sábado, 17 de outubro de 2009

Luís Fernando Veríssimo


Para se roubar um coração, é preciso que seja com muita habilidade, tem que ser vagarosamente, disfarçadamente, não se chega com ímpeto, não se alcança o coração de alguém com pressa.
Tem que se aproximar com meias palavras, suavemente, apoderar-se dele aos poucos, com cuidado. Não se pode deixar que percebam que ele será roubado, na verdade, teremos que furtá-lo, docemente.
Conquistar um coração de verdade dá trabalho, requer paciência, é como se fosse tecer uma colcha de retalhos, aplicar uma renda em um vestido, tratar de um jardim, cuidar de uma criança. É necessário que seja com destreza, com vontade, com encanto, carinho e sinceridade.
Para se conquistar um coração definitivamente tem que ter garra e esperteza, mas não falo dessa esperteza que todos conhecem, falo da esperteza de sentimentos, daquela que existe guardada na alma em todos os momentos.
Quando se deseja realmente conquistar um coração, é preciso que antes já tenhamos conseguido conquistar o nosso, é preciso que ele já tenha sido explorado nos mínimos detalhes, que já se tenha conseguido conhecer cada cantinho, entender cada espaço preenchido e aceitar cada espaço vago. ...e então, quando finalmente esse coração for conquistado, quando tivermos nos apoderado dele, vai existir uma parte de alguém que seguirá conosco.
Uma metade de alguém que será guiada por nós e o nosso coração passará a bater por conta desse outro coração. Eles sofrerão altos e baixos sim, mas com certeza haverá instantes, milhares de instantes de alegria. Baterá descompassado muitas vezes e sabe por que? Faltará a metade dele que ainda não está junto de nós.
Até que um dia, cansado de estar dividido ao meio, esse coração chamará a sua outra parte e alguém por vontade própria, sem que precisemos roubá-la ou furtá-la nos entregará a metade que faltava. ... e é assim que se rouba um coração, fácil não?
Pois é, nós só precisaremos roubar uma metade, a outra virá na nossa mão e ficará detectado um roubo então! E é só por isso que encontramos tantas pessoas pela vida a fora que dizem que nunca mais conseguiram amar alguém... é simples... é porque elas não possuem mais coração, eles foram roubados, arrancados do seu peito, e somente com um grande amor ela terá um novo coração, afinal de contas, corações são para serem divididos, e com certeza esse grande amor repartirá o dele com você.
Luís Fernando Veríssimo

" Timidez"- Cecília Meireles


Timidez

Basta-me um pequeno gesto,

feito de longe e de leve,

para que venhas comigo

e eu para sempre te leve...



— mas só esse eu não farei.



Uma palavra caída

das montanhas dos instantes

desmancha todos os mares

e une as terras mais distantes...



— palavra que não direi.



Para que tu me adivinhes

entre os ventos taciturnos,

apago meus pensamentos,

ponho vestidos noturnos,



— que amargamente inventei.



E, enquanto não me descobres,

os mundos vão navegando

nos ares certos do tempo,

até não se sabe quando...



— e um dia me acabarei.





(Cecília Meireles)

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

C&T - ciência para crianças e jovens




Semana Nacional de Ciência e Tecnologia 2009 - Ciência no Brasil - de 19 a 25 de outubro de 2009.
A finalidade principal da SNCT é mobilizar a população, em especial crianças e jovens, em torno de temas e atividades de ciência e tecnologia (C&T), valorizando a criatividade, a atitude científica e a inovação.


Pretende mostrar também a importância da C&T para a vida de cada um e para o desenvolvimento do país. Ela possibilita, ainda, que a população brasileira conheça e discuta os resultados, a relevância e o impacto das pesquisas científicas e tecnológicas e suas aplicações.


As atividades que acontecem durante a SNCT são muito diversas: dias de portas abertas em instituições de pesquisa e ensino; tendas da ciência em praças públicas; feiras de ciência, concursos, oficinas e palestras; ida de cientistas às escolas; jornadas de iniciação científica; distribuição de cartilhas, encartes e livros; exibição de filmes e vídeos científicos; excursões científicas; programas em rádios e TVs; eventos que integram ciência, cultura e arte; etc.

Como participar:

Você pode participar de qualquer evento da SNCT, todos são gratuitos.

No site nacional da Semana, em sites estaduais ou em meios de comunicação da sua região, você encontrará as informações sobre os eventos que acontecem na SNCT. O site tem informações sobre as atividades e os contatos locais, além de notícias, artigos, vídeos e outros materiais. Você poderá solicitar também material de divulgação da Semana, como cartazes, folders e vídeos, para sua região ou instituição. Confira aqui o que vai acontecer na sua cidade:




