segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Escola e comunidade, enfrentando a violência


No Governo de Leonel Brizola, na época dos CIEPS, havia um setor escolar que trabalhava com a comunidade familiar escolar e a comunidade local. Foi um trabalho dinâmico e o seu resultado foi significativo. Pena que tudo que é bom dure pouco.

Depois disso, não vi nada mais nesse aspecto. Tomara que esta iniciativa colha bons frutos. Hoje não dá para ver um bom trabalho educacional, se não houver um trabalho forte com a comunidade e seus familiares.

O governo de São Paulo informa que vai colocar, em cada escola, um professor comunitário. Pela minha experiência dentro e fora do Brasil, posso garantir o seguinte: se esse profissional for bem treinado e tiver um mínimo de apoio, haverá a redução da violência na sociedade em geral e na escola, em particular. Além disso, com a melhora do ambiente, haverá mais chances para o estudante progredir.
A ideia é que esse professor seja um intermediador de conflitos --coisa abundante na escola--, atue para envolver a família e a comunidade. Um de seus papéis seria visitar as famílias, a exemplo do que ocorre (e com ótimos resultados) em Taboão da Serra.Já se podem encontrar professores comunitários em áreas conflagradas do Rio, como a Cidade de Deus, onde a matrícula escolar cresceu 30% nos últimos 12 meses. E o assassinato caiu mais de 90%.
Lá o professor comunitário surgiu logo depois da implantação de um melhor sistema de policiamento. Funciona tão bem no Rio que a prefeitura decidiu expandir esse projeto não só para as áreas conflagradas, como para toda cidade. Projetos semelhantes podem ser encontrados em Nova Iguaçu (Rio) e Belo Horizonte.

Fonte: Folha Online- publicidade

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

"O conceito de árvore de natal"



A tradição natalina, determina a duração das decorações de natal em torno de um mês e meio, que se encerra em 6 de Janeiro, Dia de Reis, quando os enfeites são retirados da árvore e guardados para o ano seguinte.

Nas organizações, diferentemente dos lares das pessoas em que nelas trabalham, a árvore natalina transcende os costumes do Cristianismo, e transformou-se em símbolo de união em torno de ideais e valores supra-religiosos e universais de paz e boa vontade entre os seres humanos.


Complementadas por confraternizações, trocas de presentes, gera-se, nesta época, um clima de harmonia entre áreas, de planos para um futuro de paz, projetados sobre cada enfeite colocado nas árvores de natal.
Artificiais ou naturais, de espécies e tamanhos variados, com luzes americanas ou chinesas, decoradas por bolas ou outros adornos, há um ponto em comum neste ritual -- toda decoração tem um prazo de validade definido.

Olhando uma árvore dessas, das pequenas e simples, às imensas e ricas, encontramos pontos em comum: sua base, seu tronco, seus galhos, seus enfeites, suas luzes e sua ponteira no alto.
A base quando de árvores naturais, envolvem a terra que alimenta o ser sustentado. Mesmo quando artificial, ela representa a cultura, as memórias e história da organização -- essenciais para a transmissão de valores às novas gerações.


Os galhos, rígidos por moldes plásticos ou predestinados pela genética de sua espécie, buscam expandir-se ao longo da projeção do tronco, para projetar as individualidades das pessoas que trabalham na organização. Elas moldam e definem o perfil do conjunto. Dispostas simétrica ou aleatoriamente, buscam a luz que faça a fotossíntese de resultados e realizações ou a visibilidade de sua personalidade.

Presos aos galhos, as folhas, de polietileno ou de células clorofiladas, captam o reflexo de luzes de néon ou de janelas entreabertas de persianas corporativas. Aos mesmos galhos, prendem-se os enfeites. Cada um poderia representar hábitos, condutas, contratos interpessoais, ostentando uma estética de frutos, carregados de significado para as relações mais harmoniosas entre aqueles que fazem parte da instituição.


Talvez com novas lentes poderíamos ver:


A bola vermelha da Empatia - a disposição de ouvir e se colocar no lugar do outro, de esforçar-se para entendê-lo, partindo de suas premissas, para poder efetivamente se comunicar.
O enfeite que reproduz um brinquedo ingênuo de criança, poderia ser o do feedback para as pessoas, ao invés da arma delinqüente, que fala (mal) das pessoas para outros -- menos para aquele que é diretamente envolvido.


O adorno de Papai Noel, pode representar a disposição de negociações internas do tipo Ganha-Ganha, que geram energia para todos envolvidos.


Algumas árvores trazem também um sino que poderia soar como o perdão para as desavenças passadas, naturais sobre as pressões do dia-a-dia, cada vez mais estressante.
E finalmente, acima de toda a árvore, a ponteira. Geralmente a estrela maior, iluminada, resplandecente do potencial de todos colaboradores que dão sentido à árvore organizacional. A ponteira refletiria o brilho das luzes de incentivo e motivação dos colegas e líderes.


Como seria bom se as árvores de Natal não fossem apagadas, dobradas, descartadas ou guardadas por 330 dias por ano...
Será que todos os penduricalhos reluzentes afixados à árvore verde, azul, branca ou amarela, não manteriam acesos o espírito positivo de se dar e querer bem, para uma vida corporativa com mais qualidade - uma empresa boa para se viver?

Feliz Árvore de Natal do Ano Inteiro!

Fonte: uol.com/Roberto Santos

sábado, 19 de dezembro de 2009

Cartão de Natal


Obrigada a todos vocês, que me honraram com as suas visitas e comentários,
fazendo com que o blog "Paisagens Educacionais" seja um espaço aberto ao convívio de muitas ideias e saberes.
Desejo a todos um Feliz Natal e que o ano de 2010 seja pleno de paz, saúde, felicidade e conquistas.
Natalícia

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

" O processo de Avaliação Institucional"

A proximidade do fim do ano representa, para as mais diferentes áreas, o momento de refletir sobre o ciclo percorrido e fazer projetos para o próximo. Na escola, não é diferente. O término do período letivo traz a oportunidade ao orientador educacional e a todo o grupo de gestão de fazer um levantamento das demandas coletivas, das metas educacionais e das ações necessárias para realizá-las no ano seguinte.
O processo de avaliação institucional, quando bem realizado, permite elucidar os problemas da escola. E toda a comunidade é envolvida na busca de soluções. Existem diversas maneiras de realizar esse trabalho. O número de participantes e a qualidade das relações interpessoais determinam as estratégias mais eficientes. Ele pode ser feito em diferentes espaços e por meios variados (em reuniões de equipe, via internet ou com o uso de questionários ou urnas, quando é preciso que todos se manifestem) e organizado por séries, ciclos ou segmentos.
O essencial nessa ação é criar dispositivos para que todos - alunos, pais, professores, funcionários e gestores - sejam convidados a pensar nos desafios coletivos que a escola enfrenta e se responsabilizar pelas mudanças necessárias para superá-los. Para que a avaliação seja bem-sucedida, é necessário, antes de tudo, focar apenas os assuntos e objetivos institucionais que dizem respeito a toda a comunidade e dividir o trabalho em duas etapas. A primeira delas envolve o levantamento das demandas, isto é, de tudo aquilo que o grupo identifica como sendo um problema que afeta a todos.
Entre os desafios educacionais que exigem tratamento institucional, é comum aparecerem problemas relativos aos trabalhos em grupo dos alunos, ao conselho de classe, à alimentação, à indisciplina, ao bullying, ao uso da internet, à comunicação com os pais e ao sistema de avaliação.
Na segunda fase, faz-se uma análise dos assuntos que preocupam e elege-se pelo menos um grande tema que inclua a parte mais significativa das demandas. Como essa escolha não é fácil, sugiro escolher sempre aquele que mais afetou a aprendizagem durante o ano. Feito isso, os envolvidos precisam se debruçar sobre a questão para identificar formas de solucioná-la ou minimizá-la. Essas atividades demandam reflexões de duas ordens: - A constatação do problema e o levantamento das origens e das consequências.
Uma escola que, por exemplo, tenha definido como uma dificuldade institucional a baixa adesão dos alunos à realização das lições de casa pode começar a se perguntar por que e para quem isso é um problema.
Como esse fenômeno se desenvolve ao longo da escolaridade?
Quando os alunos deixam de fazer as tarefas?
Há um período do ano de maior ou menor produtividade?
Quais as intenções dos professores com as propostas das lições?
Em que momento da rotina o docente anuncia os deveres para os alunos?
Eles são retomados em sala de aula?
Quais as intenções pedagógicas do professor com esses trabalhos?
Qual o sentido que os alunos atribuem às atividades? Existe alguma regra para aplicar a quem faz e a quem não faz as lições?
O que dizem os estudantes que realizam e os que não executam as tarefas?
E os pais, o que pensam?
Como participam? - Definição das ações que visam solucionar a questão e a meta pretendida. Esclarecida a natureza do problema, começa a busca pelas formas de resolvê-lo. Ainda no exemplo das lições de casa, uma possibilidade é propor que elas se tornem um tema das reuniões pedagógicas. Nos encontros, gestores e professores têm oportunidade de investigar os diferentes modelos de tarefa para os alunos e trocar experiências de atividades que envolveram as turmas.
Os gestores podem definir, por exemplo, os princípios que vão orientar a elaboração dos deveres de casa e como ele precisa ser problematizado em sala de aula. O tipo de controle sobre a quantidade e a qualidade dos conteúdos também entra na discussão desse fórum, assim como a relevância de atribuir nota a essas atividades. Nessa dinâmica, a orientação educacional atua junto aos alunos, trazendo uma reflexão: esse o problema é pessoal ou coletivo?
Os pais também devem ser envolvidos, pois podem ajudar na apresentação de soluções. Antes, porém - ainda no exemplo das tarefas de casa -, eles precisam ser ouvidos sobre as dificuldades em regular as atividades das crianças e trazer sugestões.
Certa vez, uma mãe conseguiu que uma organização não-governamental, próxima à escola, montasse um espaço com recursos humanos e tecnológicos para que as crianças que não tinham acompanhamento em casa fizessem as lições na sede da instituição no período da tarde.
Definidas as intervenções, parte-se para a próxima etapa, que consiste em estabelecer coletivamente as metas, assim como os indicadores que apontarão se elas foram ou não alcançadas. Por fim, é importante estabelecer um prazo para que seja possível fazer a verificação do impacto das ações propostas inicialmente. Todo processo de avaliação coletivo é trabalhoso, conflituoso e exige tempo, disposição e muita reflexão. Porém, ao mesmo tempo, ele promete resultados bastante significativos para toda a escola, os alunos e a comunidade.

