sexta-feira, 24 de julho de 2009

Marcha Mundial pela Paz e Não-Violência

Venho convidá-los para participar da "Marcha Mundial pela Paz e pela Não-Violência".Essa não é uma iniciativa puramente eventual, é mais uma (dentre outras) estratégia de mobilização da sociedade civil com vistas a ações que podemos e devemos empreender.

O que é a Marcha Mundial? http://www.marchamundial.org/A Marcha mundial é uma iniciativa do “Mundo Sem Guerras”. A Marcha é um conjunto de diversas iniciativas de pessoas, organizações, instituições de todos os continentes que querem ser protagonistas e ativos na mudança de situações de violência que vivemos hoje.Porque eliminar as guerras e a violência significa sair definitivamente da pré–historia humana e dar um passo gigante no caminho evolutivo de nossa espécie. Porque é uma proposta que abre o futuro, onde o diálogo substitui a violência. Denuncia a perigosa situação mundial que está nos levando a sucessivas guerras, combatendo o armamento nuclear.

No dia 2 de outubro de 2009 (aniversário do nascimento de Gandhi e Dia Internacional da Não-Violência), uma equipe de 100 pessoas, de vários países, sairá da Nova Zelândia e, durante 90 dias, percorrerá mais de 100 países nos cinco continentes, terminando o trajeto na Cordilheira dos Andes, em Punta de Vacas - Argentina - aos pés do Monte Aconcágua, em 2 de janeiro de 2010. Enquanto essa equipe vai percorrendo o trajeto, acontecerão milhares de ações e manifestações em todo o mundo organizadas por voluntários e instituições que estão se unindo para criar uma Cultura de Paz e gerar uma Consciência Global de Não-violência Ativa. Esta Marcha Mundial é uma iniciativa da ONG Internacional "Mundo Sem Guerras", em conjunto com diversos outros coletivos e organizações.Para quê?Para desmantelarmos o arsenal de armas nucleares; para reduzirmos progressiva e proporcional de armamentos; para a assinatura de tratados de não-agressão entre países, para a renúncia dos governos a utilizar as guerras como meio para resolver conflitos entre as nações. Para gerar uma consciência social mundial contra toda forma de violência, seja ela física, psicológica, racial, religiosa, econômica ou sexual. Como podemos ajudar?Participando a distância via internet, sendo voluntário no comitê local da Marcha, organizando um novo Comitê com seus amigos, fazendo doações em dinheiro, materiais ou equipamentos, promovendo ações, mobilizações, festivais multiculturais, cine-debates, caravanas e viagens etc. Falando em rádios comunitárias, levando textos para o jornal de seu bairro sobre a Marcha. Conseguindo adesões de novas pessoas e instituições, promovendo oficinas pela Paz. Ajudando a diagramar cartazes, panfletos, camisetas e materiais. Tirando fotos, filmando e editando vídeos pela Paz.

Preparando animações, poemas, músicas, canções e jingles para divulgar a marcha, sugerindo outras idéias e iniciativas.Indo até o site http://www.theworldmarch.org/index.php?lang=por você encontrará pessoas e instituições que já aderiram à Marcha, além de outras informações sobre essa iniciativa. Faça também a sua adesão (pode ser pessoa física ou jurídica).Visite também a nossa Comunidade no Peabirus: http://www.peabirus.com.br/redes/form/comunidade?id=1469
Um grande abraço a todosDenise Vilardo

Cansaço


O que há em mim é sobretudo cansaço
—Não disto nem daquilo,
Nem sequer de tudo ou de nada:
Cansaço assim mesmo, ele mesmo,
Cansaço.

A subtileza das sensações inúteis,
As paixões violentas por coisa nenhuma,
Os amores intensos por o suposto em alguém,
Essas coisas todas —
Essas e o que falta nelas eternamente ;
Tudo isso faz um cansaço,
Este cansaço,
Cansaço.

Há sem dúvida quem ame o infinito,
Há sem dúvida quem deseje o impossível,
Há sem dúvida quem não queira nada —
Três tipos de idealistas, e eu nenhum deles:
Porque eu amo infinitamente o finito,
Porque eu desejo impossivelmente o possível,
Porque quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser,
Ou até se não puder ser...

E o resultado?
Para eles a vida vivida ou sonhada,
Para eles o sonho sonhado ou vivido,
Para eles a média entre tudo e nada, isto é, isto...
Para mim só um grande, um profundo,
E, ah com que felicidade infecundo, cansaço,
Um supremíssimo cansaço,
Íssimno, íssimo, íssimo,
Cansaço...




Álvaro de Campos,
in "Poemas"Heterónimo de Fernando Pessoa


* Encontrei em minhas andanças esse belo poema no blog: Aprendemos.
Por um momento me encontrei e me reenventei ... aqui estou!

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Marcelo Guerra e o seu Blog

Conheci o seu Blog. Fiquei muito contente com o que lá encontrei. Adorei o texto sobre “desapego” e fiquei perplexa com o seu histórico de vida.
Você que pensava em ter uma carreira médica dentro dos “padrões normais”, conseguiu dar forma e personalidade ao que faz. Quando lemos o seu currículo conseguimos ver um homem em formação, construindo a sua personalidade e o seu caráter. Nele há vida e vemos nitidamente a extensão do ser humano que você ajudou a construir.

Acredito que o ser humano se faz, ele não nasce pronto. Percebi nitidamente que o seu caminhar foi extenso, que você abraçou como uma oportunidade de viver e conhecer novas culturas e novos movimentos internos em “Ser”. E isso não é nada fácil. Sair do aconchego do lar e ir em busca de conhecimento em terras estranhas...

