quinta-feira, 13 de maio de 2010

“ Palavras de Françoise Dolto”- psicóloga infantil

Seu conhecimento como psicanalista, cuja genialidade consistiu em levar os limites da intervenção psicanalítica até o primeiro dia de vida da criança, suas intuições terapêuticas, seu trabalho pedagógico voltado tanto para os pais quanto para os profissionais, seu combate em favor da "causa das crianças" fazem de Françoise Dolto (1908-1988) uma referência obrigatória na abordagem da primeira infância.
Uma das principais contribuições de Françoise Dolto foi a de reconhecer a criança, desde a mais tenra idade, como um sujeito de si mesma, de acordo com a psicanálise, que considera o paciente como sujeito de seus desejos inconscientes.

"Nosso papel como psicanalista, dizia, não é o de desejar algo para alguém, mas de ser aquele graças a quem ele pode chegar até seu desejo."


Como médica que desenvolveu uma cura analítica, ela escutava portanto pessoas de verdade, considerando que as crianças de um ano dispõem, à sua maneira, de uma plena inteligência das coisas. Ao fazer isso, ela as retirava do status social de infantes, etimologicamente os que não têm direito à palavra. "É escandaloso para o adulto, dizia ainda, que o ser humano no estágio da infância seja seu igual."
Para Freud, o sonho, mas também todo sintoma patológico, é uma linguagem a ser decifrada. Para Françoise Dolto, o ser humano é um ser de linguagem, antes mesmo de saber falar. No ventre da mãe, no feto, a função simbólica já está sendo operada. Essa certeza permitiu-lhe escutar e ouvir o que faz sentido para o corpo do bebê.
Para sua grande surpresa, ela descobriu que uma palavra dirigida a um recém-nascido que ainda não fala pode ter efeitos terapêuticos. Foi por isso que sempre sugeriu aos pais que falassem com a criança de tudo o que lhes dissesse respeito, de "falar a verdade", desde o seu nascimento.

Porque o pior para um ser humano é o que fica privado de sentido: o que não passou pela linguagem.

Para Françoise Dolto, a concepção é um encontro a três e não apenas a dois: "Sozinha, cada criança se dá a vida pelo desejo de viver."

O fato de o embrião viver e a mãe não o abortar comprova que há um desejo compartilhado de vida. Desde o momento da concepção, o feto é portanto, um ser humano em desenvolvimento. Ele está em comunicação inconsciente com a mãe.

Os estados emocionais desta, assim como os acontecimentos que ocorrerem, marcam a sua vida psicológica. Uma mãe que "esquece" que está grávida pode dar à luz uma criança que se revelará mais tarde psicótica.

Ajudar a criança a crescer .


Françoise Dolto descreve o desenvolvimento da criança como uma série de "castrações": umbilical com o nascimento, oral com o desmame, anal quando começa a andar e aprender a usar o banheiro. A cada vez, a criança deve separar-se de um mundo para se abrir a um mundo novo. Cada uma dessas castrações é uma espécie de provação da qual a criança sai mais crescida e humanizada. A responsabilidade dos pais é ajudá-la a superá-las com sucesso.

Com o corte do cordão umbilical, o bebê renuncia ao estado de fusão com a mãe e ganha o mundo aéreo.

O aleitamento ou a mamadeira não representam apenas a satisfação de uma necessidade alimentar, porque o recém-nascido também é um ser de desejos próprios.

Ele é também um momento de contato corporal e de comunicação. É por isso que "precisamos castrar a língua do mamilo para que a criança possa falar", declara Françoise Dolto.

Ao renunciar ao seio e ao leite, o bebê renuncia novamente a um estado de fusão com a sua mãe. Com a distância e a liberação da boca, ele adquire a possibilidade de falar. Nessa época, mais ainda do que qualquer outra, a mãe deve dar à criança um banho de linguagem.
Com o caminhar, a criança afasta-se da mãe para descobrir o espaço. É necessário mais uma vez que ela não tenha rédeas nessa primeira autonomia.

O aprendizado do uso do banheiro deve ser feito quando a criança já adquiriu controle muscular suficiente, e não em uma idade pré-estabelecida e por constrangimento.

Nesse período, os pais começam a apresentar proibições para proteger a criança, e a primeira lei é a de não prejudicar outras pessoas e de não matar.

Se o fazem de maneira sádica, ou seja, apenas opressiva, não ensinam à criança a transformar seus impulsos agressivos em desejos socializados.

