quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

" Sensibilidade à luz pode afetar o aprendizado"



Sinais de desconforto ao sol e iluminação artificial intensa podem revelar dificuldades nas atividades escolares, leitura, equilíbrio e fala.

Você sabe como está o desenvolvimento escolar e pessoal do seu filho? Observar o comportamento do aluno durante os estudos e as brincadeiras é a melhor forma de acompanhar e perceber como está sua evolução. Segundo a oftalmologista Dra. Márcia Guimarães, o desconforto ao sol, a utilização de régua ou dedo para acompanhar as linhas de um texto, o apoio da testa com as mãos durante a leitura, a procura constante por sombra para brincar e a distração no momento dos estudos são sinais de que as atividades não estão sendo aproveitadas integralmente.

"A exposição à luz solar ou à luminosidade intensa em diversos ambientes, como escritórios, escolas e supermercados, pode provocar, em diversos indivíduos, sensações de irritabilidade, ansiedade e fortes dores de cabeça. Isso acontece porque essas pessoas podem ser portadoras de hipersensibilidade a uma determinada freqüência de luz, já que percebem a luminosidade mais forte e brilhante que as demais pessoas", observa a médica.

Quando o sistema visual está comprometido, o aprendizado será afetado. Isso porque 85% de tudo que se aprende são informações recebidas pela visão. Possíveis problemas de aprendizagem não são detectados com o exame ocular tradicional. Para detectá-los em tempo hábil de não afetar o desempenho escolar, é necessário fazer exames e testes mais específicos que avaliam o processamento cerebral da visão. "O ideal é que a análise seja feita além do simples exame do olho, observando todo o processo visual do indivíduo. Isso porque é o cérebro o responsável pela visão. O olho é apenas a parte captadora da luz", explica Dra. Márcia Guimarães.

Nos casos em que a hipersensibilidade à luz (também conhecida como fotofobia) chega a afetar o aprendizado, pode ser diagnosticado caso de Síndrome de Irlen que, segundo a oftalmologista, afeta 20% da população. "Essa incidência é ainda mais elevada em portadores de déficits de atenção, dislexia, hiperatividade, entre outros problemas. Mesmo bons leitores, sem dificuldades de aprendizagem, podem ser portadores desta hipersensibilidade. Nesses casos, ela se manifesta pelas crises de enxaqueca, irritabilidade, ansiedade e redução da produtividade profissional", detalha. Fora do ambiente escolar e de escritório, esses sintomas também podem aparecer em lugares com neblina, chuva, mormaço e trânsito, com as luzes noturnas e dos faróis, uma vez que nesses casos a claridade é instável.

O tratamento no Hospital de Olhos Dr. Ricardo Guimarães é realizado por meio da utilização de filtros de absorção seletiva, que bloqueiam determinadas freqüências de luz que são especialmente agressivas para essas pessoas. O paciente é atendido por uma equipe multidisciplinar que envolve psicólogos, pedagogos, fonoaudiólogos e oftalmologistas para que todas as causas possíveis sejam avaliadas e excluídas restando, assim, a opção bem direcionada para os filtros. "Esses filtros proporcionam maior contraste, conforto na leitura e mais concentração a esses pacientes, pois agem neurologicamente reduzindo a hiperatividade cortical e o stress", comenta.

Um levantamento realizado pelo Hospital de Olhos Dr. Ricardo Guimarães mostrou que, em 100 pacientes tratados com a técnica, 80% melhoraram muito em relação ao desconforto com a luz solar e artificial; sendo que outros 13% também sentiram alguma melhora. "Com a diminuição dessa sensibilidade, o processamento cerebral fica mais tranquilo, possibilitando benefícios no hábito de leitura, no equilíbrio, no comportamento, na autoestima, na fluência, na pontuação, na caligrafia, no tempo de execução das tarefas e no desempenho escolar", revela Dra. Márcia. Outras mudanças consideráveis são na compreensão e na leitura, que correspondem a 90% de melhora. Já os casos de irritabilidade e desatenção foram solucionados em 88% dos pacientes.

