sábado, 4 de julho de 2009

A Diversidade para Crescer em Educação

Se existe algo que ouço ultimamente com certa freqüência no mundo empreendedor, é a afirmação que a diversidade cultural e profissional traz para si e para a empresa a cultura de várias gerações de diferentes profissionais.

Porém numa empresa chamada escola, que ainda não reconhece esses valores, parece-me que o dever de casa ainda está por fazer. Lugar reconhecido como um espaço eminentemente de conflitos intelectuais, controlador e flexível no ir e vir de diferentes pontos de vistas, se vê numa eminência de passar despercebido se não for recheado de conhecimentos eficazes.

Entretanto, seja qual for a empresa, quando se usa a comunicação a seu favor, quando reconhecemos o valor do parceiro de trabalho como um agente de transformação e se percebe que uma equipe faz mais por uma empresa do que uma visão solitária, mais eficaz será o objetivo traçados para a mesma.

O trabalho de quem vive, respira e faz educação em escola, não é muito diferente dos demais trabalhos das diversas empresas, apesar da constante negação de muitos colegas de trabalho, em lagar a visão romântica que se tem até hoje e considerar a escola como uma empresa.

Ao trabalhar em diferentes escolas, nas diferentes funções e em diferentes modalidades de aprendizagens, nunca perdi a oportunidade de aprender com a equipe. Se tem algo que valorizo é o diálogo, sem deixar de ser exigente, quando for necessário. Quando se tem em mente as prioridades de sua empresa o caminho é longo, mas se chega lá.

Um dos maiores problemas no mundo educacional, é que fazemos projetos como ninguém, lemos os mapas estatísticos que nos são enviados, somamos para ver se a verba dará para executar a proposta, mas não sabemos dividir responsabilidades e o baixo compromisso em ações efetivas, nos colocam longe da meta a ser atingida.

Se devemos fazer algo, agarramos como se o único a dar conta fosse o líder. Já vi muito bons projetos em conteúdo, ser jogados na lixeira, porque os interesses pessoais vinham em primeiro lugar.

Quando negamos aprender com os próprios erros, com os colegas de trabalho, fechando-nos as nossas próprias convicções, estamos dando um passo certo para um desastre maior, que é o erro de se colocar em prática uma experiência equivocada.

Portanto, inovar e crescer enquanto empresa, requer uma dose grande de riscos. Não existe liderança sem riscos, assim como, não existe empresa sem líderes desafiadores de visões e crenças.

Mas, o que mais me revolta na prática é o acúmulo de papéis que se desempenha em uma escola. E tem mais, para algumas pessoas, quanto mais funções você abraçar, melhor você é.

Sem levarmos em conta o aspecto ético dessa questão, priorizo nesse momento a questão do saber. Às vezes chego a me perguntar que direito eu tenho em achar que só a minha opinião é válida? Que direito eu tenho de resolver questões pedagógicas, administrativas e técnicas sem realmente passar pelo crivo da equipe.

A escola é assim. Insiste na crença que a foto deve ser em preto e branco, para não trazer à tona as rachaduras de seus conflitos internos.

Deixei os meus sonhos de criança para trás. Nessa correria trouxe comigo a coleção de muitos livros infantis e uma pequena estante com livros técnicos. Já doei muito também. Desde pequenos exemplares, até a divisão de uma estante cheia de renomados títulos e autores. Deixei de comprar batons, sapatos, pra adquirir cultura.

Porém, um desses livros, que era recorrente em meu uso, era o livro infanto juvenil: “ Tá na cara”. A história se sucede nesse clima onde cada um se acha mais importante que o outro. Por conta disso, as personagens se movimentam pela cara, trocando de lugar e formando uma figura assustadora.

Essa história é mágica, pois o seu enredo traz a mensagem de valores que precisam ser resgatados: cooperação e pertencimento. A união de cada um para a construção do coletivo: princípio básico para uma convivência pacífica.

