sábado, 19 de setembro de 2009

"Siga o Amor"

Quando o amor acenar, siga-o ainda que por caminhos ásperos e íngremes.
E quando suas asas o envolverem, renda-se a ele ainda que a lâmina escondida sob suas asas possa feri-lo.
Pois, se o amor coroa, ele também o crucifica.
E quando ele falar a você, acredite no que ele dizia ainda que sua voz possa destroçar seus sonhos, assim como o vento norte devasta o jardim.
Se o ajuda a crescer, também o diminui.
Se o faz subir às alturas e acaricia seus ramos mais tenros que tremem ao sol,também o faz descer às raízes e abala sua ligação com a terra.
Como os feixes de trigo, ele o mantém íntegro.
Debulha-o até deixá-lo nu.Transforma-o, livrando-o de sua palha.
Tritura-o, até torná-lo branco.
Amassa-o, até deixá-lo macio e, então, submeta-o ao fogo para que se transforme em pão no banquete sagrado de Deus.
Todas essas coisas pode o amor fazer para que você conheça os segredos de seu coração e, com esse conhecimento,se torne um fragmento do coração da vida.
Khalil Gibran

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

"Aprendo porque amo"

Recordo a Adélia Prado: “Não quero faca nem queijo; quero é fome”. Se estou com fome e gosto de queijo, eu como queijo… Mas e se eu não gostar de queijo? Procuro outra coisa de que goste: banana, pão com manteiga, chocolate… Mas as coisas mudam de figura se minha namorada for mineira, gostar de queijo e for da opinião que gostar de queijo é uma questão de caráter. Aí, por amor à minha namorada, eu trato de aprender a gostar de queijo.

Lembro-me do filme “Assédio”, de Bernardo Bertolucci. A história se passa numa cidade do norte da Itália ou da Suíça. Um pianista vivia sozinho numa casa imensa que havia recebido como herança. Ele não conseguia cuidar da casa sozinho nem tinha dinheiro para pagar uma faxineira. Aí ele propôs uma troca: ofereceu moradia para quem se dispusesse a fazer os serviços de limpeza.

Apresentou-se uma jovem negra, recém-vinda da África, estudante de medicina. Linda! A jovem fazia medicina ocidental com a cabeça, mas o seu coração estava na música da sua terra, os atabaques, o ritmo, a dança. Enquanto varria e limpava, sofria ouvindo o pianista tocando uma música horrível: Bach, Brahms, Debussy… Aconteceu que o pianista se apaixonou por ela. Mas ela não quis saber de namoro. Achou que se tratava de assédio sexual e despachou o pianista falando sobre o horror da música que ele tocava.

O pobre pianista, humilhado, recolheu-se à sua desilusão, mas uma grande transformação aconteceu: ele começou a frequentar os lugares onde se tocava música africana. Até que aquela música diferente entrou no seu corpo e deslizou para os seus dedos. De repente, a jovem de vassoura na mão começou a ouvir uma música diferente, música que mexia com o seu corpo e suas memórias… E foi assim que se iniciou uma estória de amor atravessado: ele, por causa do seu amor pela jovem, aprendendo a amar uma música de que nunca gostara, e a jovem, por causa do seu amor pela música africana, aprendendo a amar o pianista que não amara. Sabedoria da psicanálise: frequentemente, a gente aprende a gostar de queijo por meio do amor pela namorada que gosta de queijo…

Isso me remete a uma inesquecível experiência infantil. Eu estava no primeiro ano do grupo. A professora era a dona Clotilde. Ela fazia o seguinte: sentava-se numa cadeira bem no meio da sala, num lugar onde todos a viam — acho que fazia de propósito, por maldade —, desabotoava a blusa até o estômago, enfiava a mão dentro dela e puxava para fora um seio lindo, liso, branco, aquele mamilo atrevido… E nós, meninos, de boca aberta… Mas isso durava não mais que cinco segundos, porque ela logo pegava o nenezinho e o punha para mamar. E lá ficávamos nós, sentindo coisas estranhas que não entendíamos: o corpo sabe coisas que a cabeça não sabe.
Terminada a aula, os meninos faziam fila junto à dona Clotilde, pedindo para carregar sua pasta. Quem recebia a pasta era um felizardo, invejado. Como diz o velho ditado, “quem não tem seio carrega pasta”… Mas tem mais: o pai da dona Clotilde era dono de um botequim onde se vendia um doce chamado “mata-fome”, de que nunca gostei. Mas eu comprava um mata-fome e ia para casa comendo o mata-fome bem devagarzinho… Poeticamente, trata-se de uma metonímia: o “mata-fome” era o seio da dona Clotilde…