Ao longo da vida, esses impulsos apenas repelidos serão descarregados na primeira oportunidade, com uma crueldade sempre infantil.

Fonte: http://entrevista.2004.francoiasedolto

P.S. Para quem atua em psicopedagogia, é importante ler: "A criança do espelho', da Françoise Dolto.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

“Mãos que tocam a alma"- Sandra Celano

Ler esse livro foi um presente nesses dias mais frios. Como ele aquece o coração... Acredito que este seja uma excelente leitura, independente de seu credo. Confiram!

Natalícia


As Mãos Que Tocam a Alma - Um Outro Jeito de Curar

Somos agentes de cura quando tocamos alguém com a intenção de estabelecer com a pessoa um contato real, que envolva sentimentos ternos e amorosos. Sendo amigo, amante, professor, terapeuta corporal, médico, tocando homem, mulher, criança, idoso ou jovem, podemos tocar sabendo dos poderes que têm nossas mãos e nossa pele para transmitir força, paz, proximidade, encontro e luz. Elas são veículos de energia, de informações e de saúde.

Tocar, dentro da abordagem muldimensional do Ser, que considera a coexistência entre corpo, emoções, mente e o espírito, inclui também tocar através dos olhos, de ouvidos atentos, sem julgamento e crítica, tocar através da presença silenciosa e da vontade de ver o outro superando seus desafios para conseguir ser mais feliz. Tocamos vibracionalmente, presentes fisicamente ou não. Como vimos no capítulo anterior, nossas intenções abrem caminhos profundos dentro de nós e dentro das pessoas com quem nos relacionamos, fazendo vibrar toda a rede que somos, afetando-nos mutuamente, até as entranhas de nossas células, afetando nossa bioquímica, a fisiologia e toda a estrutura de nosso organismo.

O toque amoroso pode ajudar a curar, possibilitando que o Ser (a dimensão que É), encontre manifestação nas relações e no entorno. Considero que muitas doenças, além dos reconhecidos fatores sociais, econômicos e educativos, surgem pela ausência quase absoluta de amor, pela carência de aconchego, de abraço, de embalo, de companhia. E quanto mais delicados, mais poderosos são estes contatos! Funcionam como restauradores da história emocional registrada corporalmente. Promovem grande liberação somatoemocional. Re-lembram o ser, do Ser que ele É, mas esqueceu. Restauram o fluxo de energia em todo o sistema, convidam a Consciência para cada célula, estimulando a inteligência orgânica. Unidos à respiração consciente, limpam imagens e liberam traumas, ajudando na desidentificação das fixações que se formaram nos primórdios do desenvolvimento.

Dermátomos são segmentos da pele mapeada segundo as raízes nervosas e as áreas do corpo que estas raízes enervam. Sempre que tocamos a pele, tocamos um dermátomo, o que dispara estímulos no nível cerebral, via impulso nervoso, eletrofisiológico, pois o toque atinge as terminações nervosas. No nível local, o toque atinge vasos sanguíneos, a superfície muscular, pequenas glândulas, superfícies celulares, estimulando a rede de informações conectadas pela química e pela fisiologia de receptores e transmissores, o que significa, conseqüentemente, o toque no organismo todo. A essência de quem oferece o toque entra em ressonância com a essência de quem é tocado, disparando ondas de transformações em todo o corpo, restabelecendo o fluxo da energia.

Há quem tire dores com as mãos; há quem agrida com a simples presença. As mãos, associadas a intenções, são como bisturis que expõem aquilo que há de mais belo em nós: nossa dimensão divina, colorida e expansível – o campo de repouso e paz, aquele estado de entrega que nos permite ver a nós mesmos e a tudo que nos cerca a partir de uma ótica interior mais profunda e descontaminada da cultura, menos condicionada e mais clara. Erguem-se as cortinas de um universo luminoso, como se tivéssemos um telescópio especial que aproxima de nosso olhar íntimo, o cosmos contido em nosso próprio ser.

Tocados com tal qualidade, o dentro e o fora perdem suas fronteiras. Tornamo-nos pura luz e leveza. Abandonamo-nos à paz, à confiança, ao fortalecimento e à fé. Neste estado, nada precisamos buscar, estamos de volta ao seio nutridor da vida. Felizes aqueles que aprendem desde cedo a desgenitalizar a carícia! E se abrem ao toque, à massagem, ao encontro vivo.

