sábado, 1 de janeiro de 2011

ORA (DIREIS) OUVIR ESTRELAS!- OLAVO BILAC


ORA (DIREIS) OUVIR ESTRELAS!



OLAVO BILAC



XIII


"Ora (direis) ouvir estrelas! Certo

Perdeste o senso!" E eu vos direi, no entanto,

Que, para ouvi-Ias, muita vez desperto

E abro as janelas, pálido de espanto ...



E conversamos toda a noite, enquanto

A via láctea, como um pálio aberto,

Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,

Inda as procuro pelo céu deserto.



Direis agora: "Tresloucado amigo!

Que conversas com elas? Que sentido

Tem o que dizem, quando estão contigo?"



E eu vos direi: "Amai para entendê-las!

Pois só quem ama pode ter ouvido

Capaz de ouvir e de entender estrelas."



 

Fonte: www.jornaldepoesia.jor.br








Foto: Andrea Pinna

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

"Família é prato difícil de preparar"- Francisco Azevedo



Família é prato difícil de preparar.



São muitos ingredientes. Reunir todos é um problema,


principalmente no Natal e no Ano Novo.


Pouco importa a qualidade da panela, fazer uma família exige


coragem, devoção e paciência.


Não é para qualquer um. Os truques, os segredos, o imprevisível.


Às vezes, dá até vontade de desistir.


Preferimos o desconforto do estômago vazio.


Vêm a preguiça, a conhecida falta de imaginação


sobre o que se vai comer e aquele fastio.


Mas a vida (azeitona verde no palito),


sempre arruma um jeito de nos entusiasmar e abrir o apetite.




O tempo põe a mesa, determina o número de cadeiras e os lugares.


Súbito, feito milagre, a família está servida.


Fulana sai a mais inteligente de todas. Beltrano veio no ponto,


é o mais brincalhão e comunicativo, unanimidade.


Sicrano, quem diria? Solou, endureceu, murchou antes do tempo.


Este é o mais gordo, generoso, farto, abundante.


Aquele o que surpreendeu e foi morar longe.


Ela, a mais apaixonada. A outra, a mais consistente.




E você? É, você mesmo, que me lê os pensamentos e veio aqui me fazer companhia?


Como saiu no álbum de retratos? O mais prático e objetivo?


A mais sentimental? A mais prestativa?


O que nunca quis nada com o trabalho?


Seja quem for, não fique aí reclamando do gênero e do grau comparativo.


Reúna essas tantas afinidades e antipatias que fazem parte da sua vida.


Não há pressa. Eu espero. Já estão aí? Todas? Ótimo!




Agora, ponha o avental, pegue a tábua, a faca mais afiada


e tome alguns cuidados. Logo, logo, você também


estará cheirando a alho e cebola.


Não se envergonhe de chorar. Família é prato que emociona.


E a gente chora mesmo. De alegria, de raiva ou de tristeza.




Primeiro cuidado:


temperos exóticos alteram o sabor do parentesco.


Mas, se misturadas com delicadeza, estas especiarias, que quase


sempre vêm da África e do Oriente e nos parecem estranhas ao paladar,


tornam a família muito mais colorida, interessante e saborosa.




Atenção também com os pesos e as medidas.


Uma pitada a mais disso ou daquilo e, pronto, é um verdadeiro desastre.


Família é prato extremamente sensível.


Tudo tem de ser muito bem pesado, muito bem medido.




Outra coisa:


é preciso ter boa mão, ser profissional.


Principalmente na hora que se decide meter a colher.


Saber meter a colher é verdadeira arte.


Uma grande amiga minha desandou a receita de toda a família,


só porque meteu a colher na hora errada.




O pior é que ainda tem gente que acredita na receita


da família perfeita.


Bobagem! Tudo ilusão.


Não existe Família à Oswaldo Aranha, Família à Rossini,


Família à Belle Meuni, Família ao Molho Pardo,


em que o sangue


é fundamental para o preparo da iguaria.

Família é afinidade, é à Moda da Casa.


E cada casa gosta de preparar a família a seu jeito.




Há famílias doces. Outras, meio amargas. Outras apimentadíssimas.