Essa convivência harmoniosa exige princípios, como: sinceridade, paciência, doação, sensibilidade - que contribuem para o amadurecimento pessoal e coletivo. Conviver é reconhecer a presença do outro procurando compreender que a diversidade aponta caminhos na construção de uma convivência onde igualdade e diferença não são pólos opostos, mas complementares.
Aprendi muito por onde passei... E trago comigo experiências que só o tempo reconhecerá. Esse é o maior valor de um ser humano.

Viajei de livro em livro, de porta em porta para conquistar um pequeno espaço. E nessa qualificação sempre se trás, o sorriso espontâneo dos alunos, pequenos sucessos e pequenas alegrias por ter feito parte de suas vidas.

Quando se tem princípios e valores agregados ao trabalho, você trás consigo pessoas inesquecíveis. Creio que a educação ainda será moeda de troca nesse mundo tão diverso de intenções, onde a crença será o bem estar de todos, em detrimento de minhas convicções.


* Livro citado: Tá na Cara, autora Silvia Zatz, editora FTD.

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Uma aula via NET

Ontem tive uma bela aula via NET. O professor foi um rapaz com um pouco mais de 33 anos. Jovem para ter tanta experiência, admiração pelas letras e pelo controle dessa máquina. Sua especialidade: paciência! E agregou aos seus conceitos de jovem professor, que uma oportunidade de aprendizagem não se perde nunca. Não é à toa que com pouca idade faz assessoria em RH de diversas empresas. O conteúdo, seriamente escolhido e refinado sob o seu olhar. Olhar este que uma boa família lhe emprestou para o resto da vida.

Quando vamos para a primeira escola, levamos junto ao corpo, o nosso repertório de valores. E uma escola salutar é aquela que se une a família. Infelizmente, nem todas procedem dessa forma. Muitas competem entre si e com o imaginário do que seja uma “excelente” escola, se esquecendo que não formamos indivíduos excelentes sem excelentes pais, excelentes salários, excelentes asseguradores de argumentos políticos – pedagógicos.

Uma escola não vai bem ou mal por simples omissão do seu dirigente. Ela se perde pela falta de políticas públicas nobres de desejos e nobre de concretude.
Se você perguntar a alguém, que se diz sério na área educacional, como vai à escola, você ficará indignado com as respostas. Uma delas que ouço, e com certeza você também já ouviu falar, é a seguinte: Tudo na vida muda, menos a escola. E isso é verdade!!! É tão verdade quanto o fato das propostas que as escolas recebem serem levianas e descomprometidas.

Certa vez ouvi que nada melhor para o real crescimento de uma empresa que os valores éticos e sociais que esse indivíduo traz. Mas, você já parou pra pensar que isso tudo soa mal? Não lhe passa pela cabeça: estou sendo enganado?
Bem, não quero lhe causar arrepios. Mas infelizmente nada que é subjetivo é mensurável. Numa empresa você nunca é escolhido só pela sua boa formação ética. Normalmente, a sua formação em como “ganhar mais lucro” fica acima da média. O único local que reconheço que consegue misturar esses valores, ao ponto de brigar por seu objetivo primordial, que é formar cidadãos éticos e ricos de conhecimentos, é a escola, e por isso mesmo é desvalorizada.

Mas, também posso dizer que a educação está mudando o rumo. Com o avanço da tecnologia, com a velocidade que o conhecimento deixa de ser prioridade de alguns e passa a ser prioridade de muitos, mais se tira pessoas do anonimato e as incluem no mundo do “letramento virtual”.

Sei o quanto já passei para chegar onde estou. E me confesso pequena diante de tantas coisas por aprender. Nada mais significativo do que aprender sem pressão, com autoria, sem preconceito e com significado de mundo real. E vejo as escolas entupidas de saberes desconexo e sem utilidade. Isso tudo porque não conseguimos superar a imagem do que tínhamos e que temos como padrão, para ir à busca do que podemos ter. Essa é a grande superação!

A escola não admite que perdeu o seu espaço quando deixou que a linguagem televisiva fosse maior que a linguagem de um banco escolar. Perdeu ao receber as propagandas enganosas como se fossem troféus de bom comportamento. Perdeu por acreditar que a alegria de poucos poderia contaminar a muitos.