Fonte:ABN - Agência de notícias

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

O lazer na terceira idade


"O lazer na terceira idade tem o objetivo de despertar as potencialidades dos idosos para aspectos criativos e sociais, estimulando a socialização, o compartilhar de experiências, a sensibilidade, as emoções, a comunicação, o aprendizado de coisas novas, permitindo-lhes uma vida ativa sem obrigações..."

Uma das modificações que ocorrem na vida social das pessoas idosas é o aumento considerável do tempo livre que as pessoas adquirem principalmente com o processo da aposentadoria. Esse tempo pode ser aproveitado de diferentes maneiras com outras práticas que não as ocupacionais, sendo uma delas as atividades de lazer.
O lazer é definido pelo sociólogo francês Joffre Dumazedier como sendo o tempo que cada um tem para si. Representa o conjunto de ocupações não obrigatórias às quais o indivíduo pode se entregar de bom grado, seja para repousar, para se divertir, para desenvolver sua informação ou formação desinteressada, sua participação social ou sua livre capacidade criadora, depois de liberado de suas obrigações profissionais, familiares e sociais.

Assim, o lazer para a pessoa idosa constitui uma ocupação do tempo livre, a realização de atividades sem obrigatoriedade e acima de tudo de livre escolha. Com o processo de envelhecimento surgem mudanças nos interesses, nas preferências relacionadas às atividades de lazer. Observa-se uma diminuição de responsabilidade em tarefas domésticas e profissionais, porém nem sempre aumenta de forma significativa o interesse do idoso por atividades de lazer.


Tempo livre e tempo desocupado. É interessante conceituar “tempo livre” e “tempo desocupado”. O tempo livre permite a pessoa realizar o lazer isento de obrigações de qualquer natureza, é o tempo que cada uma tem para si, para fazer o que gosta, para conviver com quem você gosta, já o tempo desocupado pode se entendido como um período flutuante no qual o indivíduo não consegue ingressar no mercado de trabalho.Dentro desse contexto o lazer deve ser diferenciado de algumas definições estabelecidas pela sociedade:O lazer não se opõe ao trabalho, é um complemento do trabalho.

Excluem-se dele todas as atividades relacionadas a trabalhos profissionais, desvinculado de fins lucrativos, de trabalhos suplementares ou que complementam a atividade doméstica, atividades de manutenção (alimentação, sono, higiene, etc.) e tarefas de cunho obrigatório no âmbito familiar, sociais.O lazer não pode ser confundido com ociosidade.

O lazer corresponde a uma liberação periódica do fim do dia, da semana, do ano (período de férias) ou da vida funcional (aposentadoria). Lazer é um valor novo, surgido neste século com a formação da sociedade industrial. Corresponde a um tempo de liberação e de prazer em que os indivíduos escolhem uma atividade de acordo com critérios prioritários e interesses pessoais. Atualmente, com a evolução técnico-científica podemos ser produtivos mesmo não trabalhando tanto e tendo maior tempo livre, que poderia ser utilizado para o lazer.

O lazer é a busca de um estado de satisfação, entendido como um fim em si mesmo por responder às necessidades individuais em contraposição às obrigações impostas pela sociedade. O lazer envolve diferentes áreas de interesse que são procuradas pelos idosos de acordo com seu nível social, cultural e profissional.

Interesses físicos, interesses práticos, interesses artísticos, interesses intelectuais e interesses sociais.O mais importante é despertar no idoso a motivação em ocupar seu tempo livre conquistado após anos de trabalho, dedicação e contribuição. Devemos auxiliar o idoso na manutenção de seu equilíbrio físico e social, afastando-o do processo de isolamento, da vulnerabilidade a doenças.

O lazer na terceira idade tem o objetivo de despertar as potencialidades dos idosos para aspectos criativos e sociais, estimulando a socialização, o compartilhar de experiências, a sensibilidade, as emoções, a comunicação, o aprendizado de coisas novas, permitindo-lhes uma vida ativa sem obrigações, com mais satisfação e qualidade, sendo valorizados e respeitados pela sociedade.

Fonte: uol.com.br / notícias/ Elisandra Vilela

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

A Família Moderna



Partindo do ponto de vista da Psicanálise de Família e de suas abordagens clínico teóricas, especialistas abordam a complexidade no seio familiar contemporâneo.