Ridendo dicere severum: rindo, dizer as coisas sérias… Pois rindo estou dizendo que frequentemente se aprende uma coisa de que não se gosta por se gostar da pessoa que a ensina. E isso porque — lição da psicanálise e da poesia — o amor faz a magia de ligar coisas separadas, até mesmo contraditórias. Pois a gente não guarda e agrada uma coisa que pertenceu à pessoa amada? Mas a “coisa” não é a pessoa amada! “É sim!”, dizem poesia, psicanálise e magia: a “coisa” ficou contagiada com a aura da pessoa amada.

Minha avó guardava uns bichinhos que haviam pertencido a um filho que morrera. Guardo um peso de papel, de vidro, que pertenceu ao meu pai. E os apaixonados guardam uma peça de roupa da pessoa amada e a colocam sobre o travesseiro, ao dormir… Mesmo depois de ela ter morrido. É como se, por meio daquela “coisa” que não é a pessoa amada, fosse possível tocar e acariciar a pessoa amada, ausente.

Pois o mesmo mecanismo acontece na educação. Quando se admira um mestre, o coração dá ordens à inteligência para aprender as coisas que o mestre sabe. Saber o que ele sabe passa a ser uma forma de estar com ele. Aprendo porque amo, aprendo porque admiro. Sabendo o que ele sabe eu carrego a sua pasta, como o “mata-fome”, faço amor com ele.

Lamento dizer isso: tive poucos mestres que admirasse. Lembro-me de um que admiro até hoje, embora já se tenham passado mais de 50 anos: Leônidas Sobrinho Porto. Professor de literatura, nunca nos atormentou com informações sobre nomes e escolas literárias. Ele sabia que não aprenderíamos. Mas quando ele se punha a falar, era como se estivesse possuído. Falava com tal paixão sobre as grandes obras literárias que era impossível não ser contagiado. Eu o admirava porque nele brilhava a beleza da literatura, “queijo” de que eu não gostava. Ele me fez amar a literatura.

A dona Clotilde nos dá a lição de pedagogia: quem deseja o seio, mas não pode prová-lo, realiza o seu amor poeticamente, por metonímia: carrega a pasta e come “mata-fome”…
Rubem Alves, 65, é educador, psicanalista e escritor. Está escrevendo uma história pedagógica: Pinóquio às avessas, que conta a história de um menininho que nasceu de carne e osso e, ao receber o diploma da universidade, virou um boneco de pau.



Rubem Alves
Site - www.rubemalves.com.br

" Educação enferruja por falta de uso"


Existe uma coisa difícil de ser ensinada e que, talvez por isso, esteja cada vez mais rara: a elegância do comportamento.É um dom que vai muito além do uso correto dos talheres e que abrange bem mais do que dizer um simples obrigado diante de uma gentileza.


É a elegância que nos acompanha da primeira hora da manhã até a hora de dormir e que se manifesta nas situações mais prosaicas, quando não há festa alguma nem fotógrafos por perto.É uma elegância desobrigada.É possível detectá-la nas pessoas que elogiam mais do que criticam.Nas pessoas que escutam mais do que falam.


E quando falam, passam longe da fofoca, das pequenas maldades ampliadas no boca a boca.É possível detectá-la nas pessoas que não usam um tom superior de voz ao se dirigir a frentistas, por exemplo.Nas pessoas que evitam assuntos constrangedores porque não sentem prazer em humilhar os outros.


É possível detectá-la em pessoas pontuais.Elegante é quem demonstra interesse por assuntos que desconhece, é quem presenteia fora das datas festivas, é quem cumpre o que promete e, ao receber uma ligação, não recomenda à secretária que pergunte antes quem está falando e só depois manda dizer se está ou não está.Oferecer flores é sempre elegante.


