sábado, 7 de novembro de 2009

" As mãos de minha avó"



A minha avó que tinha mais de 90 anos, estava sentada num banco na varanda, e tinha um aspeto fraco. Ela não se mexia, estava apenas sentada a fixar seu olhar nas mãos. Quando me sentei ao pé dela, nem sequer se mexeu, não teve nenhuma reação.

Eu não a queria perturbar, mas ao fim de um certo tempo perguntei-lhe se estava bem. Ela levantou a cabeça e sorriu para mim.

- Sim, eu estou bem, não te preocupes, respondeu ela com uma voz forte e clara.

- Eu não a queria incomodar, mas você estava aí com o olhar fixado nas suas mãos, e eu apenas pretendi saber se estava tudo bem consigo.

- Já alguma vez viste bem as tuas mãos ? perguntou-me ela.

Quer dizer, vê-las como deve de ser?

Então eu olhei para as minhas mãos e fixei-as. Sem compreender bem o que ela queria dizer, respondi que não, nunca tinha olhado bem para as minhas mãos.

A minha avó sorriu para mim e contou-me o seguinte:

Pára um bocadinho e pensa bem como as tuas mãos te têm servido desde a tua nascença.

- As minhas mãos cheias de rugas, secas e fracas, foram as ferramentas que eu utilizei para abraçar a vida. Elas permitiram agarrar-me a qualquer coisa para evitar que eu caísse,
antes que eu aprendesse a andar. Elas levaram a comida à minha boca e vestiram-me

Quando era criança a minha mãe mostrou-me como uni-las para rezar.

Elas ataram as minhas botas e meus sapatos.

Elas tocaram no meu marido e enxugaram as minhas lágrimas quandoele foi para a guerra.

Elas já estiveram sujas, cortadas, enrugadas e inchadas.

Elas não tiveram jeito nenhum quando tentei segurar o meu primeiro filho.

Decoradas com a aliança de casamento, elas mostraram ao mundo que eu amavaalguém único e especial.

Elas escreveram cartas ao teu avô, e tremeram quando ele foi enterrado.Elas seguraram os meus filhos, depois os meus netos.

Consolaram os vizinhos e também tremeram de raiva quando havia algumacoisa que eu não compreendia.

Elas cobriram o meu rosto, pentearam os meus cabelos e lavaram o meu corpo.

Elas já estiveram pegajosas, úmidas, secas e com rugas.

Hoje, como nada funciona como dantes para mim, elas continuam a amparar-me
e, eu ainda as uno para orar.

Estas mãos contêm a história da minha vida.

Mas, o mais importante, é que serão estas mesmas mãos que um dia,Deus segurará para me levar com Ele para o seu Paraíso.

Com elas, Ele me colocará a Seu lado.

E lá, eu poderei utilisá-las para tocar na face de Cristo.

- Pensativo eu olhava para as minhas mãos.

Nunca mais as verei da mesma maneira.

Mais tarde Deus estendeu as Suas mãos e levou a minha avó para Ele.

Quando eu me machuco nas mãos, quando elas são sensíveis,
quando acarinho os meus filhos, ou a minha esposa, penso sempre na minha avó.

Apesar da sua idade avançada, ainda teve inteligência suficiente para me fazer
compreender o valor das minhas mãos!..

Obrigado DEUS, pelas minhas Mãos!..


*Texto: Autor desconhecido, recebido por email.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

"Ostra feliz não faz pérola"- Rubem Alves




O texto está no livro de mesmo nome (Ostra feliz não faz pérola - ed. Planeta) do Rubem Alves e, como sempre acontece, leva à reflexão.
Ostra Feliz Não Faz Pérola

"Ostras são moluscos, animais sem esqueletos, macias, que são as delícias dos gastrônomos. Podem ser comidas cruas, de pingos de limão, com arroz, paellas, sopas. Sem defesas - são animais mansos - seriam uma presa fácil dos predadores. Para que isso não acontecesse a sua sabedoria as ensinou a fazer casas, conchas duras, dentro das quais vivem.

