Nos últimos anos
tornou-se fundamental compreender as questões educacionais que estão
relacionadas às demandas da formação do professor em determinada área, a sua
competência no ensino a distância e presencial e o desenvolvimento dessas
competências.
No
artigo de Lina Morgado, “O papel do professor em contextos de ensino on-line:
problemas e virtualidades”, as TIC’s (Tecnologias de Informação e
Comunicação) são apresentadas severas
críticas sob a dimensão do grupo em relação aos objetivos do curso.
É também observada a dificuldade que o
professor e o gestor possuem no comando de suas atividades, seja nos aspectos
pedagógicos ou gerenciais, na produtividade e na comunicação num ambiente
assíncrono, requerendo um espaço planejado com uma efetiva comunidade de
aprendizagem comprometida com uma abordagem construtivista.
Os
estudos atuais apresentam que atender a uma grande demanda de intenções requer
ações voltadas a mediação participativa, instigadora e afetiva baseada em
projetos de trabalhos contextualizados, como fator preponderante para uma
pedagogia de sucesso, independentemente do contexto de atuação. Alguns fatores
são importantes para construção de um contexto de aprendizagem na EAD, tais
como: “visibilidade, feedback, materiais e permanência”, sendo estes gerenciado
pelo professor.
Entretanto,
neste trabalho será apontado dentre muitas competências que o professor possui
somente algumas a título de compreensão, pois na verdade uma competência leva a
outra e mais outra. Difícil até de apontar quando uma começa e a outra termina.
Mas
primeiro é necessário que se compreenda o conceito de competência, este apoiado
em “Perrenoud (2000), que se baseando nos principais princípios de Piaget, definiu
as competências como:
...
faculdade de mobilizar um conjunto de recursos cognitivos (saberes,
capacidades, informações) para solucionar com pertinência uma série de
situações, podendo desta forma abranger a competência para o trabalho e a
competência para a vida.”
A
educação virtual, vê o seu sucesso depender não só da inovação no campo
tecnológico, mas, sobretudo dos fatores de “natureza pedagógica e
organizacional” em todo sistema educacional.
Neste
sentido, percebe-se que o compromisso para a EAD, está em responder os desafios
de sua concepção didática, que fundamentam as práticas pedagógicas, pautadas em
competências como: competência técnica, estímulo
à participação, prática pautada na interatividade, motivação de aprendizagem e
autonomia intelectual, e algumas pautadas no desenvolvimento de um processo
de construção de conhecimento. O centro da aprendizagem nesta concepção é o
aluno, em uma constante mudança de papéis entre quem ensina e quem
aprende. Este tem como base as suas
vivências e experiências prévias, que por meio da interação sejam alcançados
novos significados, experiências e conhecimentos.
Ao
professor são oportunizadas novas vivências de interação e trocas com seus
alunos, cabendo-lhes uma ação mediadora entre o conhecimento científico e
aquele trazido pelos alunos.
Compreende-se
que os desenvolvimentos das práticas educativas contando com o suporte da competência técnica levaram a uma
progressiva melhoria da orientação das ações pedagógicas, gerando novas
experiências, como por exemplo, a realização de trabalhos interdisciplinares,
integrando profissionais de diferentes áreas do conhecimento e interage com os
vários elementos no trabalho em equipe na elaboração de um ambiente virtual de
aprendizagem.
Desta
forma, o modelo de educação na modalidade a distância está associado ao fato do
modelo pedagógico tradicional não conseguir atender as novas demandas
educacionais.
Os
estudos realizados no ambiente virtual, centrados no papel do professor, são
muitos, demonstrando que embora se apoiem no papel pedagógico, o professor deve
“desenvolver” as competências e suas habilidades, em diferentes áreas. Estas
devem ter a sua intervenção, podendo ser equacionadas de modo a englobar os
aspectos que suportam o processo de aprendizagem, desde a motivação de aprendizagem que estão relacionadas à técnica de
aprendizagem e a facilitação da aprendizagem: “fazendo perguntas, dando
exemplos e modelos, orientando os estudos na exploração de outra fonte de
informação, estimulando os estudantes para a justificação/explicação e
elaboração das suas ideias, dando feedback , procedendo à estruturação
cognitiva das tarefas”, fazendo parte de como o professor elabora o seu saber
pedagógico e de como deve proceder no ambiente virtual.
Essas
competências vão mudando ao longo do trabalho à medida que este professor
consolide a sua experiência tutorial e junte a experiência trazida dos cursos
presenciais para o ambiente online. O saber se consolida quando absorve a
concepção e planificação do curso, bem como os instrumentos de apoio à formação
de professores no curso online. As competências se apresentam no ensino como: motivação de aprendizagem: que o
conduz a um livre acesso ao tutor, encorajando-o a participação e oferecendo
apoio ao estudante; a prática pautada na
interatividade: sendo desenvolvida como elemento de coesão, cultura do
grupo e modos sistematizados do trabalho online e desenvolvendo a empatia no
grupo, partilha de informação:
encorajamento de todos participantes a contribuir para a discussão do tema
trabalhado. E a interação entre diferentes conhecimentos, gerando novo saber e
criando interações entre os estudantes, reduzindo o número de feedback do
professor. E por último a autonomia
intelectual, que faz com que o aluno seja sujeito do seu processo de
estudo, interagindo diante do objeto de estudo, tendo uma postura crítica e
reflexiva. E sendo assim, desenvolvendo uma prática voltada para a
interatividade, criando novos paradigmas de aprendizagem.
Porém,
sabemos que as técnicas e competências dos professores do ensino presencial
diferem para o curso online, uma vez que o ensino à distância muitas vezes
considera o papel do professor como um agente funcional e que deverá centrar-se
nas atividades de caráter instrucional, como: abrir fórum e fechar fórum, dar
boas vindas, monitorar o progresso do estudante, motivá-lo, aprofundar e
facilitar a construção de comunidades de aprendizagens.
De
um curso presencial para o curso online, algumas competências se diferenciam,
são elas: “demonstrar uma atitude aberta através do uso de perguntas abertas;
usar os nomes dos estudantes, dar reforço; encorajar; compreender o sentido das
mensagens; responder para clarificar; relacionar ideias com a experiência;
integrar materiais; motivar; manter um ambiente de aprendizagem coletiva.”
Portanto,
o professor que por ora estimula a
participação do aluno em comunidades virtuais, a autoria intelectual,
quando orienta as atividades e colabora para a interação do grupo, torna-se
visível, criando um ambiente acolhedor e com constante feedback , promovendo a
autoestima do aluno, conduzindo-o a um trabalho de autoria. A construção de uma
comunidade de aprendizagem é fundamental, já que esta constitui o “veículo
através do qual a aprendizagem online acontece.”
Neste
contexto a ausência do aluno presencial, torna-se primordial a criação de
comunidades de aprendizagens significativas, onde todos possam compartilhar
sentimentos, conhecimentos e informações, tornando-se coautores de uma ideia.
Assim
sendo, não devemos reduzir a competência do professor, ao aspecto técnico, como
sendo a resposta de um simples comando de ordens e sim as qualidades
pedagógicas que este deve aprimorar sempre, unindo o saber-aprender, o
saber-fazer e o saber- ser em uma dimensão atemporal, na construção de novos
saberes.
Referências:
MORGADO, Lina. O papel do professor em
contextos de ensino on-line: problemas e virtualidades. In: Discursos.
Série, 3. Universidade Aberta, 2001. p. 125-138.
PERRENOUD,
Philippe. “ 10 Novas Competências para Ensinar.” Porto Alegre: Artmed Editora,
2000.
Texto: Natalícia Alfradique