Fonte: folha Online- Marina Piedade.

" Rede Social de livros Skoob"

Achei muito interessante este espaço, trouxe para vocês conferirem.
Rede social de livros Skoob lança tutorial de uso
da Livraria da Folha
Reprodução

Site permite que você discuta o livro conforme progride com a leitura
A rede social brasileira de amantes de livros Skoob revelou um tutorial para auxiliar os usuários a utilizar esse serviço que facilita a troca de livros entre milhares de leitores.
O site, cujos cadastros de obras e discussões são mantidos pelos próprios usuários, foi criado há cerca de um ano e permite que os entusiastas mantenham uma estante virtual com seus títulos favoritos, facilitando o encontro de leitores com perfis semelhantes.
Veja nossa matéria sobre redes sociais de livros
O tutorial também foi criado por uma usuária e ensina passo a passo como montar um cadastro, adicionar livros, encontrar amigos, colocar fotos, resenhas e muito mais. Veja o tutorial completo clicando aqui.

Fonte: Folha online

domingo, 13 de dezembro de 2009

Clarice Lispector



Sonhe com aquilo que você quiser. Seja o que você quer ser, porque você possui apenas uma vida e nela só se tem uma chance de fazer aquilo que se quer. Tenha felicidade bastante para fazê-la doce. Dificuldades para fazê-la forte. Tristeza para fazê-la humana. E ...esperança suficiente para fazê-la feliz. As pessoas mais felizes não têm as melhores coisas. Elas sabem fazer o melhor das oportunidades que aparecem em seus caminhos. A felicidade aparece para aqueles que choram. Para aqueles que se machucam. Para aqueles que buscam e tentam sempre. E para aqueles que reconhecem a importância das pessoas que passam por suas vidas. O futuro mais brilhante é baseado num passado intensamente vivido. A vida é curta, mas as emoções que podemos deixar duram uma eternidade!"

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

" Sensibilidade à luz pode afetar o aprendizado"



Sinais de desconforto ao sol e iluminação artificial intensa podem revelar dificuldades nas atividades escolares, leitura, equilíbrio e fala.

Você sabe como está o desenvolvimento escolar e pessoal do seu filho? Observar o comportamento do aluno durante os estudos e as brincadeiras é a melhor forma de acompanhar e perceber como está sua evolução. Segundo a oftalmologista Dra. Márcia Guimarães, o desconforto ao sol, a utilização de régua ou dedo para acompanhar as linhas de um texto, o apoio da testa com as mãos durante a leitura, a procura constante por sombra para brincar e a distração no momento dos estudos são sinais de que as atividades não estão sendo aproveitadas integralmente.

"A exposição à luz solar ou à luminosidade intensa em diversos ambientes, como escritórios, escolas e supermercados, pode provocar, em diversos indivíduos, sensações de irritabilidade, ansiedade e fortes dores de cabeça. Isso acontece porque essas pessoas podem ser portadoras de hipersensibilidade a uma determinada freqüência de luz, já que percebem a luminosidade mais forte e brilhante que as demais pessoas", observa a médica.

Quando o sistema visual está comprometido, o aprendizado será afetado. Isso porque 85% de tudo que se aprende são informações recebidas pela visão. Possíveis problemas de aprendizagem não são detectados com o exame ocular tradicional. Para detectá-los em tempo hábil de não afetar o desempenho escolar, é necessário fazer exames e testes mais específicos que avaliam o processamento cerebral da visão. "O ideal é que a análise seja feita além do simples exame do olho, observando todo o processo visual do indivíduo. Isso porque é o cérebro o responsável pela visão. O olho é apenas a parte captadora da luz", explica Dra. Márcia Guimarães.

Nos casos em que a hipersensibilidade à luz (também conhecida como fotofobia) chega a afetar o aprendizado, pode ser diagnosticado caso de Síndrome de Irlen que, segundo a oftalmologista, afeta 20% da população. "Essa incidência é ainda mais elevada em portadores de déficits de atenção, dislexia, hiperatividade, entre outros problemas. Mesmo bons leitores, sem dificuldades de aprendizagem, podem ser portadores desta hipersensibilidade. Nesses casos, ela se manifesta pelas crises de enxaqueca, irritabilidade, ansiedade e redução da produtividade profissional", detalha. Fora do ambiente escolar e de escritório, esses sintomas também podem aparecer em lugares com neblina, chuva, mormaço e trânsito, com as luzes noturnas e dos faróis, uma vez que nesses casos a claridade é instável.

O tratamento no Hospital de Olhos Dr. Ricardo Guimarães é realizado por meio da utilização de filtros de absorção seletiva, que bloqueiam determinadas freqüências de luz que são especialmente agressivas para essas pessoas. O paciente é atendido por uma equipe multidisciplinar que envolve psicólogos, pedagogos, fonoaudiólogos e oftalmologistas para que todas as causas possíveis sejam avaliadas e excluídas restando, assim, a opção bem direcionada para os filtros. "Esses filtros proporcionam maior contraste, conforto na leitura e mais concentração a esses pacientes, pois agem neurologicamente reduzindo a hiperatividade cortical e o stress", comenta.

Um levantamento realizado pelo Hospital de Olhos Dr. Ricardo Guimarães mostrou que, em 100 pacientes tratados com a técnica, 80% melhoraram muito em relação ao desconforto com a luz solar e artificial; sendo que outros 13% também sentiram alguma melhora. "Com a diminuição dessa sensibilidade, o processamento cerebral fica mais tranquilo, possibilitando benefícios no hábito de leitura, no equilíbrio, no comportamento, na autoestima, na fluência, na pontuação, na caligrafia, no tempo de execução das tarefas e no desempenho escolar", revela Dra. Márcia. Outras mudanças consideráveis são na compreensão e na leitura, que correspondem a 90% de melhora. Já os casos de irritabilidade e desatenção foram solucionados em 88% dos pacientes.

Fonte:ABN - Agência de notícias

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

O lazer na terceira idade


"O lazer na terceira idade tem o objetivo de despertar as potencialidades dos idosos para aspectos criativos e sociais, estimulando a socialização, o compartilhar de experiências, a sensibilidade, as emoções, a comunicação, o aprendizado de coisas novas, permitindo-lhes uma vida ativa sem obrigações..."

Uma das modificações que ocorrem na vida social das pessoas idosas é o aumento considerável do tempo livre que as pessoas adquirem principalmente com o processo da aposentadoria. Esse tempo pode ser aproveitado de diferentes maneiras com outras práticas que não as ocupacionais, sendo uma delas as atividades de lazer.
O lazer é definido pelo sociólogo francês Joffre Dumazedier como sendo o tempo que cada um tem para si. Representa o conjunto de ocupações não obrigatórias às quais o indivíduo pode se entregar de bom grado, seja para repousar, para se divertir, para desenvolver sua informação ou formação desinteressada, sua participação social ou sua livre capacidade criadora, depois de liberado de suas obrigações profissionais, familiares e sociais.

Assim, o lazer para a pessoa idosa constitui uma ocupação do tempo livre, a realização de atividades sem obrigatoriedade e acima de tudo de livre escolha. Com o processo de envelhecimento surgem mudanças nos interesses, nas preferências relacionadas às atividades de lazer. Observa-se uma diminuição de responsabilidade em tarefas domésticas e profissionais, porém nem sempre aumenta de forma significativa o interesse do idoso por atividades de lazer.


Tempo livre e tempo desocupado. É interessante conceituar “tempo livre” e “tempo desocupado”. O tempo livre permite a pessoa realizar o lazer isento de obrigações de qualquer natureza, é o tempo que cada uma tem para si, para fazer o que gosta, para conviver com quem você gosta, já o tempo desocupado pode se entendido como um período flutuante no qual o indivíduo não consegue ingressar no mercado de trabalho.Dentro desse contexto o lazer deve ser diferenciado de algumas definições estabelecidas pela sociedade:O lazer não se opõe ao trabalho, é um complemento do trabalho.