O toque desaprisiona e liberta, revive e ressuscita; traz de volta a criança que transcende aquela que em nós aprendeu a esconder a dor – a criança divina, a personalidade primária. O toque acorda a alma, sensibiliza, ameniza e conscientiza. O tocar e ser tocado solta a intuição acalmando preocupações, desembaraçando e aliviando a ansiedade. O prazer físico e psicológico que desejamos enfatizar aqui vai além do que já sabemos sobre o tema, exaustivamente explorado pelas linhas antiestresse, e pelas técnicas corporais tão comuns hoje em dia. São amplas as possibilidades de cura emocional que o toque, as mãos, a ternura, o cuidado, a presença física ou a presença à distância possuem nas relações interpessoais e com o meio ambiente, dentro deste incrível universo multidimensional, em que ondas de energia se chocam ou se harmonizam o tempo todo; em que eventos passados, presentes e futuros estão todos mergulhados na treliça quântica – manifestos ou imanifestos para a visão material. Não faz diferença se estamos em família, na rua ou no trabalho, dormindo ou acordados. Estamos sempre em relação com as pessoas, com o meio ambiente e nele interferimos, assim como somos interferidos. Tudo interage com tudo e, nesta grande sopa, somos interdependentes.

Tal capacidade, a de nos comunicarmos a partir da qualidade amorosa e delicada, está latente em todos nós e precisa ser desenvolvida desde tenra idade. É muito mais difícil que, já adultos, tenhamos que vencer inibições, desfazer crenças distorcidas, aprender a chegar perto dos outros, dar e pedir carinho físico, sem sentir vergonha. Além da família, é função também da escola incluir a sensibilização da criança para o corpo, para a pele, para a consciência de que nossos sensores são, na realidade, amplificadores vibracionais e, assim sendo, traduzem, recebendo e emitindo sentimentos, emoções, pensamentos, intenções.

Nunca, porém, educadores preconceituosos, tímidos demais ou rigidamente controlados e controladores conseguirão, sem ajuda apropriada, ultrapassar estas dificuldades que os limitam na vida afetiva e profissional, esfriando suas trocas interpessoais, minguando suas possibilidades de auto-nutrição emocional. Precisam se empenhar na mudança de qualidade pessoal, para soltar a alma, as cores do sentimento, a alegria e a espontaneidade que facilitam a proximidade.

Os sentimentos de amor, as sensações de bem-estar, sensações de conexão e inclusão podem ser despertados através da contemplação da beleza e do poder imanente em toda a natureza. A sensação física de sentir bem interage, como já vimos, com a sensação de bem estar emocional e mental, com a saúde psicológica e a felicidade. Neste ponto é bom lembrarmos das endorfinas, substâncias químicas produzidas naturalmente por nossos organismos, com propriedades analgésicas e entorpecentes e, por isto, ligadas ao prazer. São morfinas naturais. Aliviam as dores e produzem sensações de euforia. São secretadas em profusão e associadas ao sentimento de conexão cósmica quando ocorrem experiências espirituais profundas. As endorfinas são responsáveis pela euforia de atletas durante exercícios contínuos, assim como saturam nosso corpo quando fazemos amor e atingimos o clímax sexual. Sempre que nos proporcionamos prazer, uma cascata de endorfinas circula e sua função é remover estresse e dor. Elas bloqueiam as respostas dolorosas do sistema nervoso, relaxando tecidos, facilitando a circulação de anticorpos, regulando e curando. É por isso que, sob estresse, tristeza, preocupações, ansiedades, mágoa, ódio, depressão, pressões familiares, preocupação com dívidas, ambição desmedida etc, afetamos a capacidade protetora de nosso sistema imunológico e nos expomos às doenças; não produzimos endorfinas em fluxo suficiente e nos sentimos contraídos, desanimados, sem prazer, morto-vivos.

Podemos, então, produzir endorfinas deliberadamente, incluindo espaços no cotidiano para tudo o que nos trouxer prazer. Expandindo a compreensão de que há níveis diversos de prazer, que há prazeres físicos, prazeres emocionais, os prazeres da mente e os prazeres espirituais, podemos entender como muitas pessoas podem se sentir felizes se podem dedica-se a uma causa que lhes transcenda as limitações e problemáticas fundamentais de suas vidas. Transcender o próprio umbigo, comunicar-se, ajudar, ser ajudado, olhar para novos horizontes, aprender a pedir, a receber e a dar são fontes estimuladoras da produção de endorfinas. Não podemos esperar que cheguem grandes mudanças exteriores que nos proporcionem prazer. Nem podemos viver com qualidade, sem nos banharmos no oceano de endorfinas que somos capazes de produzir, se não nos permitimos, por exemplo, o ócio criativo, o café quântico (momentos mágicos de insight ao se saborear um cafezinho), o silêncio de pensamentos e de emoções confusas, se não criamos o hábito da meditação, se não buscamos dar e receber massagens, se não nos sensibilizamos para contemplar a beleza, se não nos tornamos ternos e amorosos com nossos familiares, amigos, alunos, pacientes, companheiros de trabalho. Muitas intuições, idéias novas, mudanças de rota surgem nestes momentos que estimulam e abrem passagem para que a Consciência se manifeste.