Quando estamos numa escola e influenciamos os nossos alunos em suas escolhas, não temos a dimensão do mesmo, a não ser quando ele sai da escola e se profissionaliza, aí sim... Conseguimos ver um pouquinho dessa pessoa e seus princípios e valores. Assim, vemos como somos portadores de sonhos e conservamos em nossa psique os sonhos vividos e compartilhados de muitas gerações.

Sinto falta de uma escola em minha vida. Ela se chamava- “Escola Viva”. Pelo nome você já percebe o seu projeto. Foi uma idéia brilhante de uma educadora Riobonitense. Retornei a minha terra natal em 1997. Conheci esse projeto porque necessitava colocar a minha filha em uma escola. Assim, busquei conhecer os projetos pedagógicos de minha cidade. A princípio fiquei encantada com as idéias propostas na “Escola Viva”. Era uma mistura de intenções que iriam desde os fundamentos de uma escola tradicional até uma escola interacionista. Passamos por diferentes intenções que naquele momento ainda eram mais subjetivas do que racionais. Mas havia a intenção de mudança, de procura do novo e um grande compromisso responsável que era compartilhado por um grupo de pessoas que dirigiam à escola. Nesse grupo havia médico, engenheiro, psicólogo, pedagogo, professores, comerciantes e pessoas do lar. A busca por novas possibilidades de trabalho percorreu territórios. Foi um vasto universo de conhecimentos em busca de um modelo de trabalho diferenciado. O que eu não imaginava, era que essa escola se tornaria o meu grande projeto de vida. E foi mesmo... Foram muitos anos de investimento.

Mas você sabe quando se é jovem percebemos a vida de um jeito muito peculiar, depois amadurecemos e damos formas ao que pensamos e vivemos; e mais tarde essa verdade passa a existir como algo que você necessita pra viver diariamente. A vocação nos é apresentada em diferentes formas e nos pega de surpresa.

Passei sete anos nessa escola, que eu considero que era um espaço de construção de saberes. Tínhamos crianças de 02 anos até o início da adolescência. Percorremos diferentes autores para sintetizarmos uma proposta viva, cheia de conhecimentos, sentimentos e emoções partilhados. Conflitos também existiam, pois o movimento de idéias era constante. Foi um sonho realizado e idealizado por um grupo de professores e profissionais liberais, um trabalho dinâmico e forte. Trabalhamos com crianças portadoras de diferentes necessidades especiais numa escola regular. Foi um projeto inovador em minha cidade. Sobre essa parte conversamos em um outro momento, pois só este fato daria um capítulo a parte.

O fato que me chama a atenção é o de vivermos diferentes histórias e olharmos que nelas contém um caminhar de vida, onde o ouvir, ver e cheirar é parte do objeto de estudo. Esse passeio diário pela vida e seus labirintos nos fortalece enquanto pessoas, que reverencia a vida e o supremo maior que é a ética do amor. Assim nós permanecemos humanos enquanto construímos um canteiro de possibilidades e que nela carregamos as alegrias e a beleza de se viver.

Percebo que se existe uma intenção de cura em meu ser, esse passa pela terapia do vínculo, onde a possibilidade de ser livre existe e nos torna desvinculado da censura do olhar do outro. Assim, rimos de nós mesmos, das nossas infantilidades e das nossas brincadeiras.

Nesse momento vivemos a indisciplina da violência. Vivemos momentos de mudança. Dar oportunidade ao outro de se expor sem julgamento de valores tem sido o grande desafio. Perceber no outro uma construção desafiadora e desequilibrada e lidar com esse desafio tem sido a nossa função.

E juntar os cacos da violência, fazer a reconstrução é o maior desafio. Perceber uma possibilidade de vida em quem desistiu de viver é o medo constante. Fazer o outro sair de uma profunda crise de identidade narcísica e violenta, é mostrar o seu verdadeiro poder, e que esse “poder” seja usado em benefício próprio, construindo um cidadão com virtudes.

Não cabe mais no espaço escolar ou terapêutico a omissão de sentimentos e emoções. Cabe a competência profissional em representar um universo de valores que vá além dos conceitos contemporâneos, em prol de uma construção de identidade. Não cabe mais a rebeldia, mas o orgulho do recomeçar, da postura da possibilidade de começar a aventura de um novo caminhar. Assim nasce um novo cidadão, que por ventura seja ecológico em seu agir / pensar e sustentável em seus valores.
* Blog: http://marceloguerra.com.br

terça-feira, 21 de julho de 2009

Mensagem do corpo...

Reflexão sobre grupo...

Eu não sou você
Você não é eu
Eu não sou você.
Você não é eu.
Mas sei muito de mim
Vivendo com você.
E você, sabe muito de você vivendo comigo?
Eu não sou você
Você não é eu
Mas encontrei comigo e me vi
Enquanto olhava prá você
Na sua, minha, insegurança
Na sua, minha, desconfiança
Na sua, minha, competição
Na sua, minha, birra infantil
Na sua, minha, omissão
Na sua, minha, firmeza
Na sua, minha, impaciência
Na sua, minha, prepotência
Na sua, minha, fragilidade doce
Na sua, minha, mudez aterrorizada
E você se encontrou e se viu, enquanto
Olhava pra mim?
Eu não sou você
Você não é eu.
Mas foi vivendo a solidão
Que conversei com você
E você, conversou comigo na sua solidão
Ou fugiu dela, de mim e de você?
Eu não sou você
Você não é eu.
Mas sou mais eu, quando consigo
Lhe ver, porque você me reflete
No que ainda sou
No que já sou e
No que quero vir a ser...
Eu não sou você
Você não é eu.
Mas somos um grupo, enquanto
Somos capazes de, diferenciadamente,
Eu ser eu, vivendo com você e
Você ser mais você, vivendo comigo.