Há também as que não têm gosto de nada,


seriam assim um tipo de Família Dieta,


que você suporta só para manter a linha.


Seja como for, família é prato que deve ser servido


sempre quente, quentíssimo.


Uma família fria é insuportável, impossível de se engolir.




Enfim, receita de família não se copia, se inventa.


A gente vai aprendendo aos poucos, improvisando e transmitindo


o que sabe no dia a dia. A gente cata um registro ali, de alguém que


sabe e conta, e outro aqui, que ficou no pedaço de papel.


Muita coisa se perde na lembrança. Principalmente na cabeça de um velho


já meio caduco como eu.




O que este veterano cozinheiro pode dizer é que,


por mais sem graça, por pior que seja o paladar,


família é prato que você tem que experimentar e comer.


Se puder saborear, saboreie. Não ligue para etiquetas.


Passe o pão naquele molhinho que ficou na porcelana, na louça, no alumínio ou no barro.

Aproveite ao máximo!


Família é prato que, quando se acaba, nunca mais se repete.
 
 
(do livro "O Arroz de Palma", de Francisco Azevedo)

Ano-Novo, vida nova



UMA LEITORA, que me autoriza a citar seu e-mail, mas prefere que seu nome não seja mencionado, pergunta: "Gostaria de saber sua opinião sobre parceiros que simplesmente somem, desaparecem mesmo, sem deixar rastro. Cancelam telefones, e-mail, conta no Skype e somem, sem se despedir, sem nem mesmo um MSN. E não falo de um relacionamento de alguns dias, mas de anos. Oito para ser mais precisa. Nem falo de um adolescente, mas de um homem de 57 anos.



Ele foi trabalhar no Oriente Médio, num alto cargo, a empresa fechou e ele desapareceu. Não morreu, não foi sequestrado por terroristas. (...) O que leva alguém a agir assim? Obrigações econômicas não estão em jogo".


A cada ano, mundo afora, há centenas de milhares de pessoas que somem e nunca mais dão notícias a familiares e amigos.


Quando se trata de adultos sem obrigações jurídicas (dívidas ou pensões alimentícias, por exemplo), a polícia descobre, eventualmente, o novo paradeiro ou a nova identidade de quem sumiu, mas só o próprio desaparecido pode autorizá-la comunicar estas informações aos parentes e amigos de sua vida, digamos assim, "anterior".


No passado, nesta página, se me lembro direito, já assinalei o fato de que, estranhamente, em geral, quem some não vai longe: acaba numa cidade parecida com a que ele abandonou, a poucos quilômetros de distância. Também, na maioria dos casos, o desaparecido reconstrói uma vida próxima da vida da qual ele fugiu -encontra um ofício parecido com o que ele praticava e cria uma família similar à que deixou.


Essa "constância" nos surpreende porque imaginamos que, em regra, alguém suma por querer uma vida nova. Por alguma razão, o caminho gradativo, que consistiria em se despedir, fazer as malas, fechar as contas etc., pareceria impraticável ou insuficiente aos olhos de nosso fugitivo: talvez ele tenha esperado demais e sua paciência excessiva (para com os outros ou para consigo mesmo) exija, de repente, uma explosão, um corte sem conversa alguma. De qualquer forma, supomos (ingenuamente) que, se alguém decidiu sumir, foi para mudar radicalmente.


De fato, como disse antes, os desaparecidos acabam reconstruindo uma vida parecida com a anterior ao seu sumiço, e isso nos leva à conclusão oposta: talvez quem some não queira mudar de vida -então, ele some por quê?


Conheci pouquíssimos que sumiram, mas conheço muitos que expressam a vontade de sumir. Todos explicam sua vontade da mesma forma: trata-se de fugir de exigências impossíveis de serem satisfeitas. Mas, cuidado: "Eles me pedem demais" é a tradução projetiva de "eu me peço demais". Quem foge das exigências do mundo está quase sempre fugindo das exigências que seu próprio desejo lhe coloca.

Vamos agora ao que acontece com quem decide sumir apenas para alguém -um familiar (se não a família inteira) ou um parceiro.