A escola se perdeu... E perdeu feio pra quem quer ainda resgatar a dignidade de se ter professores competentes e com bons salários. Se ainda posso crer em uma “salvação”, creio que deveríamos voltar aos bancos escolares, se permitindo que reciclar é dever de todos. Deveríamos ter alunos em escolas de horário integral, professores com bons salários e principalmente boas bibliotecas virtuais, com livre acesso a todos.

Assim, termino o meu relato de uma experiência única, sabendo que amanhã tudo pode acontecer e com certeza de forma bem diferente da vivência de hoje, porque na verdade no mundo virtual, o hoje já vivido é passado.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Dez mandamentos para economizar água


Colabore, adote o Uso Social da Água.


Evite o desperdício, seguindo os dez mandamentos.


1.No banho: se molhe, feche o chuveiro, se ensaboe e depois abra para enxaguar. Não fique com o chuveiro aberto. O consumo cairá de 180 para 48 litros.
2. Ao escovar os dentes: escove os dentes e enxágüe a boca com a água do copo. Assim você economiza 3 litros de água.

3. Na descarga: Verifique se a válvula não está com defeito, aperte-a uma única vez e não jogue lixo e restos de comida no vaso sanitário.

4. Na torneira: Uma torneira aberta gasta de 12 a 20 litros/minuto. Pingando, 46 litros/dia. Isto significa, 1.380 litros por mês. Feche bem as torneiras.

5. Vazamentos: Um buraco de 2 milímetros no encanamento desperdiça cerca de 3 caixas d’água de mil litros.

6. Na caixa d’água: Não a deixe transbordar e mantenha-a tampada.

7. Na lavagem de louças: Lavar louças com a torneira aberta, o tempo todo, desperdiça até 105 litros. Ensaboe a louça com a torneira fechada e depois enxágüe tudo de uma vez. Na máquina de lavar são gastos 40 litros. Utilize-a somente quando estiver cheio.

8. Regar jardins e plantas: No inverno, a rega pode ser feita dia sim, dia não, pela manhã ou à noite. Use mangueira com esguicho-revólver ou regador.

9. Lavar carro: Com uma mangueira gasta 600 litros de água. Só lave o carro uma vez por mês, com balde de 10 litros, para ensaboar e enxaguar. Para isso, use a água da sobra da máquina lavar roupa.

10. Na limpeza de quintal e calçada USE VASSOURA - Se precisar utilize a água que sai do enxágüe da máquina de lavar.


Nada mal... Que tal colaborarmos?

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Paisagens Educacionais...

A vida é uma paisagem que se renova a cada dia. Não muito diferente são as nossas escolas. Defini-las atualmente, é um desafio constante, entre uma fotografia em preto e branco ou as fotografias coloridas e cheias de efeitos especias. Isso depende da leitura que se faz de mundo.

Um dia entrei na escola dos meus sonhos. Criei raízes. Aprendi ser uma excelente profissional. Passei a organizar, disciplinar os meus impulsos e criar projetos sustentáveis numa sociedade nada sustentável. Sonhei e gritei o mais alto que pude, alertando a mim mesma do poder que tinha.Caminhei, fiz trilha, percorri quilômetros e me senti viva. Uma excelente escola lhe proporciona isso.

Voltei ao estágio inicial, e de repente parece que tudo foi em vão.O que me sobrou... Saudades dos amigos, dos profissionais competentes, do aluno cheio de curiosidade e principalmente do sabor de se ter uma educação de verdade.

Educação, palavra rica em significados. Nós aprendemos na escola o significado de se valorizar a cognição, a criatividade e a curiosidade de investigar o mundo que nos cerca. Educar é saber crer no óbvio, é ser porta-voz de uma cultura onde o ser é construído no caminhar. A vida nos recompensa a cada instante. A sua paisagem pode mudar, assim como o seu porta retrato pode ser mudado: de lugar, de paisagem e de laços. Insistir que nada se pode fazer é um equívoco.

A natureza humana nos diz: respeite a si próprio, a sua família e aos seus ancestrais que terás o melhor de si.
Afinal, a paisagem vai além do meu olhar, transpassa a minha janela de casa e vai além dos meus sonhos. Ela muda através do tempo, pelas estações, pela existência de algo maior do que as minhas dúvidas!