Excluem-se dele todas as atividades relacionadas a trabalhos profissionais, desvinculado de fins lucrativos, de trabalhos suplementares ou que complementam a atividade doméstica, atividades de manutenção (alimentação, sono, higiene, etc.) e tarefas de cunho obrigatório no âmbito familiar, sociais.O lazer não pode ser confundido com ociosidade.

O lazer corresponde a uma liberação periódica do fim do dia, da semana, do ano (período de férias) ou da vida funcional (aposentadoria). Lazer é um valor novo, surgido neste século com a formação da sociedade industrial. Corresponde a um tempo de liberação e de prazer em que os indivíduos escolhem uma atividade de acordo com critérios prioritários e interesses pessoais. Atualmente, com a evolução técnico-científica podemos ser produtivos mesmo não trabalhando tanto e tendo maior tempo livre, que poderia ser utilizado para o lazer.

O lazer é a busca de um estado de satisfação, entendido como um fim em si mesmo por responder às necessidades individuais em contraposição às obrigações impostas pela sociedade. O lazer envolve diferentes áreas de interesse que são procuradas pelos idosos de acordo com seu nível social, cultural e profissional.

Interesses físicos, interesses práticos, interesses artísticos, interesses intelectuais e interesses sociais.O mais importante é despertar no idoso a motivação em ocupar seu tempo livre conquistado após anos de trabalho, dedicação e contribuição. Devemos auxiliar o idoso na manutenção de seu equilíbrio físico e social, afastando-o do processo de isolamento, da vulnerabilidade a doenças.

O lazer na terceira idade tem o objetivo de despertar as potencialidades dos idosos para aspectos criativos e sociais, estimulando a socialização, o compartilhar de experiências, a sensibilidade, as emoções, a comunicação, o aprendizado de coisas novas, permitindo-lhes uma vida ativa sem obrigações, com mais satisfação e qualidade, sendo valorizados e respeitados pela sociedade.

Fonte: uol.com.br / notícias/ Elisandra Vilela

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

A Família Moderna



Partindo do ponto de vista da Psicanálise de Família e de suas abordagens clínico teóricas, especialistas abordam a complexidade no seio familiar contemporâneo.

A nova estrutura familiar e a noção de casal servem de enlaces para o debate sobre a existência da família, agora livre das amarras da heterossexualidade e das exigências socioeconômicas que lhe serviu de alicerce por tantos séculos.

Sabemos das inúmeras alterações ocorridas no conceito e na estruturação da família, ocorridas no último século. Entramos no século XXI tendo de encontrar novas formas de lidar com os problemas gerados no seio dessas novas famílias e é esse o enfoque central que buscamos dar a esse material.

Em primeiro lugar, cabe lembrar que a partir das enormes mudanças oriundas do capitalismo avançado, entre elas o consumismo e comunicação de massa; questionamento da autoridade paterna e do Estado; individualismo e narcisismo; Psicologismo; avanço técnico-científico com as fertilizações in vitro, barrigas de aluguel, células-tronco, globalização; entre outros fatores, o sujeito se viu envolvido em fortes transformações que atingem sua forma de estar no mundo.
Novas patologias como as bulimias, anorexias, obesidade, compulsões, drogadição, suicídios e a violência mostram que o sujeito contemporâneo está muito mais para o "borderline" do que o neurótico descrito por Freud.
Isso não só denota uma alteração na estruturação do sujeito, como também nos faz mirar de forma diferente a família pós-moderna, com suas idiossincrasias e transformações. Assim, não é só o capitalismo avançado que demanda esse sujeito "borderline"; é a família atual que tende a construí-lo!

Senão vejamos: vivemos numa era em que o tempo é escasso, os níveis de afetividade no seio da família sofrem diversos constrangimentos (divórcios, famílias ampliadas, redução do número de filhos), a tríplice jornada da mulher e do homem reduz enormemente sua disponibilidade para cuidar da prole, redundando em uma família em que as relações de parentesco se tornaram bastante complexas.

Aos, psicanalistas, só resta entender toda essa transfiguração e buscar dar aos que sofrem apoio para se adaptar a essa nova ordem. Tentamos oferecer um acolhimento que permita a construção de uma mente capaz de abrigar minimamente a torrente de emoções, pensamentos e fantasias próprias do ser humano.

Nesse sentido, buscamos, mostrar o que vem surgindo em nossos consultórios, nas escolas, e no dia a dia de cada criança. Pensamos que a partir desse diálogo com outros ramos do saber é que poderemos encontrar novas formulações teóricas, novas propostas terapêuticas, e assim ajudar o homem pós-moderno em suas crises no viver.

Podemos definir a noção de casal de acordo com a separação de sexos, que ainda hoje é encontrada nos dicionários e na maioria das representações que fazemos de um casal.
Em seguida, refletimos pela noção de família, tendo como polo original as diferentes nuances com que se pode olhar para o casal familiar: marido e mulher; pai e mãe; avô e avó.

Nesse modelo familiar dito tradicional, a presença obrigatória de um genitor do sexo masculino e um do sexo feminino, na formação de uma família, permitiu a criação de um modelo de identificação sexual triangular, que Freud traduziu ao mundo tão bem, pelo mito de Édipo. Por meio dele, meninos e meninas são levados a se identificar com o genitor do sexo oposto, por força do complexo de Édipo, cuja resolução deságua na identidade masculina e feminina.

A transição gradual, mas segura, da importância da heterossexualidade como meio de subjetivação e introjeção do masculino/feminino, agora em fase de substituição pela noção de gênero, tem mudado radicalmente a qualidade da vincularidade familiar e, com isso, os processos de subjetivação mediadores do humano no homem. Assim, questiona-se como a ideia de família pode sobreviver sem Édipo e sem "inveja do pênis"?

Na atualidade, não é mais possível contar apenas com o modelo familiar nuclear como ambiente de formação da subjetivação humana, porque as mudanças sociais que marcaram nossa época levaram a um apagamento dos símbolos que marcavam os espaços familiares tradicionais, esmaecidos pela ausência da mulher na casa; pela terceirização da educação inicial da criança, agora partilhada com a pré-escola pelas mães que trabalham fora; pelas mudanças no mercado de trabalho, que vêm abalando a imagem do pai provedor do sustento/ mãe provedora de afeto, que a dupla de genitores tradicionais mantinha.

Esse novo conceito muda também a relação do indivíduo com o mundo. Mães e pais sentem-se cada vez mais pressionados pela pós-modernidade e refletem esse anseio para a vida em grupo, no seio familiar. É cada vez mais comum filhos acumularem atividades extraescolares (cursos de inglês, futebol, balé, escoteiro) enquanto os pais acumulam horas de trabalho. A falta de contato, de diálogo, de interação é preocupante. O jantar com a família é constantemente adiado e a falta de tempo (ícone dos tempos modernos) deixa a mesa cada vez mais vazia.

É nesse contexto que se observa, de forma nítida, o fenômeno que denomino "terceirização da família". Trata-se de um deslocamento do conceito econômico contempo-râneo "terceirização de serviços e de produção", adotado por empresas que buscavam racionalizar custos e aumentar sua eficiência. Para poder se dedicar às atividades momentaneamente mais impor-tantes, essas empresas delegam para outras determinadas operações de sua produção ou do serviço que prestam.

De maneira similar, a família atual, para se manter no compasso das exigências sociais e econômicas de nossa sociedade, parece terceirizar algumas de suas funções, dentre elas a da educação dos filhos...Seja como for, observa-se hoje que a revisão do modelo tradicional de família tem provocado mudanças nas funções familiares, das quais, uma das principais parece ser representada pelo fato da interdição e limites não serem mais consideradas funções ligadas ao sexo paterno.

Assim, podemos pensar o casal e seus dependentes como um grupo de indivíduos interligados por um mundo de relações simbólicas que, no tempo e no espaço, constroem uma história sobre si própria, seus próprios mitos no qual eu, você, as crianças, são ideias com valores e forças diferentes, na linha do tempo e nos diferentes arranjos familiares: carregam a força do sangue no arranjo heterossexual e tão somente a força do afeto nos casais homoparentais.

Podemos pensá-la também com a ajuda de Eiguer que a vê como um grupo de indivíduos entrelaçados por vínculos, no qual as relações de objetos e as transferências são ordenadas por organizadores familiares, de forma que as diferenças da estrutura individual se apagam diante da importância atribuída à teia de relações, continuamente estabelecidas e reconstituídas pelo grupo familiar.

Nessa nova construção simbólica da família, a noção de sexo vem perdendo espaço para os domínios do gênero, criando as condições psicossociais para a aceitação e o reconhecimento oficial da família homoparental e das diversas outras configurações familiares discutidas na atualidade. Isso traz para o primeiro plano da Psicanálise de família a questão dos organizadores familiares trazida por Eiguer, na medida em que eles parecem constituir uma heurística capaz de nos ajudar a pensar as bases psíquicas com que as novas famílias estão se constituindo.

Apesar disso tudo, o conceito de família, - seja ela estruturada pelo casal heterossexual ou homossexual, matriarcal, tradicional ou constituída por meio-irmãos -, permanece firme no ideal do ser humano. A família traz os limites do espaço mediado por relações afetivas, capazes de propiciar a seus membros o espaço mental necessário para o desenvolvimento do pensamento, capacidade para delimitar fronteiras adequadas, entre a falta e o excesso, de forma que exista a possibilidade de manter trocas afetivas que contenham funções de ouvir, discernir e acompanhar, sem ceder à ânsia de eliminar conflitos.