É elegante não ficar espaçoso demais.É elegante você fazer algo por alguém, e este alguém jamais saber o que você teve que se arrebentar para o fazer… porém, é elegante reconhecer o esforço, a amizade e as qualidades dos outros.É elegante não mudar seu estilo apenas para se adaptar ao outro.É muito elegante não falar de dinheiro em bate-papos informais.


É elegante retribuir carinho e solidariedade.É elegante o silêncio, diante de uma rejeição…Sobrenome, jóias e nariz empinado não substituem a elegância do gesto.Não há livro que ensine alguém a ter uma visão generosa do mundo, a estar nele de uma forma não arrogante.É elegante a gentileza.Atitudes gentis falam mais que mil imagens…


Abrir a porta para alguém é muito elegante…Dar o lugar para alguém sentar… é muito elegante…Sorrir, sempre é muito elegante e faz um bem danado para a alma…Oferecer ajuda… é muito elegante…Olhar nos olhos, ao conversar é essencialmente elegante…


Pode-se tentar capturar esta delicadeza natural pela observação, mas tentar imitá-la é improdutivo.A saída é desenvolver em si mesmo a arte de conviver, que independe de status social:Se os amigos não merecem uma certa cordialidade, os desafetos é que não irão desfrutá-la.



Adaptação de texto extraído do Livro: “Educação enferruja por falta de uso” do pintor francês, Henri Toulouse Lautrec (1864-1901).


Blog: ensinantes do presente

Clean Up the World


FONTE : (ClicRBS, 16/09/2009)

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

O medo não pode ser um estilo de vida por Roberto Shinyashiki

Viver preocupado e inseguro não pode ser uma opção de vida.

Você já notou como o mundo está repleto de medo? As angústias estão mais presentes na vida das pessoas do que sua própria sombra. Muita gente vive em um estado de apreensão constante, como se viver fosse um peso a ser carregado a cada dia.

A insegurança é, provavelmente, a pior das doenças da humanidade. Não estou falando daquele medo saudável, que nos leva a ser cautelosos e a proteger a nós mesmos. Mas, sim, daquele medo irracional que muitas vezes fica tão grande que nos paralisa.

O medo de amar e não ser amado, intensificado por fantasias derrotistas, impede que você se lance à mais bela de todas as aventuras do ser humano: viver um grande amor.

O medo de não suportar as dificuldades à sua frente o impede de viver plenamente a vida.

O medo de não conseguir aquele emprego nos faz nervosos durante os testes e as entrevistas, pondo tudo a perder.

O medo de não fechar um negócio faz com que você nem ao menos marque a reunião com um cliente potencial.

O medo de viajar de avião faz com que você não consiga comprar a passagem aérea enquanto seus amigos vão se divertir.

A cara feia de uma amiga na hora do almoço logo se torna um exercício de tortura, pois você fica tentando imaginar o que a teria levado a se comportar daquela maneira. ("Será que teria a ver com algo que eu tenha feito?")

Quando o medo está presente no seu coração, você fecha todas as suas portas para o amor, pois a insegurança faz com que a solidão seja mais suportável do que ver um novo amor terminando.

Muitas pessoas vão para seus encontros afetivos com tanta apreensão que qualquer coisa em seu caminho se transforma em motivo para desistência. Tem gente que, quando sai com alguém com quem está envolvida, tem de escutar sua mente repetir muitas vezes: "Eu sei que não dará certo".

Um vendedor vai para uma reunião de negócios com a mente repetindo muitas vezes: "Eu sei que não dará certo".

Um estudante vai para a prova com uma voz interior dizendo: "Eu sei que não dará certo".

E adivinha o que acontece: acaba não dando certo mesmo!

O medo, aquela emoção natural de cuidado, de proteção, de atenção com o que pode apresentar riscos reais, atualmente está se transformando em uma paranoia sem limites.