A nova estrutura familiar e a noção de casal servem de enlaces para o debate sobre a existência da família, agora livre das amarras da heterossexualidade e das exigências socioeconômicas que lhe serviu de alicerce por tantos séculos.

Sabemos das inúmeras alterações ocorridas no conceito e na estruturação da família, ocorridas no último século. Entramos no século XXI tendo de encontrar novas formas de lidar com os problemas gerados no seio dessas novas famílias e é esse o enfoque central que buscamos dar a esse material.

Em primeiro lugar, cabe lembrar que a partir das enormes mudanças oriundas do capitalismo avançado, entre elas o consumismo e comunicação de massa; questionamento da autoridade paterna e do Estado; individualismo e narcisismo; Psicologismo; avanço técnico-científico com as fertilizações in vitro, barrigas de aluguel, células-tronco, globalização; entre outros fatores, o sujeito se viu envolvido em fortes transformações que atingem sua forma de estar no mundo.
Novas patologias como as bulimias, anorexias, obesidade, compulsões, drogadição, suicídios e a violência mostram que o sujeito contemporâneo está muito mais para o "borderline" do que o neurótico descrito por Freud.
Isso não só denota uma alteração na estruturação do sujeito, como também nos faz mirar de forma diferente a família pós-moderna, com suas idiossincrasias e transformações. Assim, não é só o capitalismo avançado que demanda esse sujeito "borderline"; é a família atual que tende a construí-lo!

Senão vejamos: vivemos numa era em que o tempo é escasso, os níveis de afetividade no seio da família sofrem diversos constrangimentos (divórcios, famílias ampliadas, redução do número de filhos), a tríplice jornada da mulher e do homem reduz enormemente sua disponibilidade para cuidar da prole, redundando em uma família em que as relações de parentesco se tornaram bastante complexas.

Aos, psicanalistas, só resta entender toda essa transfiguração e buscar dar aos que sofrem apoio para se adaptar a essa nova ordem. Tentamos oferecer um acolhimento que permita a construção de uma mente capaz de abrigar minimamente a torrente de emoções, pensamentos e fantasias próprias do ser humano.

Nesse sentido, buscamos, mostrar o que vem surgindo em nossos consultórios, nas escolas, e no dia a dia de cada criança. Pensamos que a partir desse diálogo com outros ramos do saber é que poderemos encontrar novas formulações teóricas, novas propostas terapêuticas, e assim ajudar o homem pós-moderno em suas crises no viver.

Podemos definir a noção de casal de acordo com a separação de sexos, que ainda hoje é encontrada nos dicionários e na maioria das representações que fazemos de um casal.
Em seguida, refletimos pela noção de família, tendo como polo original as diferentes nuances com que se pode olhar para o casal familiar: marido e mulher; pai e mãe; avô e avó.

Nesse modelo familiar dito tradicional, a presença obrigatória de um genitor do sexo masculino e um do sexo feminino, na formação de uma família, permitiu a criação de um modelo de identificação sexual triangular, que Freud traduziu ao mundo tão bem, pelo mito de Édipo. Por meio dele, meninos e meninas são levados a se identificar com o genitor do sexo oposto, por força do complexo de Édipo, cuja resolução deságua na identidade masculina e feminina.

A transição gradual, mas segura, da importância da heterossexualidade como meio de subjetivação e introjeção do masculino/feminino, agora em fase de substituição pela noção de gênero, tem mudado radicalmente a qualidade da vincularidade familiar e, com isso, os processos de subjetivação mediadores do humano no homem. Assim, questiona-se como a ideia de família pode sobreviver sem Édipo e sem "inveja do pênis"?

Na atualidade, não é mais possível contar apenas com o modelo familiar nuclear como ambiente de formação da subjetivação humana, porque as mudanças sociais que marcaram nossa época levaram a um apagamento dos símbolos que marcavam os espaços familiares tradicionais, esmaecidos pela ausência da mulher na casa; pela terceirização da educação inicial da criança, agora partilhada com a pré-escola pelas mães que trabalham fora; pelas mudanças no mercado de trabalho, que vêm abalando a imagem do pai provedor do sustento/ mãe provedora de afeto, que a dupla de genitores tradicionais mantinha.