No filme Shelter, a irmã deixa seu filho a maior parte do tempo com o protagonista, para curtir a farra. Cansado dessa situação, e ainda apaixonado pelo irmão do seu amigo, o jovem resolve adotar o sobrinho com o seu amor e construir uma família.


ReferênciasFREUD S. Três ensaios sobre a teoria da sexualidade - 1905. Rio de Janeiro: Imago,1989 CASSIRER E. Ensaio sobre o Homem. São Paulo: Martins Fontes, 1997 SARTI C. A. A família como ordem simbólica. São Paulo: Psicologia da USP. Vol. 15/3, 2004 EIGUER A. Um divã para a família. Porto Alegre: Artes Médicas, 1985 BERENSTEIN I. Psicoanalizar una família. Buenos Aires: Paidós, 1996 (2ª reimpressão) BOX S., COPLEY B., MAGAGNA J., MOUSTAKI E. Psicoterapia com famílias: Uma abordagem psicanalítica. São Paulo: Casa do Psicólogo, 1994- fonte: uol.com

sábado, 5 de dezembro de 2009

" Espiritualidade do Natal"- Leonardo Boff



Há dentro de nós uma chama sagrada coberta pelas cinzas do consumismo, da busca de bens materiais, de uma vida distraída das coisas essenciais.

É preciso remover tais cinzas e despertar a chama sagrada.
E então irradiaremos. Seremos como um sol.

Esta palestra se realiza na época que antecede o Natal.
Talvez seja este o significado maior da festa que vamos celebrar:
a espiritualidade na carne quente e mortal, assumida pelo Verbo da Vida.

O espírito do Natal, sua espiritualidade específica, é exatamenteo oposto do espírito dominante na cultura atual, que é um espírito marcado pelo consumo, pelo mercado, pela concorrência, pela compra, pelo negócio, pelo interesse. Um espírito que transforma tudo em mercadoria, do sexo a Deus.

O Natal vive da gratuidade, da doação, da singeleza, da convivialidade, do dom de se fazer presente ao outro.
Vive da alegria de ver uma vida nascendo, porque não pode haver tristeza quando nasce a vida. E de saber que essa criança que está aí, o divino Infante, somos nós, fundamentalmente.
Porque há em nós uma dimensão de criança dourada que nunca se perdeu e que permanece para além da idade adulta, reclamando seu direito de entender a vida também como algo lúdico, algo leve, algo que vale por si. Pouco importam os interesses em que investimos na nossa vida. Ela vale por si mesma, porque é um valor supremo.

O Natal quer ressuscitar essa dimensão espiritual no ser humano, quer anunciar que é nessa atmosfera que Deus também se acercou de nós. Não veio como um césar poderoso nem como um sumo-sacerdote, menos ainda como empresário ou filósofo. (Lembremos a frase de Fernando Pessoa: "Jesus não entendia nada de finanças nem consta que tivesse biblioteca" ). Ele se aproximou na forma de uma criança pobre que nasce no subúrbio, no meio de animais. Para que ninguém se sentisse distante Dele, para que todos pudessem experimentar o sentimento de ternura que desperta uma criança que queremos carregar no colo e sobre a qual nos vergamos, maravilhados.

Este é o caminho que Deus escolheu para acercar-se de nós, para poder andar conosco por nossos estreitos caminhos.
Talvez seja um Deus que não nos explique a razão do mal do mundo, mas que sofre junto conosco.
Talvez não nos explique por que tanto trabalho para tão pouca felicidade, mas trabalha junto, e se faz carpinteiro. Assume tudo o que é radicalmente humano.
Chora expressando a tristeza com a morte do amigo Lázaro. Entretém amizade com duas mulheres, Marta e Maria, e com Maria de Magdala, chamada de sua companheira, por mais escandaloso que isto fosse naquele tempo. Enche-se de ira sagrada e toma do chicote quando vê o espaço sagrado sendo transformado num mercado. Mas também se enche de indizível ternura abraçando as crianças e dizendo, resolutamente, que ninguém as afaste.
Tudo isso é Jesus, tudo isso é Deus na nossa carne quente e mortal.

Um Deus que encontramos dentro de nós e de nosso cotidiano, sem precisar buscá-lo aqui e ali, mas buscá-lo na nossa interioridade, onde Ele, um dia, penetrou e de onde nunca mais saiu, nos fazendo filhos e filhas, semelhantes ao seu Filho Jesus.
E quando chegar a nossa hora de partir, Ele vem, toma o que é Dele e leva para o SeuReino, isto é, nos leva cada um para Sua casa, porque nós, Seus familiares, pertencemos à casa Dele.

Este é para mim o significado maior da encarnação, do mistério do Natal que celebramos, um dos pontos altos da espiritualidade cristã. Em um mundo altamente conflituoso, ameaçado de todas as partes, podemos fazer um parênteses e dizer:"Agora não.
Agora vamos festejar, vamos comer,vamos ser todos irmãos e irmãs, vamos acender a luz na convicção de que a luz tem mais direito do que todas as trevas. Fazemos isso tudo por causa Dele, Jesus, o Filho bem-amado, porque somos irmãos e irmãs Dele, também filhos e filhas bem-amados.

"Se reservarmos em nossa vida um pouco de espaço para essa espiritualidade, ela vai nos transformando, pois este é o condão da espiritualidade: produzir uma transformação interior. Essa transformação acenderá nossa chama interior que produz luz e calor e nos dá mil razões para vivermos como humanos. Assim, caminharemos serenos neste mundo, junto com outros e na mesma direção que aponta para a Fonte de abundância permanente de vida e de eternidade.
E mergulharemos nessa Fonte de espiritualidade, que é Fonte de espírito, de vida, de amorização, de realização e de paz.


Leonardo Boff in: Espiritualidade: Caminho de Transformação
- Editora Vozes -

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

"Muitas Luas"- Iza Sosnowski


Muitas Luas


Minha rua. Meu caminho!
Tanto minha, quanto tua!
Nossas vidas... Muitas luas!
Alamedas...
Veredas... Insinua em meus passos,
histórias minhas, tuas... Nossos laços!

Mãos dadas com o tempo!
Um cotidiano deitando sentimentos,
Na cadência de passos... do nosso andar!
Imensuráveis passos... De ir e vir!
Na rua que vai ficar...
Nos rastros que irão partir!
Os afagos... No recôndito do olhar,
À os Ipês, Paineiras... Árvores outras!
Que margeiam os portões...
Sombreando da calçada... A o meio-fio!
Das flores... Em todas as estações,
que irão perder-se dos meus passos... No vazio!
Que se apagarão nas lágrimas da chuva!
Junto às folhas mortas do Outono!
Nos dias cinza... E tardes turvas!
Onde o vento soberano e dono
Fará delas seiva e berço das sementes!
Em prol da criação...
Fará sua parte neste ritual!
A rua terá no tempo, face igual,
Com a sua cumplicidade!
Dos meus passos... Nem som, nem traços!
Tão somente terão espaço... Nas lacunas da saudade!



Iza Sosnowski

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

" Preguiça de sofrer"- Zuenir Ventura


Há 26 anos, elas cumprem uma alegre rotina: às sextas-feiras pela manhã sobem a serra e descem aos domingos à tarde, quando não permanecem a semana toda lá, em sua casa de Itaipava, distante hora e meia do Rio. São quatro irmãs de sobrenome Sette - Mily, a mais velha, de 86 anos; Guilhermina (84), Maria Elisa (76) e Maria Helena (73) - mais a cunhada Ítala (87), a prima Icléa (90) e a amiga de mais de meio século, Jacy (78). O astral e a energia da "Casa da sete velhinhas" são únicos.
Elas cuidam das plantas, visitam exposições, assistem a shows, lêem, jogam baralho, conversam, discutem política, vêem televisão, fazem tricô, crochê e sobretudo riem. Só não falam e não deixam falar de doença e infelicidade. Baixaria, nem pensar.
Quando preciso tomar uma injeção de ânimo e rejuvenescimento, subo até lá, como fiz no último sábado. Já viajamos juntos algumas vezes, como a Tiradentes, por cujas redondezas andamos de jipe, o que naquelas estradas de terra é quase como andar a cavalo. Tudo numa boa.
Elas têm uma sede adolescente de novidade e conhecimento. Modéstia à parte, são conhecidas como "As meninas do Zuenir". Me dão a maior força. Quando sabem que estou fazendo alguma palestra no Rio, tenho a garantia de que a sala não vai ficar vazia. São meu público cativo e ocupam em geral a primeira fila.
Numa dessas ocasiões, com a casa cheia, elas chegaram atrasadas e fizeram rir ao se anunciarem a sério na entrada: "Nós somos as meninas do Zuenir".
Nos conhecemos nos anos 70, quando morávamos no mesmo prédio no Rio e Maria Elisa, que é química, passou a dar aulas particulares de matemática para meus filhos, ainda pequenos, de graça, pelo prazer de ensinar.
Depois nos mudamos, continuamos amigos e nossa referência passou a ser a casa de Itaipava, onde minha mulher e eu temos um cantinho, um pequeno apartamento na parte externa da casa, os "Alpes suíços".
No começo o terreno não passava de um barranco de terra vermelha. Hoje é um jardim suspenso, com árvores e flores variadas que constituem uma atração para os pássaros. Dessa vez, não cheguei a tempo de ver a cerejeira florida, mas em compensação assisti a uma exibição especial de um casal de papagaios.
O interior da casa é um brinco, não fossem elas meio artistas, meio artesãs, todas muito prendadas, como se dizia antigamente. Helena e Jacy, por exemplo, tecem mantas e colchas de tricô e crochê que á mereceram exposições.
Mily desafia a idade preferindo as novas tecnologias e a modernidade, sem falar no vôlei, de que é torcedora apaixonada. Sabe tudo de computador e, com Jacy, freqüenta todos os cursos que pode: de francês a ética, de inglês a filosofia.
Na parede, Tom Jobim observa tudo. A foto é autografada para Elisa, de quem ele foi colega no Andrews. Aliás, nesse colégio da Zona Sul do Rio, Guilhermina trabalhou 53 anos, como secretária e professora de Latim, que ela ensinava pelo método direto, ou seja, falando com os alunos. Ficou muito feliz quando na praia ouviu, vindo de dentro do mar, o grito de alguém no meio das ondas, provavelmente um surfista: "Ave, magister!".
Amiga de personagens como o maestro Villa-Lobos, ela ajudou ou acompanhou a carreira de dezenas de jovens que passaram por aquele tradicional colégio, cujo diretor uma vez lhe fez um rasgado elogio público, ressaltando o quanto ela era indispensável ao educandário.
No dia seguinte, ela pediu as contas, com essa sábia alegação: "Eu quero sair enquanto estou no auge, não quando não souberem mais o que fazer comigo". Foi para casa e teve um choque, achando que não ia suportar a aposentadoria.
Durou pouco, porque logo arranjou o que fazer. É tradutora e gosta muito de etimologia: adora estudar a vida das palavras desde suas origens, principalmente quando são gregas. Ah, nas horas vagas faz bijuterias.
Para explicar como se desvencilhou do vazio de deixar um emprego de 53 anos e começar nova vida já velha, Guilhermina usou uma frase que se aplica a todas as outras seis velhinhas e que eu gostaria de adotar também: "Tenho preguiça de sofrer". Não são o máximo as meninas do Zuenir?"
Fonte: Rio, 20.07.2006 Zuenir Ventura Colunista do "O Globo"