Portanto, vença o medo e siga em frente.
Você pode e eu posso!

Justo a Mim Me Coube Ser Eu


"Toda vez que minha avó paterna me dizia que o molde em que fui feita fora quebrado quando nasci, eu achava que ela estava me elogiando. Acreditava que somente eu era "única" no mundo. Aos poucos, fui percebendo meu engano.
Primeiro, porque, em vez de me tornar diferente, o fato de ser uma criatura única era o que me igualava a todos os seres humanos. Entendi que é parte da nossa condição humana sermos indivíduos exclusivos. Dela ninguém escapa.
Em segundo lugar, porque essa exclusividade - recebida com meu nascimento - não me foi dada assim de mão beijada. Nem veio pronta nem tinha um manual. Ela se parece com aquelas massinhas de modelar que, quando a gente ganha, ganha só a massa, não a forma, e o resultado é sempre o fruto de um longo processo de faz e desfaz.

Cedo percebi que jamais teria sossego e que teria muito trabalho. Típico presente de grego, uma armadilha. Encontrei eco para o meu espanto nas palavras de Mafalda, a famosa personagem de Quino, o cartunista argentino, no momento em que ela diz:"Justo a mim me coube ser eu!". Ser quem só a gente mesmo pode ser é quase uma desolação. Quem eu sou e deverei ser?
Minha individualidade é um mistério.

Quantas vezes eu não preferi ser outra pessoa! Se não, pelo menos pensei se não seria melhor ter nascido em outra família, em outra época, com outra situação financeira, outra cara, outro corpo, outro temperamento. Ainda mais porque, aparentemente, sempre soube resolver a vida dos outros muito melhor do que a minha própria.

Para ser sincera, quando penso que o meu "eu" está aberto, o que sinto mesmo é um grande alívio. Se eu tivesse nascido pronta, não teria conserto.
E se não houvesse remédio para os meus erros e uma chance para os meus fracassos? e se eu não pudesse mudar de ponto de vista, de gosto, de planos, de opinião? E se eu não tivesse escolhas nem alternativas?

Mas também vejo um lado sombrio em ser um projeto aberto: o de nunca ter certeza, sobretudo de antemão, de ter tomado a atitude certa, de ter feito a escolha mais apropriada - aquela em que não me traio. Quando percebo que um gesto qualquer vai afetar o meu destino, sinto medo, angústia, suo frio, tenho vertigens, adoeço. Aí, a tentação de pegar carona na escolha dos outros ou no estilo de vida deles é grande, mas minha alma grita que não vai dar certo e me lembra que o meu molde foi quebrado, que ele é exclusivo.

Levei muito tempo para entender que minha exclusividade não está simplesmente em mim, na minha cor de olhos ou nos meus talentos mais especiais. Ela está sempre lançada adiante de mim como um desafio, como um destino a que tenho de desafio, como um destino a que tenho de chegar, como uma história que tem de ser vivida. Minha exclusividade - eu mesma - virá apenas quando eu puder afirmar que a história que vim realizando só eu - e ninguém mais - poderia tê-la vivido.

É a isso que a personagem Amparo, no filme de Almodóvar "Tudo Sobre Minha Mãe", se refere quando afirma que ela é tanto mais autêntica quanto mais perto estiver daquilo que projetou para si mesma. Fala com orgulho e alegria, revelando, assim, que desvendou o mistério que envolve o problema de ser quem somos : autenticar nossa biografia. Avalizá-la.

Onde estou, senão no rastro da história que venho deixando atrás de mim, naquilo que vim fazendo e dizendo? Onde estou, senão nessa biografia que realizo e atualizo a cada instante por meio das minhas decisões e do meu empenho?

Hoje não importa mais se sou diferente dos outros, mas se faço alguma diferença neste mundo."

DULCRE CRITELLI, professora de filosofia da PUC-SP, é autora dos livros "Educação e Dominação Cultural" e "Analítica de Sentido" e coordenadora do
Existentia - Centro de Orientação Estudo da Condição Humana