quarta-feira, 28 de novembro de 2012

O papel do professor em contextos de ensino on-line




Nos últimos anos tornou-se fundamental compreender as questões educacionais que estão relacionadas às demandas da formação do professor em determinada área, a sua competência no ensino a distância e presencial e o desenvolvimento dessas competências.

No artigo de Lina Morgado, “O papel do professor em contextos de ensino on-line: problemas e virtualidades”, as TIC’s (Tecnologias de Informação e Comunicação)  são apresentadas severas críticas sob a dimensão do grupo em relação aos objetivos do curso.

 É também observada a dificuldade que o professor e o gestor possuem no comando de suas atividades, seja nos aspectos pedagógicos ou gerenciais, na produtividade e na comunicação num ambiente assíncrono, requerendo um espaço planejado com uma efetiva comunidade de aprendizagem comprometida com uma abordagem construtivista.

Os estudos atuais apresentam que atender a uma grande demanda de intenções requer ações voltadas a mediação participativa, instigadora e afetiva baseada em projetos de trabalhos contextualizados, como fator preponderante para uma pedagogia de sucesso, independentemente do contexto de atuação. Alguns fatores são importantes para construção de um contexto de aprendizagem na EAD, tais como: “visibilidade, feedback, materiais e permanência”, sendo estes gerenciado pelo professor.

Entretanto, neste trabalho será apontado dentre muitas competências que o professor possui somente algumas a título de compreensão, pois na verdade uma competência leva a outra e mais outra. Difícil até de apontar quando uma começa e a outra termina.

Mas primeiro é necessário que se compreenda o conceito de competência, este apoiado em “Perrenoud (2000), que se baseando nos principais princípios de Piaget, definiu as competências como:

... faculdade de mobilizar um conjunto de recursos cognitivos (saberes, capacidades, informações) para solucionar com pertinência uma série de situações, podendo desta forma abranger a competência para o trabalho e a competência para a vida.”

A educação virtual, vê o seu sucesso depender não só da inovação no campo tecnológico, mas, sobretudo dos fatores de “natureza pedagógica e organizacional” em todo sistema educacional.

Neste sentido, percebe-se que o compromisso para a EAD, está em responder os desafios de sua concepção didática, que fundamentam as práticas pedagógicas, pautadas em competências como: competência técnica, estímulo à participação, prática pautada na interatividade, motivação de aprendizagem e autonomia intelectual, e algumas pautadas no desenvolvimento de um processo de construção de conhecimento. O centro da aprendizagem nesta concepção é o aluno, em uma constante mudança de papéis entre quem ensina e quem aprende.  Este tem como base as suas vivências e experiências prévias, que por meio da interação sejam alcançados novos significados, experiências e conhecimentos.

Ao professor são oportunizadas novas vivências de interação e trocas com seus alunos, cabendo-lhes uma ação mediadora entre o conhecimento científico e aquele trazido pelos alunos.

Compreende-se que os desenvolvimentos das práticas educativas contando com o suporte da competência técnica levaram a uma progressiva melhoria da orientação das ações pedagógicas, gerando novas experiências, como por exemplo, a realização de trabalhos interdisciplinares, integrando profissionais de diferentes áreas do conhecimento e interage com os vários elementos no trabalho em equipe na elaboração de um ambiente virtual de aprendizagem.

Desta forma, o modelo de educação na modalidade a distância está associado ao fato do modelo pedagógico tradicional não conseguir atender as novas demandas educacionais.

Os estudos realizados no ambiente virtual, centrados no papel do professor, são muitos, demonstrando que embora se apoiem no papel pedagógico, o professor deve “desenvolver” as competências e suas habilidades, em diferentes áreas. Estas devem ter a sua intervenção, podendo ser equacionadas de modo a englobar os aspectos que suportam o processo de aprendizagem, desde a motivação de aprendizagem que estão relacionadas à técnica de aprendizagem e a facilitação da aprendizagem: “fazendo perguntas, dando exemplos e modelos, orientando os estudos na exploração de outra fonte de informação, estimulando os estudantes para a justificação/explicação e elaboração das suas ideias, dando feedback , procedendo à estruturação cognitiva das tarefas”, fazendo parte de como o professor elabora o seu saber pedagógico e de como deve proceder no ambiente virtual.

Essas competências vão mudando ao longo do trabalho à medida que este professor consolide a sua experiência tutorial e junte a experiência trazida dos cursos presenciais para o ambiente online. O saber se consolida quando absorve a concepção e planificação do curso, bem como os instrumentos de apoio à formação de professores no curso online. As competências se apresentam no ensino como: motivação de aprendizagem: que o conduz a um livre acesso ao tutor, encorajando-o a participação e oferecendo apoio ao estudante; a prática pautada na interatividade: sendo desenvolvida como elemento de coesão, cultura do grupo e modos sistematizados do trabalho online e desenvolvendo a empatia no grupo, partilha de informação: encorajamento de todos participantes a contribuir para a discussão do tema trabalhado. E a interação entre diferentes conhecimentos, gerando novo saber e criando interações entre os estudantes, reduzindo o número de feedback do professor. E por último a autonomia intelectual, que faz com que o aluno seja sujeito do seu processo de estudo, interagindo diante do objeto de estudo, tendo uma postura crítica e reflexiva. E sendo assim, desenvolvendo uma prática voltada para a interatividade, criando novos paradigmas de aprendizagem.

Porém, sabemos que as técnicas e competências dos professores do ensino presencial diferem para o curso online, uma vez que o ensino à distância muitas vezes considera o papel do professor como um agente funcional e que deverá centrar-se nas atividades de caráter instrucional, como: abrir fórum e fechar fórum, dar boas vindas, monitorar o progresso do estudante, motivá-lo, aprofundar e facilitar a construção de comunidades de aprendizagens.

De um curso presencial para o curso online, algumas competências se diferenciam, são elas: “demonstrar uma atitude aberta através do uso de perguntas abertas; usar os nomes dos estudantes, dar reforço; encorajar; compreender o sentido das mensagens; responder para clarificar; relacionar ideias com a experiência; integrar materiais; motivar; manter um ambiente de aprendizagem coletiva.”

Portanto, o professor que por ora estimula a participação do aluno em comunidades virtuais, a autoria intelectual, quando orienta as atividades e colabora para a interação do grupo, torna-se visível, criando um ambiente acolhedor e com constante feedback , promovendo a autoestima do aluno, conduzindo-o a um trabalho de autoria. A construção de uma comunidade de aprendizagem é fundamental, já que esta constitui o “veículo através do qual a aprendizagem online acontece.”

Neste contexto a ausência do aluno presencial, torna-se primordial a criação de comunidades de aprendizagens significativas, onde todos possam compartilhar sentimentos, conhecimentos e informações, tornando-se coautores de uma ideia.

Assim sendo, não devemos reduzir a competência do professor, ao aspecto técnico, como sendo a resposta de um simples comando de ordens e sim as qualidades pedagógicas que este deve aprimorar sempre, unindo o saber-aprender, o saber-fazer e o saber- ser em uma dimensão atemporal, na construção de novos saberes.

Referências:

 MORGADO, Lina. O papel do professor em contextos de ensino on-line: problemas e virtualidades. In: Discursos. Série, 3. Universidade Aberta, 2001. p. 125-138.

PERRENOUD, Philippe. “ 10 Novas Competências para Ensinar.” Porto Alegre: Artmed Editora, 2000.

Texto: Natalícia Alfradique