sábado, 28 de novembro de 2009

"Kit do Psicopedagogo"


Este kit deve acompanhá-lo durante toda a sua caminhada enquanto ensinante e aprendente.
Nele você encontrará o indispensável para exercer humanamente a profissão que agora abraça:

Uma lupa, para que você possa ampliar seu campo de visão e enxergar além das aparências;
Um fone que lhe faça parar e dedicar boa parte de seu tempo a ouvir com atenção;
Um microfone que amplie sua voz para que fale na hora certa e mantenha-se sempre em movimento/ação;
Um bloquinho de anotações e lápis são muito importantes para que escreva seus mais profundos pensamentos e as novas idéias que
surgirem... e não se esqueça de registrar as emoções que viverá !
E lembre-se de pensar e agir sempre com o coração pois os vínculos criados e as atitudes tomadas com afeto são para toda a vida e fazem a nossa caminhada juntos ser mais leve, agradável e feliz!

Sucesso, paz e felicidade!


Carla Elizei
(Graduada em Pedagogia; Especialista em Pedagogia com ênfase em Ensino Religioso pelo UNIS; Especialista em MBA - Gestão Educacional pela PUC-RS; Especialista em Psicopedagogia pela Faculdade Promove / Fundação Aprender; Mediadora em PEI – Nível I pelo ICELP; Especialista em Gestão do Conhecimento pela Província Marista Brasil entro-Norte).

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

"Aluno ouropretano é eleito um dos melhores estudantes de geografia do país pelo Desafio National Geographic"




O mineiro de Ouro Preto Hugo Demattos Nogueira, 15 anos, estudante do Colégio Arquidiocesano, conquista o terceiro lugar no 2º Desafio National Geographic - Viagem do Conhecimento, deixando o Estado de Minas Gerais, pelo segundo ano consecutivo, entre os três melhores na competição estudantil de geografia que, neste ano, foi disputada por 276 mil alunos das redes de ensino pública e privada de todo o Brasil.

Em 2008, o estudante mineiro Rodolfo Francisco Marques foi o grande vencedor do 1º Desafio National Geographic - Viagem do Conhecimento.


A Fase Nacional do desafio, realizada na capital paulista, reuniu os 20 alunos que atingiram as melhores notas nas duas fases anteriores, e incluiu visitas a museus e locais históricos, e a realização de duas provas. Na agenda de passeios, uma visita a Paranapiacaba, em Santo André/SP, foi à atividade em campo e tema da segunda e última prova da competição.

Realizada no auditório do edifício da Editora Abril, em São Paulo, na noite de sábado, 14 de novembro, a cerimônia de premiação condecorou os três primeiros colocados da competição: o primeiro lugar ficou com Lucas Silva Souza, 15 anos, representante do Colégio Termomecânica, de São Bernardo do Campo/SP; o segundo foi Izaú Gomes Querino Rodrigues Neto, 15 anos, do Centro de Ensino Médio Integrado à Educação Profissional, de Brasília/DF; e o terceiro, Hugo Demattos Nogueira, 15 anos, do Colégio Arquidiocesano de Ouro Preto/MG.

Além dos seus responsáveis, os alunos estavam acompanhados por seus professores de geografia, fundamentais na participação no 2º Desafio National Geographic: Antonio Ive Marinheiro, de São Bernardo do Campo/SP, Alba Maria Cúrcio Ferreira, de Brasília/DF, e Márcio Moreira II , de Ouro Preto/MG. Os três vencedores ganharam pacotes de 7 dias no Resort Rio Quente, em Caldas Novas, Goiás, prêmios foram doados pelo Resort Rio Quente e pela TAM.

Todos os 20 finalistas, estudantes do ensino médio e fundamental de várias partes do Brasil, receberam suas medalhas de melhores estudantes de geografia do país. A segunda edição do Desafio National Geographic contou também com o patrocínio da Caixa Econômica Federal e apoio do Instituto Claro.

A competição estudantil, idealizada pela Editora Abril e a revista National Geographic Brasil, busca despertar nos jovens estudantes o interesse pelo conhecimento geográfico e pela chamada "cultura de viagem" em todas as suas fases.

No dia 20 de novembro, as provas e gabaritos da Fase Final serão divulgados no site oficial:www.viagemdoconhecimento.com.br

Fonte: Rede Pitágoras

" A arte de ser feliz- Frei Betto"

Recebi de uma amiga este apelo: “Existe alguma receita capaz de fazer uma pessoa se apaixonar por algo - seja o que for? Nem precisa ser coisa transcendental. Algo que dê um sentido à vida. Não que a vida seja desprovida de sentido, mas desprovida de sabor.

“ É claro que estou me referindo a mim, e posso até estar sendo exigente demais, ou cruel demais com a minha pessoa. Mas é esta a reflexão de hoje, de agora. Me dou conta de que não tenho paixão alguma. Pelo menos é o que a minha mente me fala e o que percebo. Isso me faz sentir falta de algo...

“Tem gente que gosta de corrida de carros, de cavalos, de barcos. Gente que ama fazer tricô, escalar montanhas, meditar hoooooras a fio; gosta de ler, de ser médico, jornalista, político até. Puxa vida... como admiro isso. A vida frenética das cidades pulsa em algumas pessoas, e a vida pacata do campo, em outras.
Tenho alegrias e uma normalidade ética permeada por um bom senso bem bacana. Mas eu sinto (até irracionalmente), de forma muito forte, a impermanência.

“ Um dia você disse que gostaria de ser semente. Refleti sobre e... nada aconteceu. O ritual inevitável da convivência e tudo o que envolve as relações interpessoais, somados a um bom astral, já cuidam disso. Queria me apaixonar. Ter um hobby. Qualquer um.

“Alegrias são muitas. Tenho o sorriso fácil... Mas a felicidade é coisa rara, de frágeis e preciosos momentos. Tenho uma implicância danada com aquela música do Zeca Pagodinho que diz: “... deixa a vida me levar... vida leva eu..." Quero sentir um sentido. A vida, o planeta, a diversidade religiosa, etc, são assombrosos de tanto infinito. Mas permaneço no raso. Sem querer explorar o seu tempo e os seus insights... digo: gostaria de saber o que você teria a dizer sobre isso.”

Fiquei pensativo. Há pessoas que me julgam portador de respostas para os impasses da vida. Mal sabem elas quantos acumulos em minha trajetória. Contudo, sei o que é felicidade. Difere da alegria. Felicidade é um estado de espírito, é estar bem consigo, com a natureza, com Deus. Com os outros, nem sempre. As relações humanas são amorosamente conflitivas. Invejas, mágoas, disputas, mal-entendidos, são pedras no sapato.

Alegria é algo que se experimenta eventualmente. Uma pessoa pode ser feliz sem parecer alegre. E conheço muitos que esbanjam alegria sem me convencerem de que são felizes.

Após meditar sobre a consulta de minha amiga, respondi: “Querida X: diria que a primeira coisa é sair da toca... Enturmar-se com quem já encontrou algum sentido na vida: a equipe de jogo de xadrez, a turma do cinema de arte em casa, o grupo político, a ONG da solidariedade etc. É preciso enturmar-se, sentir a emulação que vem da comunidade, dos outros, esse entusiasmo que, se hoje falta em mim, exala do companheiro ao lado...