Mais informações no site:http://semanact.mct.gov.br/

terça-feira, 13 de outubro de 2009

A linguagem na infância


Falar bilu- bilu, falar parecendo bobo, como se dependesse disso, o entendimento da criança provoca uma reação contrária ao que se quer e diria: indesejável. A mania que tem os adultos e até mesmo os pais de falar com voz infantilizada ou com tom diferente prejudica o aprendizado e o desenvolvimento da fala na criança.
Os pais não devem falar nem fácil, nem difícil, quando nos referimos ao vocabulário, mas naturalmente para que a criança adquira tons e palavras corretas no desenvolvimento do próprio vocabulário.
Algumas crianças usam o mesmo som ou uma única palavra para coisas diferentes. Isso acontece por que o processo de aquisição da fala é gradativo. È importante saber que a criança aprende alguns fonemas com mais facilidade que outros. Aos três anos, a aquisição desses fonemas ainda está em desenvolvimento.
Portanto, é comum que ela ainda não fale todas as palavras corretamente. Durante a aquisição da linguagem e da fala, alguns problemas podem ocorrer, como por exemplo: atraso para a emissão de algumas palavras, troca de fonemas, omissão de fonemas, acréscimo de fonemas, “gagueira”, entre outros.
Em relação à gagueira e a fala rápida que as pessoas não entendem, isso pode ocorrer pela ansiedade da criança em se comunicar e não conseguir se expressar com a mesma velocidade em que pensa.
Cada criança deve ser avaliada a partir do seu contexto e das suas possibilidades. O profissional capacitado para fazer essa avaliação é o fonoaudiólogo. Ele saberá avaliar se esse processo está se desenvolvendo normalmente. Se necessário esse profissional estará encaminhando a criança para outras avaliações, como por exemplo, a avaliação audiológica ou até mesmo para um psicopedagogo, onde fará uma avaliação para ver o tipo de modalidade de aprendizagem que esta criança construiu.
O fonoaudiólogo ainda poderá orientar os pais a melhor forma de estimular a criança.
Aqui vão algumas orientações básicas:
- Não usar palavras no diminutivo quando estiver conversando com a criança.
- Se a criança falar alguma palavra errada, não repita essa palavra da forma como ela falou, mas da forma correta.
- Não se deve corrigir, brigar ou ridicularizar a criança quando fala alguma palavra errada. O melhor é repetir a palavra da maneira correta e fazer isso, de preferência, olhando para a criança de forma natural.
- Deve-se conversar com a criança nos momentos em que ela está prestando atenção, contar histórias, repetir frases simples.
- É importante também partilhar o assunto com as pessoas da casa ou com as pessoas que passam a maior parte do tempo com a criança. Todas devem ter a mesma atitude com a criança.
- Finalmente, lembrar que a estimulação e a atenção à criança são fundamentais para a aquisição da linguagem.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Tempo de delicadeza



Quando eu era criança amava brincar na rua. Brinquei muito de pique esconde. Brinquei de roda, de soltar pipa, de comidinha e muitas outras coisas. Naquela época já havia certa preocupação em brincar na rua, mas com certeza ainda era tranqüilo. Eu me lembro do primeiro fogãozinho que ganhei. Era lindo! Brinquei tanto de fazer comidinha, que até hoje à culinária me fascina.
Mas houve um tempo em que tive que lutar muito. Nasci e tive que batalhar para viver. Lutei tanto que acredito que hoje a minha luta é pequena, os maiores desafios eu superei até um ano de vida.
Fui privilegiada, tive minhas irmãs ao meu lado o tempo todo. Para elas eu era uma boneca, afinal eu era tão pequena que cabia na palma da mão de minha irmã.
Fui batizada após ter alcançado o peso ideal, isso já com um ano e foi quando tirei a minha primeira foto. Na verdade esse dia foi celebrado em dobro, esse foi o meu real nascimento. A felicidade era total. Eu que nasci e fui colocada em uma caixa de sapato, cheia de algodão e com uma garrafa de água quente do lado para me aquecer, logo, logo, esperneei por um espaço maior.
Nasci em um dia onde se celebra o nascimento do menino Jesus, o Mestre dos mestres, imagina compartilhar essa data com os amigos e os inúmeros parentes. Era uma grande festa! A casa ficava quase que intransitável, de tanta gente se abraçando, pois era um momento onde todos podiam se reencontrar depois de um longo tempo sem se ver.
Falar de infância não é algo tão fácil assim. O esforço de ser fiel a um tempo que ficou para trás não é fácil.
O que me faz saber que estou sendo fiel ao que vivi, são as lembranças que ora me vêem a mente e os relatos amorosos que minha irmã conta com muito carinho e até com muita vaidade.
Tenho sonhado com bons momentos que vivi. Os amigos de infância são os amigos de rua também. Não havia distinção. Na verdade amigo era amigo. Não importava se era negro, pobre, rico, se gostava de batata frita ou não, eles eram presenças constantes.
O tempo passa e o que trazemos dessa época com certeza se traduz na pessoa que sou hoje. Acredito que amor de mãe acontece muito antes do nascimento e perdura para sempre com gestos e atitudes.
A responsabilidade que dividimos com a família, com os jovens e adultos que convivo diariamente, nos ajudam a reviver essas lembranças, que querendo ou não fazem parte de sua história de vida e que é única.
E eu sou única, na medida em que fiz as minhas escolhas e hoje traço os caminhos que percorri. Tenho família e junto dela passo os melhores momentos. Ainda não sou avó, mas acredito que em breve serei e com certeza começo um novo ciclo. Ciclo este que se renova a cada instante, pois a vida é um eterno desafio, onde não deve faltar: o amor, gestos delicados, dia de sol, natal, aniversários e chocolate! Ah! E o meu Amor...