Podemos nos sentir conectados ao mistério universal através de atividades corriqueiras, se presentes e conscientes, se respirando a beleza, a criação, a vida. Nossas mudanças pessoais e nossa espiritualização terão mais sustentabilidade e receberão combustível se criarmos as circunstâncias corretas para que sejamos banhados por cascatas destas substâncias químicas naturais. Estar sem pressa, mesmo correndo, permitir que a gratidão inunde a alma, que o olhar e o ouvir se humanizem, que a pele acorde e se arrepie de emoção, que o coração se extasie, que as palavras denunciem os sentimentos, que o corpo seja flexível e a gratidão se apresente. Isto é Conexão!

William Bloom, em seu livro "The Endorfin Effect" (Editora Piatkus-Londres), diz que "criar e trabalhar conscientemente com estes momentos de conexão é exercitar o que deveríamos chamar de nossos músculos espirituais e nossa inteligência espiritual. Qual o significado dado aqui para espiritual? Simplesmente significa toda realidade e dimensão que é maior, mais criativa, mais amorosa, mais poderosa, mais visionária, mais sábia, mais misteriosa que a materialista existência humana cotidiana". Por estarmos sempre tensos e defendidos, bloqueamos a produção das endorfinas, o que dificulta a vivência destes estados. Relaxando a mente e o corpo através de práticas corporais, de cuidados, de lembranças agradáveis, de meditações, da música etc, nosso coração se abre e um fluxo amoroso e compreensivo acontece, dulcificando nossas relações, serenizando nossas palavras, derretendo, enfim as armaduras que nos limitam. Endorfinas são tradutores vibracionais no nível físico, daquilo que vem do self, da fonte essencial em nós e jorram, à medida que o corpo descongela a rigidez defensiva e se entrega à sensibilidade dos campos ondulantes de beleza e de maravilhamento diante das pessoas e da vida. Estes campos estão sempre aqui, disponíveis para nós sempre que desejarmos e nos colocarmos na condição adequada para com eles nos sintonizarmos. Somos um instrumento que só tocará a música da alma se o coração estiver devidamente afinado. E este trabalho é nosso! Mãos que tocam a alma são mãos que aprendem a tocar com a delicadeza de pena de passarinho novo, como gosto de dizer. Experimente dar e receber este tipo de toque. Toque com o coração. Toque com o coração em cada mão. Perceba o poder de restauração que isto possui, a força para acender a chama da vida no corpo e harmonizar as emoções. Que a vergonha de tocar saia de suas mãos e liberte a graça e a suavidade em sua pele, em seu olhar, em seus ouvidos, em suas palavras. Este é um outro jeito de curar e construir solidariedade.


Fonte: livro: Mãos que tocam a alma, editora, Triom, RJ. Sandra Celano

domingo, 9 de maio de 2010

Te amo- Uma bela demostração de amor...

"Minha filha fortaleceu meu gosto pela vida, diz mãe cadeirante "



Segundo fisiatra, mulheres com lesão medular têm gravidez normal.
Elas contam como enfrentaram desafios na criação de seus filhos.

“Ser mãe cadeirante não é difícil. Difícil é ser mãe.” É assim que Carolina Ignarra, 31 anos, cadeirante desde os 22, define com naturalidade sua condição. Ela é mãe da pequena Clara, hoje com 4 anos.

“Sofri um acidente de moto em 2001 e tive uma lesão medular irreversível. Por isso fiquei paraplégica. Quando cheguei ao hospital de reabilitação, minha primeira grande dúvida era se poderia ter filhos. Sempre adorei crianças, dava aulas de natação para bebês”, diz Carolina, que se formou em educação física e hoje é consultora de inclusão.

A resposta positiva que Carolina teve de seu médico sobre a possibilidade de ser mãe vale, de forma geral, para toda mulher com lesão medular. “Ela pode manter relações sexuais, engravidar, parir e amamentar normalmente. É claro que existem particularidades, alguns cuidados especiais que devem ser tomados, mas a gravidez é natural. A lesão restringe a mobilidade, mas a mulher não está impedida de ter inclusive um parto normal”, diz Therezinha Rosane Chamlian, fisiatra da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e diretora do Lar Escola São Francisco, em São Paulo.