“ Você pode encontrar a paixão de viver em mil atividades: ler histórias num asilo, ajudar voluntariamente num hospital pediátrico, costurar para uma creche ou participar de um partido político, um grupo de apoio a movimentos sociais; alfabetizar domésticas e porteiros de prédios ou se dedicar a pesquisar a história do candomblé ou por que tantos jovens buscam na droga a utopia química que não encontram na vida.

“Mas, sobretudo, sugiro mergulhar numa experiência espiritual. Mergulhar. É o que, agora, nesta manhã luminosa de Cruz das Almas (BA), me vem à cabeça e ao coração.”
O sábio professor Milton Santos, que não tinha crença religiosa, frisava que a felicidade se encontra nos bens infinitos. No entanto, a cultura capitalista que respiramos centra a felicidade na posse de bens finitos. Ora, a psicanálise sabe que o nosso desejo é infinito, insaciável. E a teologia identifica Deus como o seu alvo.

Ninguém mais feliz, na minha opinião, do que os místicos. São pessoas que conseguem direcionar o desejo para dentro de si, ao contrário da pulsão consumista que faz buscar a satisfação do desejo naquilo que está fora de nós. O risco, ao não abraçar a via do Absoluto, é enveredar-se pela do absurdo.

Como o Mercado, que tudo oferece em sedutoras embalagens, ainda não foi capaz de ofertar o que todos nós mais buscamos – a felicidade -, então tenta nos incutir a idéia de que a felicidade resulta da soma dos prazeres. Possuir aquele carro, aquela casa, fazer aquela viagem, vestir aquela roupa... nos tornará tão felizes quanto o visual dos atores e atrizes que aparecem em peças publicitárias.

Tenho certeza de que nada torna uma pessoa mais feliz do que empenhar-se em prol da felicidade alheia: isto vale tanto na relação íntima quanto no compromisso social de lutar pelo “outro mundo possível”, sem desigualdades gritantes e onde todos possam viver com dignidade e paz.

O direito à felicidade deveria constar na Declaração Universal dos Direitos Humanos. E os países não deveriam mais almejar o crescimento do PIB, e sim do FIB – a Felicidade Interna Bruta.
Frei Betto- Frade Dominicano, Teólogo, Antropólogo, Filósofo, Jornalista e Escritor - autor de 40 livros com obras editadas em vários países.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

" Adolescência e identidade"


"Ser adolescente não é fácil e meus pais não percebem isso", disse-me uma garota de 15 anos, chorando. Concordo com ela, por vários motivos. De largada, eles foram considerados "aborrecentes", uma expressão que deve ser riscada do vocabulário, já que sugere que os jovens aborrecem os adultos com suas crises, mudanças de humor, rebeldias etc. Com sua presença, enfim. A quem considera os adolescentes desagradáveis, lembro que todo adulto já encarnou um, fato que costuma ser convenientemente esquecido.
E lembro, também, que é preciso entender que deixar de ser criança significa, primeiramente, perder muita coisa.A ansiedade que os jovens sentem com as mudanças que ocorrem no corpo deles não é coisa pequena nesse mundo em que a aparência é tão valorizada, por exemplo. Mas hoje vou conversar sobre o processo de crise de identidade nessa fase.Os pais são o prolongamento da criança, já que tudo o que ela faz passa por eles. Perder esse apoio e referência tão fortes provoca vulnerabilidade e é trabalhoso porque significa construir e procurar sua própria identidade.
Isso supõe testar capacidades, aprender a reconhecer limites e riscos, organizar sua relação com o grupo e reconhecer o que quer e o que pensa, entre outros processos.Passar por isso com a fragilidade que os adultos vivem nesse tempo só torna as coisas ainda mais difíceis. Essa é a crise de identidade, uma das passagens inevitáveis desse período.
Para saber quem quer ser, o adolescente precisa saber quem são seus pais. Para chegar a um local desconhecido é preciso estar bem localizado, saber onde está e de onde veio, não é? O espírito da lei recentemente aprovada no Senado, que permite aos filhos adotados conhecer dados de seus pais biológicos, é esse.
O problema é que esse conhecimento tem sido complicado porque muitos pais não dão rumo aos filhos."Você escolhe, você é quem sabe, você decide" são expressões que os pais dizem com frequência a filhos pequenos acreditando que, com isso, lhes dão autonomia. Não. Desse modo, negam aos filhos o conhecimento de quem são e de onde estão e a própria condição de criança. "Sou praticamente um adulto", ouvi um garoto de nove anos dizer.
Para tornar-se adulto, o adolescente precisa passar por sua crise dentro da família para conseguir se organizar fora dela. Por isso, os pais precisam "segurar a onda", apoiá-lo e se fazer presentes não fisicamente sempre que o filho precisar.A família precisa ser continente para o filho em crise, mas muitos pais estão "caindo fora", como dizem os jovens. Ser impotente para se relacionar com o filho adolescente parece uma epidemia e isso só agrega dificuldade à já difícil tarefa deles -como reclamou a garota citada-, que só colabora para o adiamento da aquisição de uma identidade.Um adolescente não pode ser como uma criança, assim como um adulto não pode ser como um adolescente. Precisamos encontrar soluções para esse duplo problema.


Fonte: Bolg:Rosely Sayão

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Poesia- Fernando Pessoa


"É fácil trocar as palavras,
Difícil é interpretar os silêncios!
É fácil caminhar lado a lado,
Difícil é saber como se encontrar!
É fácil beijar o rosto,
Difícil é chegar ao coração!
É fácil apertar as mãos,
Difícil é reter o calor!
É fácil sentir o amor,
Difícil é conter sua torrente!

Como é por dentro outra pessoa?
Quem é que o saberá sonhar?
A alma de outrem é outro universo
Com que não há comunicação possível,
Com que não há verdadeiro entendimento.

Nada sabemos da alma
Senão da nossa;
As dos outros são olhares,
São gestos, são palavras,
Com a suposição
De qualquer semelhança no fundo".
Fernando Pessoa

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

"Estudo indica terapia para Síndrome de Down"



Brasília - Remédios já disponíveis no mercado para tratar depressão e déficit de atenção poderão servir para diminuir os problemas de memória e aprendizado que costumam acompanhar o desenvolvimento de pessoas com síndrome de Down.

É o que mostra um estudo publicado hoje na revista "Science Translational Medicine". Pesquisadores nos Estados Unidos testaram os medicamentos em camundongos geneticamente modificados para desenvolver uma forma da síndrome própria de roedores.


A alteração genética dificulta a memorização de informações contextuais e espaciais. Para seres humanos, isso pode significar um problema quando a pessoa conhece ambientes complexos como uma nova vizinhança ou um shopping center. Para as cobaias com deficiência, operações como a construção de ninhos são prejudicadas: ao ser transferido para uma nova gaiola, o animal não consegue adaptar o novo espaço físico.


Tudo levava a crer que o problema estava restrito ao hipocampo, região do cérebro responsável pelas memórias espaciais. Em geral, pessoas com síndrome de Down possuem ótimo desempenho em testes relacionados à memorização de sensações visuais, auditivas ou olfativas, operação coordenada por outra região do cérebro: a amígdala.


Para formar memórias no hipocampo, tanto seres humanos como roedores necessitam de um neurotransmissor chamado noradrenalina, produzido nos neurônios do locus coeruleus, outra região do sistema nervoso central. Os cientistas descobriram que, como nos humanos, as cobaias com síndrome de Down também apresentam um processo de degeneração no locus coeruleus, que prejudica a produção de noradrenalina.


Para corrigir o problema, utilizaram remédios que promovem a produção de noradrenalina no cérebro. Poucas horas depois de receber os medicamentos, os camundongos já apresentavam um comportamento semelhante ao de outras cobaias. Ao serem transferidos para novos hábitats, realizavam um rápido reconhecimento e começavam a construir um novo ninho.


"Ficamos surpresos com a rapidez do efeito das drogas", afirma Ahmad Salehi, principal autor do trabalho e pesquisador da Universidade Stanford. Mas ele sublinha que o efeito também cessava com igual rapidez quando o remédio era totalmente assimilado pelo corpo. Ele acredita que a existência de drogas já aprovadas, capazes de interferir na produção da noradrelina, poderá apressar os testes clínicos. Mesmo assim, preferiu não realizar nenhuma previsão de quando a terapia estaria disponível.

Fonte: As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

"A crise segundo Albert Einstein"


Não podemos querer que as coisas mudem se sempre fazemos o mesmo. A crise é a maior benção que pode acontecer as pessoas e aos países, porque a crise traz progressos. A criatividade nasce da angústia assim como o dia nasce da noite escura. É na crise que nascem os inventos, os descobrimentos e grandes estratégias. Quem supera a crise se supera a si mesmo sem ter sido superado.Quem atribui à crise seus fracassos e penúrias, violenta seu próprio talento e respeita mais os problemas que as soluções. A verdadeira crise, é a crise da incompetência.. O inconveniente das pessoas e dos países é a dificuldade para encontrar as saídas e as soluções. Sem crises não há desafíos, sem desafios a vida é uma rotina, uma lenta agonia. Sem crises não há méritos. É na crise que aflora o melhor de cada um, porque sem crise todo vento é uma carícia. Falar da crise é promovê-la,e calar-se na crise é exaltar o conformismo. Em vez disto, trabalhemos duro. Acabemos de uma vez com a única crise ameaçadora, que é a tragédia de não querer lutar para superá-la."
(Albert Einstein)

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

" Reverência ao destino"- Carlos Drummond de Andrade


Falar é completamente fácil, quando se tem palavras em mente que expressem sua opinião.Difícil é expressar por gestos e atitudes o que realmente queremos dizer, o quanto queremos dizer, antes que a pessoa se vá.