Pois havia num fundo de mar uma colônia de ostras, muitas ostras. Eram ostras felizes. Sabia-se que eram ostras felizes porque de dentro de suas conchas saía uma delicada melodia, música aquática, como se fosse um canto gregoriano, todas cantando a mesma música. Com uma exceção: de uma ostra solitária que fazia um solo solitário.

Diferente da alegre música aquática, ela cantava um canto muito triste. As ostras felizes se riam dela e diziam: "Ela não sai da sua depressão...". Não era depressão. Era dor. Pois um grão de areia havia entrado na sua carne e doía, doía, doía. E ela não tinha jeito de se livrar dele, do grão de areia. Mas era possível livrar-se da dor.

O seu corpo sabia que, para se livrar da dor que o grão de areia lhe provocava, em virtude de sua aspereza, arestas e pontas, bastava envolvê-lo com uma substância lisa, brilhante e redonda. Assim, enquanto cantava o seu canto triste, o seu corpo fazia o seu trabalho - por causa da dor que o grão de areia lhe causava.

Um dia passou por ali um pescador com seu barco. Lançou a rede e toda a colônia de ostras, inclusive a sofredora, foi pescada. O pescador se alegrou, levou-a para casa e sua mulher fez uma deliciosa sopa de ostras. Deliciando-se com as ostras, de repente seus dentes bateram num objeto duro que estava dentro de uma ostra. Ele o tomou nos dedos e sorriu de felicidade: era uma pérola, uma linda pérola. Apenas a ostra sofredora fizera uma pérola. Ele a tomou e deu-a de presente para a sua esposa.

Isso é verdade para as ostras. E é verdade para os seres humanos. No seu ensaio sobre O nascimento da tragédia grega a partir do espírito da música, Nietzsche observou que os gregos, por oposição aos cristãos, levavam a tragédia a sério. Tragédia era tragédia. Não existia para eles, como existia para os cristãos, um céu onde a tragédia seria transformada em comédia. Ele se perguntou então das razões por que os gregos, sendo dominados por esse sentimento trágico da vida, não sucumbiram ao pessimismo.
A resposta que encontrou foi a mesma da ostra que faz uma pérola: eles não se entregaram ao pessimismo porque foram capazes de transformar a tragédia em beleza. A beleza não elimina a tragédia, mas a torna suportável. A felicidade é um dom que deve ser simplesmente gozado. Ela se basta. Mas ela não cria. Não produz pérolas. São os que sofrem que produzem a beleza, para parar de sofrer. Esses são os artistas. Beethoven – como é possível que um homem completamente surdo, no fim da vida, tenha produzido uma obra que canta a alegria? Van Gogh, Cecília Meireles, Fernando Pessoa...”.