Carolina viveu com naturalidade essa etapa importante de sua vida, mas conta que as mães que não são cadeirantes têm curiosidade sobre a deficiência. “Sempre digo que é mais difícil ser mãe do que ser mãe cadeirante. As dificuldades que encontramos na maternidade são o entrosamento com o marido, ter certeza do que está certo ou errado e os valores que vamos deixar para os nossos filhos. Minhas dificuldades são as mesmas que as de outras mães.”

Particularidades
Depois de uma lesão medular, segundo Therezinha, a mulher passa por uma fase de choque medular, que pode durar dias, semanas e até meses. Neste período, ela sofre com a ausência de menstruação, causada pelas alterações hormonais consequentes da lesão medular. “Passada essa fase, a mulher volta a menstruar, o ciclo se normaliza e ela está apta a engravidar”, afirma a fisiatra.

À medida que a gravidez evolui, a barriga cresce, o peso aumenta e a mulher cadeirante tem uma redução ainda maior na mobilidade. “Ela terá os sintomas comuns da gravidez, como cansaço, inchaço, e, além de fazer seu pré-natal com um obstetra, recomenda-se que a mãe cadeirante seja acompanhada por um fisiatra.”
O fisiatra, trabalhando em parceria com o obstetra, vai ajudar a resolver problemas mais comuns em mulheres cadeirantes, como rigidez nas pernas, aumento do risco de feridas na pele, risco de trombose e infecções urinárias.

Realização
Carolina se diz tão especial quanto qualquer outra mãe, mas, por muitas vezes teve que enfrentar desafios diferentes. “Quando eu e meu marido decidimos ter um filho, conversamos com meus pais e pedimos para ficar o primeiro ano da criança na casa deles. Não sabia como seria cuidar do bebê. Tinha medo”, conta.
Os pais de Carolina apoiaram a ideia, e aí começou o aprendizado. Quando Clara completou 1 ano, e já andava, Carol e o marido se mudaram para a própria casa. “No começo, o banho foi muito difícil, mas fizemos com que esse momento fosse da Clara com meu marido.”
Cleide Souza, 49 anos, foi mãe solteira e teve que enfrentar sozinha alguns momentos difíceis na criação do filho. Ela era jogadora de basquete na adolescência e, ao trincar a coluna, aos 17 anos, teve uma lesão medular que paralisou suas pernas. “Sempre quis ter um filho, foi meu grande sonho, e minha deficiência não me impediu. Hoje meu filho está com 16 anos”, diz.
A gravidez, segundo Cleide, não teve problemas. "Minha primeira grande dificuldade foi quando meu filho começou a andar. Ele saía correndo e eu não conseguia segui-lo. Mas Deus vai mostrando os caminhos.”
Cleide aprendeu a controlar o filho com muita conversa e “olho no olho”, mesmo quando Waltinho tinha apenas 2 anos. E a criança se adaptou.
Clara também se adaptou e lida com naturalidade com a deficiência da mãe, Carolina. “Na primeira festa da escola a que fui, tive receio de como seria recebida. Mas Clara trata minha deficiência com muita naturalidade, admira, conta para os amigos que a mãe anda em uma cadeira de rodas, então foi mais fácil. Ela é uma criança madura e me iguala na sociedade. As crianças não enxergam a diferença como algo ruim.”

Sentido da vida
Ser mãe é uma realização de muitas mulheres. E para Carolina, com ou sem deficiência, a conquista é igual. “É um amor incondicional. Eu vivo uma deficiência e a aceitação inicial é sempre difícil, mas minha vida ganhou muito mais sentido com a chegada da Clara. Se passou pela minha cabeça não ser feliz por causa da cadeira de rodas, isso não passa mais. Ela fortalece meu gosto pela vida”, afirma.
“Sem dúvida, meu filho foi uma grande força para mim. Nesses anos todos, quando vinha o desânimo, a vontade de parar, eu sabia que ele dependia de mim, e por isso eu tinha que ter coragem. De repente você não sente mais dor, não sente vontade de desistir. Ele é a razão da minha luta”, diz Cleide.

Fonte:http://g1.globo.com/especiais/dia-das-maes/noticia/2010/05/minha-filha-fortaleceu-meu-gosto-pela-vida-diz-mae-cadeirante.html