Fácil é julgar pessoas que estão sendo expostas pelas circunstâncias.Difícil é encontrar e refletir sobre os seus erros, ou tentar fazer diferente algo que já fez muito errado.

Fácil é ser colega, fazer companhia a alguém, dizer o que ele deseja ouvir.Difícil é ser amigo para todas as horas e dizer sempre a verdade quando for preciso.E com confiança no que diz.

Fácil é analisar a situação alheia e poder aconselhar sobre esta situação.Difícil é vivenciar esta situação e saber o que fazer ou ter coragem pra fazer.

Fácil é demonstrar raiva e impaciência quando algo o deixa irritado.Difícil é expressar o seu amor a alguém que realmente te conhece, te respeita e te entende.E é assim que perdemos pessoas especiais.

Fácil é demonstrar raiva e impaciência quando algo o deixa irritado.Difícil é expressar o seu amor a alguém que realmente te conhece, te respeita e te entende.E é assim que perdemos pessoas especiais.

Fácil é ver o que queremos enxergar.Difícil é saber que nos iludimos com o que achávamos ter visto.Admitir que nos deixamos levar, mais uma vez, isso é difícil.

Fácil é dizer "oi" ou "como vai?"Difícil é dizer "adeus", principalmente quando somos culpados pela partida de alguém de nossas vidas...

Fácil é abraçar, apertar as mãos, beijar de olhos fechados.Difícil é sentir a energia que é transmitida.Aquela que toma conta do corpo como uma corrente elétrica quando tocamos a pessoa certa.

Fácil é querer ser amado.Difícil é amar completamente só.Amar de verdade, sem ter medo de viver, sem ter medo do depois. Amar e se entregar, e aprender a dar valor somente a quem te ama.

Fácil é ouvir a música que toca.Difícil é ouvir a sua consciência, acenando o tempo todo, mostrando nossas escolhas erradas.

Fácil é ditar regras.Difícil é seguí-las.Ter a noção exata de nossas próprias vidas, ao invés de ter noção das vidas dos outros.

Fácil é perguntar o que deseja saber.Difícil é estar preparado para escutar esta resposta ou querer entender a resposta.

Fácil é chorar ou sorrir quando der vontade.Difícil é sorrir com vontade de chorar ou chorar de rir, de alegria.

Fácil é dar um beijo.Difícil é entregar a alma, sinceramente, por inteiro.

Fácil é sair com várias pessoas ao longo da vida.Difícil é entender que pouquíssimas delas vão te aceitar como você é e te fazer feliz por inteiro.

Fácil é ocupar um lugar na caderneta telefônica.Difícil é ocupar o coração de alguém, saber que se é realmente amado.

Fácil é sonhar todas as noites.Difícil é lutar por um sonho.

Eterno, é tudo aquilo que dura uma fração de segundo, mas com tamanha intensidade, que se petrifica, e nenhuma força jamais o resgata.


Carlos Drummond de Andrade

sábado, 14 de novembro de 2009

"Honrar pai e mãe"- Lya Luft




Se as relações familiares não fossem intrinsecamente complicadas, não existiria o mandamento "Honrarás pai e mãe". Comentário de grande sabedoria. Assunto inesgotável. Como educar, como cuidar neste mundo maravilhoso e tresloucado, com tanta sedução e tanta informação – um mundo no qual, sobretudo na juventude, nem sempre há o necessário discernimento para escolher bem?"

Saber distinguir o melhor do pior, ser capaz de observar e argumentar, são o melhor legado que família e escola podem dar. Na família, fica abaixo só do afeto e da segurança emocional. Na escola, importa mais do que o acúmulo de informações e o espaço das brincadeiras, num sistema que aprendeu erroneamente que se deve ensinar como se o aluno não tivesse de aprender. Fora disso, meus caros, não há salvação. Isso e professores supervalorizados e bem pagos, escola para todos – não mais milhões de crianças e jovens em casas cujo pátio é barro misturado a esgoto, ou na rua, com o crack e a prostituição. Um ensino que dê muito e exija bastante: ou caímos na farra e no despreparo para a vida, que inclui graves decisões pessoais e um mercado de trabalho cruel.

Bem antes da escola vem o fundamental, o ambiente em casa, que marca o indivíduo pelo resto de sua jornada. Se esse ambiente for positivo, amoroso, a criança acreditará que amor e harmonia são possíveis, que ela pode ter e construir isso, e fará nesse sentido suas futuras escolhas pessoais. Se o clima for de ressentimento, frieza, mágoas ocultas e desejos negativos, o chão por onde o indivíduo vai caminhar será esburacado. Mais irá tropeçar, mais irá quebrar a cara e escolher para si mesmo o pior.

Dificuldades familiares não têm a ver só com o natural conflito de gerações, mas também com a atitude geral dos pais. Eles têm entre si uma relação de lealdade, carinho, alegria? São realmente interessados, tentam assumir suas responsabilidades grandes e difíceis? Foi-se o patriarcado, em que havia regras rígidas. Eu não quereria estar na pele dos infratores de então, os filhos que ousavam discordar. Em lugar da anterior rigidez e distância, estabeleceu-se a alegre bagunça, com mais demonstrações de afeto, mais liberdade, mais respeito pelas individualidades – muitas vezes com resultados dramáticos. Lembro a frase que já escrevi nesta coluna, do psicólogo que me revelou: "A maior parte dos jovens perturbados que atendo não tem em casa pai e mãe, tem um gatão e uma gatinha". Talvez tenham uma mãe que não troca cabeleireiro e academia por horas de afeto com os filhos, ou um pai que corre atrás do dinheiro necessário para manter a família acima de suas possibilidades, por ilusão sua ou desejo de status de uma mulher frívola.

Crianças de 11 anos freqüentam festinhas em que rola o inenarrável: onde estão pai e mãe? Adolescentezinhos rodam de madrugada pelas ruas, dirigindo bêbados ou drogados: onde estão pai e mãe? Quase crianças passam fins de semana em casas de serra e praia reais ou fictícios, com adultos irresponsáveis ou só entre outras crianças, transando precocemente, drogando-se, engravidando, semeando infelicidade, culpa, desorientação pela vida afora. Onde estão os pais?

Ter filho é talvez a maior fonte de alegria, mas também é ser responsável, ah sim! Nisso sou rigorosa e pouco simpática, eu sei. Esse é o dilema fundamental numa sociedade que prega a liberalidade, o "divirta-se", o "cada um na sua", como num pré-apocalipse. Mais grave ainda num momento em que a honradez de figuras públicas (que deveriam ser nossos guias e modelos) é quase uma extravagância. Pais bonzinhos são tão danosos quanto pais indiferentes: o amor não se compra com presentes, nem permitindo tudo, nem fingindo não saber ou não querendo saber, muito menos desviando o olhar quando ele devia estar vigilante. Quem ama cuida: velho princípio inegável, incontornável e imortal, tantas vezes violado.


Fonte: Retirado da revista Veja da edição de 11 de junho de 2008

sábado, 7 de novembro de 2009

" As mãos de minha avó"



A minha avó que tinha mais de 90 anos, estava sentada num banco na varanda, e tinha um aspeto fraco. Ela não se mexia, estava apenas sentada a fixar seu olhar nas mãos. Quando me sentei ao pé dela, nem sequer se mexeu, não teve nenhuma reação.

Eu não a queria perturbar, mas ao fim de um certo tempo perguntei-lhe se estava bem. Ela levantou a cabeça e sorriu para mim.

- Sim, eu estou bem, não te preocupes, respondeu ela com uma voz forte e clara.

- Eu não a queria incomodar, mas você estava aí com o olhar fixado nas suas mãos, e eu apenas pretendi saber se estava tudo bem consigo.

- Já alguma vez viste bem as tuas mãos ? perguntou-me ela.

Quer dizer, vê-las como deve de ser?

Então eu olhei para as minhas mãos e fixei-as. Sem compreender bem o que ela queria dizer, respondi que não, nunca tinha olhado bem para as minhas mãos.

A minha avó sorriu para mim e contou-me o seguinte:

Pára um bocadinho e pensa bem como as tuas mãos te têm servido desde a tua nascença.

- As minhas mãos cheias de rugas, secas e fracas, foram as ferramentas que eu utilizei para abraçar a vida. Elas permitiram agarrar-me a qualquer coisa para evitar que eu caísse,
antes que eu aprendesse a andar. Elas levaram a comida à minha boca e vestiram-me

Quando era criança a minha mãe mostrou-me como uni-las para rezar.

Elas ataram as minhas botas e meus sapatos.

Elas tocaram no meu marido e enxugaram as minhas lágrimas quandoele foi para a guerra.

Elas já estiveram sujas, cortadas, enrugadas e inchadas.

Elas não tiveram jeito nenhum quando tentei segurar o meu primeiro filho.

Decoradas com a aliança de casamento, elas mostraram ao mundo que eu amavaalguém único e especial.