Rubem Alves.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

"Desaposentar" - Domingos Pellegrini



Ele chegou à praça com uma marreta. Endireitou a estaca de uma muda de árvore e firmou batendo com a marreta.
Amarrou a muda na estaca e se afastou como pra olhar uma obra de arte.
Não resisti a puxar conversa:
- O senhor é da prefeitura?
- Não, sou da Alice, faz quarenta e dois anos. Minha mulher.
- Ah… O senhor quem plantou essa muda?
- Não, foi a prefeitura.
Uma árvore velha caiu, plantaram essa nova de qualquer jeito, mas eu adubei, botei essa estaca aí.
Olha que beleza, já está toda enfolhada.
De tardezinha eu venho regar.
- Então o senhor gosta de plantas.
- De plantas, de bicho, até de gente eu gosto, filho.
- Obrigado pela parte que me cabe…
Ele sorriu, tirou um tesourão da cinta e começou a podar um arbusto.
- O senhor é aposentado?
- Não, sou desaposentado.
Foi podando e explicando:
- Quando me aposentei, já tinha visto muito colega aposentar e murchar, que nem árvore que você poda e rega com ácido de bateria…
Sabia que tem comerciante que rega árvore com ácido de bateria pra matar, pra árvore não encobrir a fachada da loja?
É… aí fica com a loja torrando no sol!
Picotou os galhos podados, formando um tapete de folhas em redor do arbusto.
- É bom pra terra… tudo que sai da terra deve voltar pra terra…
Mas então, eu já tinha visto muito colega aposentar e murchar.
Botando bermuda e chinelo e ficando em casa diante da televisão.
Bundando e engordando…
Até que acabaram com derrame ou infarto, de não fazer nada e ainda viver falando de doença.
Cortou umas flores, fez um ramalhete:
- Pra minha menina. A Alice. Ela é um ano mais velha que eu, mas fica uma menina quando levo flor.
Ela também é desaposentada.
Ajuda na escola da nossa neta, ensinando a merendeira a fazer doce com pouco açúcar e salgados com os restos dos legumes que antes eram jogados fora. E ajuda na creche também, no hospital.
Ihh… A Alice vive ajudando todo mundo, por isso não precisa de ajuda, nem tem tempo de pensar em doença.
Amarrou o ramalhete com um ramo de grama, depositou com cuidado sobre um banco.
- Pra aguar as mudas eu tenho que trazer o balde com água lá de casa.
Fui à prefeitura pedir pra botarem uma torneira aqui.
Disseram que não, senão o povo ia beber água e deixar vazando.
Falei pra botarem uma torneira com grade e cadeado que eu cuidaria.
Falaram que não.
Eu teria que ficar com o cadeado e então ia ser uma torneira pública com controle particular, e não pode.
Sorriu, olhando a praça.
- Aí falei: então posso cuidar da praça, mas não posso cuidar de uma torneira?
Perguntaram, veja só, perguntaram se tenho autorização pra cuidar da praça!
Nem falei mais nada. Vim embora antes que me proibissem de cuidar da praça…
Ou antes que me fizessem preencher formulários em três vias com taxa e firma reconhecida, pra fazer o que faço aqui desde que desaposentei…
Ta vendo aquele pinheiro fêmea ali?
A Alice que plantou.
Só tinha o pinheiro macho. Agora o macho vai polinizar a fêmea e ela vai dar pinhões.
- Eu nem sabia que existe pinheiro macho e pinheiro fêmea.
- Eu também não sabia, filho.
Ihh… aprendi tanta coisa cuidando dessa praça!
Hoje conheço os cantos dos passarinhos, as épocas de floração de cada planta, e vejo a passagem das estações como se fosse um filme!
- Mas ela vai demorar pra dar pinhões, hein? – falei, olhando a pinheirinha ainda da nossa altura.
Ele respondeu que não tinha pressa.
- Nossa neta é criança e eu já falei pra ela que é ela quem vai colher os pinhões.
Sem a prefeitura saber… e a Alice falou que, de cada pinha que ela colher, deve plantar pelo menos um pinhão em algum lugar.
Assim, no fim da vida, ela vai ter plantado um pinheiral espalhado por aí.
Sem a prefeitura saber, é claro, senão podem criar um imposto pra quem planta árvores…
- É admirável ver alguém com tanta idade e tanta esperança!
Ele riu:
- Se é admirável eu não sei, filho, sei que é gostoso.
E agora, com licença, que eu preciso pegar a Alice pra gente caminhar.
Vida de desaposentado é assim: o dinheiro é curto, mas o dia pode ser comprido, se a gente não perder tempo!


Domingos Pellegrini
Texto: Publicado na Gazeta do Povo, de 22/05/05, Fortaleza-CE

" Moacyr Scliar, ganha o Prêmio Jabuti de Livro do Ano de 2009"


