Jesus, o Divino Mestre, lecionando aos homens a Lei do trabalho, esmerou-Se nele, laborando na Sua infância e juventude na carpintaria do pai.

Dizendo que deveríamos perdoar setenta vezes sete vezes, perdoou Ele mesmo a todos os que O feriram e O trataram com rudeza e desprezo.

Isso porque, excelente pedagogo, Jesus reconhecia o extraordinário valor do exemplo, jamais dispensando-o na tarefa educativa dos seres.



Redação do Momento Espírita.

Em 27.10.2010.

domingo, 31 de outubro de 2010

" Muito além do Tiririca"- Alexandre Garcia

Há muito tempo tenho demonstrado que nossa mistura racial e nossa religião majoritária são responsáveis por nosso masoquismo. Adoramos sofrer, para nos purificarmos e irmos para o céu; prezamos um luto fechado lusitano, tanto que festejamos nossos enterros, como o de Tancredo, e desprezamos nossos heróis, como Amyr Klink. Agora a eleição vem reiterar essa constatação. Há, na capital do país, um candidato a deputado federal que proporcionalmente fez três vezes mais votos que Tiririca. Mas o país todo insiste em só falar do palhaço. O jovem Antônio Reguffe, mais votado como deputado local, candidatou-se agora a deputado federal, com a bandeira de sempre: a ética. Idealista, sincero, pôs em prática durante o mandado local todas as suas idéias e promessas. Cortou despesas de seu gabinete, devolveu dinheiro, compareceu a todas as sessões, denunciou a corrupção que está impregnada na política de Brasília. E se candidatou a deputado federal, sem praticamente fazer propaganda. Não precisou.
De cada cinco eleitores que foram as urnas, um votou nele. Fez 266 mil votos numa soma de 1 milhão 397 mil votos válidos - 19%. Para igualar-lhe o feito, Tiririca teria que fazer 4 milhões 323 mil votos. O palhaço teve 6% dos 22 milhões 573 mil votos válidos de São Paulo. Mas o moço de Brasília, até agora, não apareceu como modelo. Tiririca, sim, está em todas, como exemplo do circo nacional. Entre um modelo ético e um palhaço, ficamos com a palhaçada.

Pelo menos na eleição presidencial estamos mostrando o paradoxo: a derrotada foi quem venceu. Marina, no primeiro turno, conquistou um segundo turno para Serra e Dilma. Para o eleitor ter mais quatro semanas para pensar. Marina veio do longínquo Acre, mais perto do Oceano Pacífico que do Atlântico. Está num partido pequeno, o PV. E conquistou quase 20 milhões de corações e mentes. Lula, enquanto foi candidato só do PT, nas três tentativas em que perdeu, só na última igualou-se a Marina em votos.

Marina não é biônica, não é transgênica; é um produto orgânico. É gente e não sabonete embalado por marqueteiro; não é boneca de ventríloquo. Mostrou-se com personalidade, sincera, autêntica. A mesma autenticidade que a tirou do governo. Deixa essas lições para os dois que ficaram para o segundo turno.. Mesmo sem a maciça propaganda e horários amplos na propaganda obrigatória, foi a quase 20 milhões de votos. Elegeu o segundo turno. E agora tem o poder de eleger presidente. Não que o eleitor dela aceite cabresto; quem votou em Marina é eleitor cabeça, que não se deixa conduzir por uma palavra de ordem de um candidato. Mas se Marina decidir subir algum palanque, ela poderá ungir a quem ela abraçar e disser: nesta pessoa, posso confiar meu projeto. Não são, Marina e Reguffe, exemplos de que nem tudo está perdido?



Alexandre Garcia é jornalista em Brasília e escreve semanalmente em Só Notícias