O medo da violência nas ruas transforma-se em assombrações grandiosas, e as pessoas portam-se como crianças assustadas. Já não distinguem a realidade da fantasia e tudo as assusta. Muitos adultos passam a ter medo de coisas tão imaginárias quanto o bicho-papão. São adultos agindo como crianças indefesas, apavorando-se em plena luz do dia, pensando que seus medos são verdadeiros.

Muitas vezes, vejo terapeutas atuando com o objetivo de tranquilizar adultos que agem como crianças com medo do escuro. Vejo adultos pedindo ajuda a esses profissionais para adquirir coragem de ir à festa da empresa porque têm medo de que algo dê errado.

Para muitas pessoas, o medo atua como um microscópio que amplifica as dificuldades e que, muitas vezes, distorce um acontecimento simples, dando-lhe o aspecto de uma desgraça de enormes proporções.

Um homem inseguro é capaz de imaginar a esposa fiel como a pior das adúlteras.

Um chefe assustado pode interpretar o interesse do funcionário em participar de um congresso como um sinal de que ele está procurando outro emprego - ou até mesmo de que queira tomar o seu lugar. Resumindo: o medo faz com que interpretemos fatos simples como se fossem inimigos monumentais.

Viver inseguro tornou-se um estilo de vida. Mas isso não tem necessariamente de acontecer.


Fonte: uol.com.br

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Vista a camisa da Educação!

Caros Amigos
Sou testemunha desse desrespeito ao educador. Faço parte dessa categoria por 28 anos e não vi até hoje nenhum governador cumprir o que realmente prometeram. Espero que a população não se iluda e olhem com respeito e admiração aqueles que ensinam os seus filhos. Junte-se a nossa palavra, só ela nos conduzirá para dias melhores. Grata.

Carta aberta a população do Estado do Rio de Janeiro – Vista a camisa da Educação!


Carta aberta a população do Estado do Rio de Janeiro – Vista a camisa da Educação!Nós, professores servidores do Estado do Rio de Janeiro, escrevemos esta carta aberta à população do Rio de Janeiro para mostrar aquilo que realmente envolve a questão a incorporação da gratificação chamada Nova Escola e a diminuição do nosso plano de carreira.A princípio, não foi dito o valor do salário do professor estadual, que é de apenas R$ 607,26.
A população deve imaginar que recebemos alguma ajuda extra, como vale transporte, vale refeição, que qualquer empresa é obrigada a pagar a seu funcionário. Porém, não é isso o que acontece: não recebemos estes benefícios que são direitos de todo o trabalhador e ainda temos o desconto previdenciário de 11%, recebendo um salário líquido de aproximadamente R$ 540,00.
O Governo faz propagandas na televisão dizendo que deu laptops para todo professor, mas na verdade, estes laptops foram adquiridos pelo sistema de comodato, ou seja, estes equipamentos são emprestados pelo governo que, quando bem entender, pode pedir os mesmos de volta.Atualmente, observamos a climatização das salas de aula, onde o Governo aluga os aparelhos e ainda terá um consumo absurdo de energia elétrica, gerando consumo de energia bastante elevado.A incorporação do Nova Escola se dará até 2015, em 7 parcelas.
O governador já se considera reeleito. Existem casos de professores que receberão, no ano que vem, segundo este projeto, um aumento de R$ 2,47! Isso mesmo, talvez não dê para pagar uma passagem com o valor deste aumento em 2010.
Um outro ponto é o grande número de pedidos de exoneração de professores, estima-se que seja aproximadamente 30 por dia! Não existem condições de trabalho e isso nos incomoda.Contudo, o que mais nos deixa indignados, é a carta compromisso enviada aos nossos lares onde o mesmo governador empenha sua palavra e agora se esquece de tudo aquilo que prometeu. As promessas são:
Promessa 1- Reposição das perdas dos últimos 10 anos.Resultado- Reajuste de 4% e mais 8% de uma perda de mais de 70%.

Promessa 2- Manutenção do atual plano de carreira e inclusão dos professores de 40h.Resultado- Não só manteve o professor 40h de fora do plano como diminuiu as diferenças entre níveis de 12% para 7,5%.

Promessa 3- Fim da política da gratificação Nova Escola e incorporação do valor da gratificação ao piso salarial.Resultado- Esqueceu de avisar que seria em 7 anos e sem reposição da inflação.