Esse novo conceito muda também a relação do indivíduo com o mundo. Mães e pais sentem-se cada vez mais pressionados pela pós-modernidade e refletem esse anseio para a vida em grupo, no seio familiar. É cada vez mais comum filhos acumularem atividades extraescolares (cursos de inglês, futebol, balé, escoteiro) enquanto os pais acumulam horas de trabalho. A falta de contato, de diálogo, de interação é preocupante. O jantar com a família é constantemente adiado e a falta de tempo (ícone dos tempos modernos) deixa a mesa cada vez mais vazia.

É nesse contexto que se observa, de forma nítida, o fenômeno que denomino "terceirização da família". Trata-se de um deslocamento do conceito econômico contempo-râneo "terceirização de serviços e de produção", adotado por empresas que buscavam racionalizar custos e aumentar sua eficiência. Para poder se dedicar às atividades momentaneamente mais impor-tantes, essas empresas delegam para outras determinadas operações de sua produção ou do serviço que prestam.

De maneira similar, a família atual, para se manter no compasso das exigências sociais e econômicas de nossa sociedade, parece terceirizar algumas de suas funções, dentre elas a da educação dos filhos...Seja como for, observa-se hoje que a revisão do modelo tradicional de família tem provocado mudanças nas funções familiares, das quais, uma das principais parece ser representada pelo fato da interdição e limites não serem mais consideradas funções ligadas ao sexo paterno.

Assim, podemos pensar o casal e seus dependentes como um grupo de indivíduos interligados por um mundo de relações simbólicas que, no tempo e no espaço, constroem uma história sobre si própria, seus próprios mitos no qual eu, você, as crianças, são ideias com valores e forças diferentes, na linha do tempo e nos diferentes arranjos familiares: carregam a força do sangue no arranjo heterossexual e tão somente a força do afeto nos casais homoparentais.

Podemos pensá-la também com a ajuda de Eiguer que a vê como um grupo de indivíduos entrelaçados por vínculos, no qual as relações de objetos e as transferências são ordenadas por organizadores familiares, de forma que as diferenças da estrutura individual se apagam diante da importância atribuída à teia de relações, continuamente estabelecidas e reconstituídas pelo grupo familiar.

Nessa nova construção simbólica da família, a noção de sexo vem perdendo espaço para os domínios do gênero, criando as condições psicossociais para a aceitação e o reconhecimento oficial da família homoparental e das diversas outras configurações familiares discutidas na atualidade. Isso traz para o primeiro plano da Psicanálise de família a questão dos organizadores familiares trazida por Eiguer, na medida em que eles parecem constituir uma heurística capaz de nos ajudar a pensar as bases psíquicas com que as novas famílias estão se constituindo.

Apesar disso tudo, o conceito de família, - seja ela estruturada pelo casal heterossexual ou homossexual, matriarcal, tradicional ou constituída por meio-irmãos -, permanece firme no ideal do ser humano. A família traz os limites do espaço mediado por relações afetivas, capazes de propiciar a seus membros o espaço mental necessário para o desenvolvimento do pensamento, capacidade para delimitar fronteiras adequadas, entre a falta e o excesso, de forma que exista a possibilidade de manter trocas afetivas que contenham funções de ouvir, discernir e acompanhar, sem ceder à ânsia de eliminar conflitos.

No filme Shelter, a irmã deixa seu filho a maior parte do tempo com o protagonista, para curtir a farra. Cansado dessa situação, e ainda apaixonado pelo irmão do seu amigo, o jovem resolve adotar o sobrinho com o seu amor e construir uma família.


ReferênciasFREUD S. Três ensaios sobre a teoria da sexualidade - 1905. Rio de Janeiro: Imago,1989 CASSIRER E. Ensaio sobre o Homem. São Paulo: Martins Fontes, 1997 SARTI C. A. A família como ordem simbólica. São Paulo: Psicologia da USP. Vol. 15/3, 2004 EIGUER A. Um divã para a família. Porto Alegre: Artes Médicas, 1985 BERENSTEIN I. Psicoanalizar una família. Buenos Aires: Paidós, 1996 (2ª reimpressão) BOX S., COPLEY B., MAGAGNA J., MOUSTAKI E. Psicoterapia com famílias: Uma abordagem psicanalítica. São Paulo: Casa do Psicólogo, 1994- fonte: uol.com