Elas escreveram cartas ao teu avô, e tremeram quando ele foi enterrado.Elas seguraram os meus filhos, depois os meus netos.

Consolaram os vizinhos e também tremeram de raiva quando havia algumacoisa que eu não compreendia.

Elas cobriram o meu rosto, pentearam os meus cabelos e lavaram o meu corpo.

Elas já estiveram pegajosas, úmidas, secas e com rugas.

Hoje, como nada funciona como dantes para mim, elas continuam a amparar-me
e, eu ainda as uno para orar.

Estas mãos contêm a história da minha vida.

Mas, o mais importante, é que serão estas mesmas mãos que um dia,Deus segurará para me levar com Ele para o seu Paraíso.

Com elas, Ele me colocará a Seu lado.

E lá, eu poderei utilisá-las para tocar na face de Cristo.

- Pensativo eu olhava para as minhas mãos.

Nunca mais as verei da mesma maneira.

Mais tarde Deus estendeu as Suas mãos e levou a minha avó para Ele.

Quando eu me machuco nas mãos, quando elas são sensíveis,
quando acarinho os meus filhos, ou a minha esposa, penso sempre na minha avó.

Apesar da sua idade avançada, ainda teve inteligência suficiente para me fazer
compreender o valor das minhas mãos!..

Obrigado DEUS, pelas minhas Mãos!..


*Texto: Autor desconhecido, recebido por email.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

"Ostra feliz não faz pérola"- Rubem Alves




O texto está no livro de mesmo nome (Ostra feliz não faz pérola - ed. Planeta) do Rubem Alves e, como sempre acontece, leva à reflexão.
Ostra Feliz Não Faz Pérola

"Ostras são moluscos, animais sem esqueletos, macias, que são as delícias dos gastrônomos. Podem ser comidas cruas, de pingos de limão, com arroz, paellas, sopas. Sem defesas - são animais mansos - seriam uma presa fácil dos predadores. Para que isso não acontecesse a sua sabedoria as ensinou a fazer casas, conchas duras, dentro das quais vivem.

Pois havia num fundo de mar uma colônia de ostras, muitas ostras. Eram ostras felizes. Sabia-se que eram ostras felizes porque de dentro de suas conchas saía uma delicada melodia, música aquática, como se fosse um canto gregoriano, todas cantando a mesma música. Com uma exceção: de uma ostra solitária que fazia um solo solitário.

Diferente da alegre música aquática, ela cantava um canto muito triste. As ostras felizes se riam dela e diziam: "Ela não sai da sua depressão...". Não era depressão. Era dor. Pois um grão de areia havia entrado na sua carne e doía, doía, doía. E ela não tinha jeito de se livrar dele, do grão de areia. Mas era possível livrar-se da dor.

O seu corpo sabia que, para se livrar da dor que o grão de areia lhe provocava, em virtude de sua aspereza, arestas e pontas, bastava envolvê-lo com uma substância lisa, brilhante e redonda. Assim, enquanto cantava o seu canto triste, o seu corpo fazia o seu trabalho - por causa da dor que o grão de areia lhe causava.

Um dia passou por ali um pescador com seu barco. Lançou a rede e toda a colônia de ostras, inclusive a sofredora, foi pescada. O pescador se alegrou, levou-a para casa e sua mulher fez uma deliciosa sopa de ostras. Deliciando-se com as ostras, de repente seus dentes bateram num objeto duro que estava dentro de uma ostra. Ele o tomou nos dedos e sorriu de felicidade: era uma pérola, uma linda pérola. Apenas a ostra sofredora fizera uma pérola. Ele a tomou e deu-a de presente para a sua esposa.

Isso é verdade para as ostras. E é verdade para os seres humanos. No seu ensaio sobre O nascimento da tragédia grega a partir do espírito da música, Nietzsche observou que os gregos, por oposição aos cristãos, levavam a tragédia a sério. Tragédia era tragédia. Não existia para eles, como existia para os cristãos, um céu onde a tragédia seria transformada em comédia. Ele se perguntou então das razões por que os gregos, sendo dominados por esse sentimento trágico da vida, não sucumbiram ao pessimismo.
A resposta que encontrou foi a mesma da ostra que faz uma pérola: eles não se entregaram ao pessimismo porque foram capazes de transformar a tragédia em beleza. A beleza não elimina a tragédia, mas a torna suportável. A felicidade é um dom que deve ser simplesmente gozado. Ela se basta. Mas ela não cria. Não produz pérolas. São os que sofrem que produzem a beleza, para parar de sofrer. Esses são os artistas. Beethoven – como é possível que um homem completamente surdo, no fim da vida, tenha produzido uma obra que canta a alegria? Van Gogh, Cecília Meireles, Fernando Pessoa...”.


Rubem Alves.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

"Desaposentar" - Domingos Pellegrini



Ele chegou à praça com uma marreta. Endireitou a estaca de uma muda de árvore e firmou batendo com a marreta.
Amarrou a muda na estaca e se afastou como pra olhar uma obra de arte.
Não resisti a puxar conversa:
- O senhor é da prefeitura?
- Não, sou da Alice, faz quarenta e dois anos. Minha mulher.
- Ah… O senhor quem plantou essa muda?
- Não, foi a prefeitura.
Uma árvore velha caiu, plantaram essa nova de qualquer jeito, mas eu adubei, botei essa estaca aí.
Olha que beleza, já está toda enfolhada.
De tardezinha eu venho regar.
- Então o senhor gosta de plantas.
- De plantas, de bicho, até de gente eu gosto, filho.
- Obrigado pela parte que me cabe…
Ele sorriu, tirou um tesourão da cinta e começou a podar um arbusto.
- O senhor é aposentado?
- Não, sou desaposentado.
Foi podando e explicando:
- Quando me aposentei, já tinha visto muito colega aposentar e murchar, que nem árvore que você poda e rega com ácido de bateria…
Sabia que tem comerciante que rega árvore com ácido de bateria pra matar, pra árvore não encobrir a fachada da loja?
É… aí fica com a loja torrando no sol!
Picotou os galhos podados, formando um tapete de folhas em redor do arbusto.
- É bom pra terra… tudo que sai da terra deve voltar pra terra…
Mas então, eu já tinha visto muito colega aposentar e murchar.
Botando bermuda e chinelo e ficando em casa diante da televisão.
Bundando e engordando…
Até que acabaram com derrame ou infarto, de não fazer nada e ainda viver falando de doença.
Cortou umas flores, fez um ramalhete:
- Pra minha menina. A Alice. Ela é um ano mais velha que eu, mas fica uma menina quando levo flor.
Ela também é desaposentada.
Ajuda na escola da nossa neta, ensinando a merendeira a fazer doce com pouco açúcar e salgados com os restos dos legumes que antes eram jogados fora. E ajuda na creche também, no hospital.
Ihh… A Alice vive ajudando todo mundo, por isso não precisa de ajuda, nem tem tempo de pensar em doença.
Amarrou o ramalhete com um ramo de grama, depositou com cuidado sobre um banco.
- Pra aguar as mudas eu tenho que trazer o balde com água lá de casa.
Fui à prefeitura pedir pra botarem uma torneira aqui.
Disseram que não, senão o povo ia beber água e deixar vazando.
Falei pra botarem uma torneira com grade e cadeado que eu cuidaria.
Falaram que não.
Eu teria que ficar com o cadeado e então ia ser uma torneira pública com controle particular, e não pode.
Sorriu, olhando a praça.
- Aí falei: então posso cuidar da praça, mas não posso cuidar de uma torneira?
Perguntaram, veja só, perguntaram se tenho autorização pra cuidar da praça!
Nem falei mais nada. Vim embora antes que me proibissem de cuidar da praça…
Ou antes que me fizessem preencher formulários em três vias com taxa e firma reconhecida, pra fazer o que faço aqui desde que desaposentei…
Ta vendo aquele pinheiro fêmea ali?
A Alice que plantou.
Só tinha o pinheiro macho. Agora o macho vai polinizar a fêmea e ela vai dar pinhões.
- Eu nem sabia que existe pinheiro macho e pinheiro fêmea.
- Eu também não sabia, filho.
Ihh… aprendi tanta coisa cuidando dessa praça!
Hoje conheço os cantos dos passarinhos, as épocas de floração de cada planta, e vejo a passagem das estações como se fosse um filme!
- Mas ela vai demorar pra dar pinhões, hein? – falei, olhando a pinheirinha ainda da nossa altura.
Ele respondeu que não tinha pressa.
- Nossa neta é criança e eu já falei pra ela que é ela quem vai colher os pinhões.
Sem a prefeitura saber… e a Alice falou que, de cada pinha que ela colher, deve plantar pelo menos um pinhão em algum lugar.
Assim, no fim da vida, ela vai ter plantado um pinheiral espalhado por aí.
Sem a prefeitura saber, é claro, senão podem criar um imposto pra quem planta árvores…
- É admirável ver alguém com tanta idade e tanta esperança!
Ele riu:
- Se é admirável eu não sei, filho, sei que é gostoso.
E agora, com licença, que eu preciso pegar a Alice pra gente caminhar.
Vida de desaposentado é assim: o dinheiro é curto, mas o dia pode ser comprido, se a gente não perder tempo!


Domingos Pellegrini
Texto: Publicado na Gazeta do Povo, de 22/05/05, Fortaleza-CE