Promessa 4- "A secretaria de Estado de Educação do meu governo terá como titular pessoa com histórico na área de educação e vínculos com o magistério."Resultado- A atual titular da pasta é da área de computação, burocrata sem passagem pelo magistério.Não somos ouvidos, e ainda vemos a imprensa nos virar as costas e distorcer a situação real. Somos pais e mães de família, que fizeram um curso superior, na esperança de um futuro melhor.
Contamos com a compreensão e a colaboração da população do Estado do Rio de Janeiro.Vista a camisa da Educação, você pode não ser professor, seu filho e sua família podem não precisar da Educação Pública, mas a nossa sociedade só vai melhorar com Educação Pública de qualidade Faça a sua parte, essa será uma verdadeira mudança na história da Educação no Estado do Rio de Janeiro, porém precisamos adequar a verdadeira realidade do magistério Estadual.Mande para os seus contatos e vamos mostrar a nossa força!!!!!!!Agradecemos imensamente a atençãoProfessores do Estado do Rio de Janeiro

A difícil arte de ser criança


Um colega, professor universitário, disse que não gostaria de ser jovem no mundo de hoje. Penso sempre nisso e concordo com ele. Agora, tenho a mesma maneira de pensar a respeito da criança. Como é difícil ser criança no mundo em que vivemos!
Nos primeiros anos de vida, quando deveria ser livre para brincar, para se relacionar com outras crianças -não necessariamente da mesma idade-, para explorar o mundo com liberdade, sem hora marcada e roteiro preestabelecido, ela precisa bancar uma vida ao modo do adulto e do que ela deverá se tornar no futuro.
Menores de seis anos têm agenda apertada a cumprir, obrigações dos mais variados tipos, preocupações dignas de adultos, escolarização precoce e tudo o mais. Pouco resta de tempo que possa ser usado para a coisa mais importante desse período: brincar sem compromisso. Não há espaço na vida delas para o ócio, veja só.
Depois dos seis anos, mais ou menos, a criança deveria se desenvolver: passar, progressivamente, a se responsabilizar por suas coisas, assumir compromissos, encontrar soluções para situações problemáticas próprias de sua vida, aprender. É o tempo de crescer, que coincide com o início do árduo aprendizado da leitura, da escrita e da aritmética. A vida na escola, que nesse momento representa o mundo para a criança, é, portanto, a situação privilegiada para que ela cresça. E não é que muitos pais têm atrapalhado os filhos em seu crescimento e, portanto, não têm deixado que isso ocorra?
Esses pais têm o que julgam ser um bom motivo: protegê-los de injustiças, sofrimentos, frustrações e problemas. Na verdade, impedem que eles cresçam. Crescer dói e, portanto, certos sofrimentos são inevitáveis.
Há pais que reclamam dos professores de seus filhos, por exemplo. Ora são considerados bravos em demasia, ora injustos em suas atitudes, ora rigorosos ou exigentes além da conta. Acontece que a criança dessa idade precisa aprender a lidar com as incompreensões do mundo, com as pequenas injustiças, com as exigências e cobranças a ela dirigidas, entre outras coisas. Crescer supõe construir mecanismos para fazer frente a essas situações.
Lembro-me de um trecho de um livro de Françoise Dolto -transcrição de um programa de rádio em que respondia a pais aflitos- em que a psicanalista sugeriu que a mãe, cujo filho se recusava a ir para a escola porque a professora era muito brava, dissesse a ele que, se a professora ensinava, não tinha importância se era brava. Esse é um modo de dizer que o filho não pode se recusar a crescer, que esse é seu destino.
Há pais que não querem que filhos dessa idade enfrentem dissabores e arquem com as consequências de seus atos. Permitem que drible os colegas ou a escola quando precisam prestar contas de alguma atitude ou dever. Há os que aceitam desculpas esfarrapadas para os mesmos erros repetidas vezes.
Precisamos ajudar essas crianças a crescer, a seguir em frente. Caso contrário, estaremos plantando um futuro infantilizado em suas vidas.

Categoria: Folha Equilíbrio
Escrito por Rosely Sayão