Às vezes, é justificada a sensação de que, sem um sumiço, uma relação se eternizaria pela simples dificuldade de qualquer um dos dois reconhecer que acabou. Onde está a covardia, e onde a coragem? Não sei. Talvez haja covardia em não conseguir declarar que um amor terminou, assim como talvez haja covardia na incapacidade de escutar essa declaração. Há a covardia de quem some e também de quem sobra, quando ambos parecem precisar do sumiço de um dos dois para aceitar que a história chegou ao fim.


Há covardia também em fingir que a relação continua, quando ela já morreu. Alguém, aliás, pode sumir para fugir de sua própria covardia, que o mantém calado, ou para fugir da covardia do outro, que não quer ouvir uma frase de despedida.


Seja como for, muitas vezes, alguém acaba uma relação e some porque o que era (e talvez ainda seja) seu desejo se transformou numa exigência intolerável.


Funciona assim: um dos jeitos de nos autorizarmos a querer o que desejamos consiste em transformar nosso desejo numa obrigação. Desejar é mais fácil (embora menos alegre) quando imaginamos desejar a mando de algum outro. O problema é que esse desejo, facilitado por ser mandatário, logo aparece como uma exigência da qual, eventualmente, vamos querer fugir.


Meu voto para o Ano Novo: que nos preocupemos menos em mudar nossas vidas e encontremos jeitos de conseguir desejar o que já desejamos sem transformar nosso desejo em obrigação.



Blog: Contardo Calligaris


segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

2011 está chegando! Natalícia Alfradique


Comecei o blog sem muitas pretensões e fico admirada ao ver que já possuo 29 pessoas acompanhando-o e mais de 13.000 visitantes. Isso para mim demonstra um grande desafio, confiança e demonstração de afeto. Aliás, acredito que estes são ingredientes fundamentais para a escolha de uma leitura e de acesso a informações relevantes.


Sinto-me honrada com a presença de todos e farei o possível para ampliar o repertório de assuntos, procurando sempre ser criteriosa na escolha, sem interferências fundamentalistas, visando apenas dar oportunidade de expressão de algumas ideias que por hora acredito e que sejam razoáveis nesse mundo em constante transformação.

Gosto de ser eclético gosto de quase tudo e tenho algumas opiniões- fortes crenças, mas sempre tenho a intenção de deixar os meus leitores bem à vontade para opinar, discordar e concordar. Fiquem à vontade, pois este espaço sem a presença de vocês, não faz o menor sentido.

Agradeço a todos que me enviaram belos textos, dos quais alguns aqui estão. Agradeço os elogios, que por ora tem sido muitos. Agradeço as críticas, pois delas tirei bons ensinamentos.

Agradeço sempre o meu amigo virtual Cesar (do Administrando Pessoas), pois ele foi o principal arquiteto do mesmo. Sem ele eu ainda estaria engatinhando.

Sou fã dos amigos virtuais, eles são sinceros e sempre presentes, pois quando te adiciona o faz por livre escolha. A eles o meu eterno agradecimento.

Espero que nesse novo ano que logo se inicia, possamos conversar mais sobre educação, que o ensino passe a ser tratado como uma mercadoria de valor inquestionável, que a saúde seja uma prioridade e faça parte da pauta dos nossos governantes, que o trabalho seja uma oportunidade para muitos e não para alguns e que possamos desfrutar do lazer de forma prazerosa, agradável e com escolhas mais saudáveis.

Desejo que o próximo ano inicie com novos paradigmas, reconhecendo que a humanidade necessita de regeneração, de corpos e alma livres de compromissos com data de validade vencidos, que tenhamos mais compromisso com os nossos semelhantes, desejando o melhor para todos. Desejo que a humanidade avance em suas pesquisas, dando mais chance de vida digna aos portadores de doenças que ainda não descobrimos a cura e que possamos amar mais os animais, protegendo-os e acolhendo-os sempre que possível.

Desejo que as nossas crianças tenham mais livros em casa, mais oportunidade de leitura, que tenham quintal, praças, rios, praias, campos, um lugar ao sol para brincar e não fiquem trancadas num quarto só vendo TV e/ ou usando o computador. Espero que toda escola reconheça que ensinar bem é dar oportunidade de expressão, livre pensamento, livre escolha curricular e que o desejo de ensinar seja tanto do aprendente quanto do ensinante.

E por último desejo para mim mais sexo (rs), mais paixão, mais estudo e paciência com os tolos que pensam que quando se chega aos 56 anos, você já aprendeu tudo.

E para os amigos... Tudo o que quero em dose dupla, rs... Afinal, amar é muito bom!!!



Feliz 2011.

Beijos, Nata

Do Livro: Repositório de sabedoria




Hoje é o dia que dá início a um novo ano.

É o dia primeiro.

Todos queremos iniciar mais um ano com esperanças renovadas.


É um momento de alegria e confraternização.

As rogativas, em geral, são para que se tenha muito dinheiro no bolso, saúde pra dar e vender.


Mas será que se tivermos tudo isso teremos a garantia de um ano novo cheio de felicidade?


Se Deus nos dá saúde, o que normalmente ocorre é que tratamos de acabar com ela em nome das festas.

Seja com os excessos na alimentação, bebidas alcoólicas, tabaco, ou outras drogas não menos prejudiciais à saúde.

Não nos damos conta de que a nossa saúde depende de nós. Dessa forma, se quisermos um bom ano, teremos que fazer a nossa parte.


Se pararmos para analisar o que significa a passagem do ano, perceberemos que nada se modifica externamente.

Tudo continua sendo como na véspera.

Os doentes continuam doentes, os que estão no cárcere permanecem encarcerados, os infelizes continuam os mesmos, os criminosos seguem arquitetando seus crimes, e assim por diante.


Nós, e somente nós podemos construir um ano melhor, já que um feliz ano novo não se deseja, se constrói.

Poderemos almejar por um ano bom se desde agora começarmos um investimento sólido, já que no ano que se encerra tivemos os resultados dos investimentos do ano imediatamente anterior e assim sucessivamente.


Poderemos construir um ano bom a partir da nossa reforma moral, repensando os nossos valores, corrigindo os nossos passos, dando uma nova direção à nossa estrada particular.

Se começarmos por modificar nossos comportamentos equivocados, certamente teremos um ano mais feliz.


Se pensarmos um pouco mais nas pessoas que convivem conosco, se abrirmos os olhos para ver quanta dor nos rodeia, se colocarmos nossas mãos no trabalho de construção de um mundo melhor, conquistaremos, um dia, a felicidade que tanto almejamos.


Só há um caminho para se chegar à felicidade.

E esse caminho foi mostrado por quem realmente tem autoridade, por já tê-lo trilhado. Esse alguém nós conhecemos como Jesus de Nazaré, o Cristo.


No ensinamento "amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo" está a chave da felicidade verdadeira.

Jesus nos coloca como ponto de referência.

Por isso recomenda que amemos o próximo como a nós mesmos nos amamos.

Quem se ama preserva a saúde.

Quem se ama não bombardeia o seu corpo com elementos nocivos, nem o espírito com a ira, a inveja, o ciúme etc.

Quem ama a Deus acima de todas as coisas, respeita sua criação e suas leis. Respeita seus semelhantes porque sabe que todos fomos criados por ele e que ele a todos nos ama.


Enfim, quem quer um ano novo repleto de felicidades, não tem outra saída senão construí-lo. Importa que saibamos que o novo período de tempo que se inicia, como tantos outros que já passaram, será repleto de oportunidades. Aproveitá-las bem ou mal, depende exclusivamente de cada um de nós.

O rio das oportunidades passa com suas águas sem que retornem nas mesmas circunstâncias ou situação.

Assim, o dia hoje logo passará e o chamaremos ontem, como o amanhã será em breve hoje, que se tornará ontem igualmente.

E, sem que nos demos conta, estaremos logo chamando este ano que se inicia de ano passado e assim sucessivamente.

Que todos possamos aproveitar muito bem o tesouro dos minutos na construção do amanhã feliz que desejamos, pois a eternidade é feita de segundos.




Equipe de Redação do Momento Espírita, com base no livro Repositório de sabedoria.
Fonte: E.mail. Grata Valéria.