Escritor gaúcho Moacyr Scliar recebe o troféu do Prêmio Jabuti de Livro do Ano de Ficção 2009
"Manual da Paixão Solitária" (Cia. das Letras), de Moacyr Scliar, foi escolhido o Livro do Ano de Ficção no Prêmio Jabuti de 2009. A obra rendeu ao escritor também o prêmio na categoria romance.
O escritor gaúcho já havia recebido o Jabuti na categoria contos, com "O Olho Enigmático", em 1988, e na categoria melhor romance em 1993, por "Sonhos Tropicais".
O escritor gaúcho já havia recebido o Jabuti na categoria contos, com "O Olho Enigmático", em 1988, e na categoria melhor romance em 1993, por "Sonhos Tropicais".
A categoria Livro do Ano Não-Ficção da 51ª edição da premiação ficou com "Monteiro Lobato: Livro a Livro" (Editora Unesp/Imprensa Oficial), de Marisa Lajolo e João Luís Ceccantini.
O concurso distribui prêmios de R$ 3 mil para os primeiros lugares de cada categoria, além de R$ 6 mil para o primeiro lugar da categoria "Tradução de obra literária Francês-Português". Os prêmios de Livro do Ano Ficção e Livro do Ano Não-Ficção pagam R$ 30 mil aos seus vencedores :
Durante o evento promovido pela Câmara Brasileira do Livro, foram entregues também os prêmios aos escolhidos nas outras 21 categorias do concurso, que elegeram "Canalha! - Crônicas", de Fabrício Carpinajar, o melhor livro de contos e crônicas, "Dois em Um", Alice Ruiz S., o melhor livro de poesia, "A Invenção do Mundo Pelo Deus-Curumim", de Braulio Tavares na categoria livro infantil, entre outros. A edição de 2009 do Jabuti recebeu a inscrição de 2.573 obras.
Veja a seguir a lista completa dos vencedores:
ROMANCE:
-1º lugar -"Manual da Paixão Solitária", Moacyr Scliar (Companhia das Letras)
2º lugar -"Orfãos do Eldorado", Milton Hatoum (Companhia das Letras).
3º lugar -"Cordilheira", Daniel Galera (Companhia das Letras) .
CONTOS E CRÔNICAS:
1º lugar -"Canalha! - crônicas", Fabricio Carpinejar (Editora Bertrand Brasil)
2º lugar -"Ostra feliz não faz pérola", Rubem Alves (Editora Planeta do Brasil)
3º lugar -"Os comes e bebes nos velórios das gerais e outras histórias", Déa Rodrigues da Cunha Rocha (Auana Editora)
REPORTAGEM:
- 1º lugar -"O Livro Amarelo do Terminal", Vanessa Bárbara (Cosac Naify)
2º lugar -"O Sequestro dos Uruguaios - uma Reportagem dos Tempos da Ditadura", Luiz Cláudio Cunha (L&P Editores)
3º lugar -"1968 - o que Fizemos de Nós", Zuenir Ventura (Editora Planeta do Brasil)
POESIA:
- 1º lugar -"Dois em um", Alice Ruiz S. (Editora Iluminuras)2º lugar -"Antigos e soltos: poemas e prosas da pasta rosa", Instituto Moreira Salles (Instituto Moreira Salles)
3º lugar -"Cinemateca", Eucanaã Ferraz (Companhia das Letras)3ºlugar - "Outros barulhos", Reynaldo Bessa (edição do autor)
INFANTIL:
- 1º lugar - "A Invenção do Mundo Pelo Deus-Curumim", Braulio Tavares (Editora 34)
2º lugar -"No Risco do Caracol", Maria Valéria Rezende e Marlette Menezes (Autêntica Editora) 3º lugar - "Era Outra Vez um Gato Xadrez", Leticia Wierzchowski (Editora Record)
JUVENIL:
- 1º lugar -"O fazedor de velhos", Rodrigo Lacerda (Cosac Naify)
2º lugar -"Cidade dos deitados", Heloisa Prieto (Cosac Naify)
3º lugar -"A distância das coisas", Flávio Carneiro (Edições SM)
ARQUITETURA E URBANISMO, FOTOGRAFIA, COMUNICAÇÃO E ARTES:
- 1º lugar - "Coleção Princesa Isabel - Fotografia do Século XIX", Bia e Pedro Corrêa Lago (Capivara Editora)
2º lugar - "Árvores Notáveis - 200 Anos do Jardim Botânico do Rio de Janeiro" (livro e guia de bolsa), Andréa Jakobsson Estúdio Editorial (Andréa Jakobsson Estúdio Editorial)
3º lugar - "Tarsila do Amaral", Lygia Eluf (Imprensa Oficial do Estado)
TEORIA/CRÍTICA LITERÁRIA:
- 1º lugar -"Monteiro Lobato: Livro a Livro", Marisa Lajolo e João Luís Ceccantini (Editora Unesp / Imprensa Oficial)
2º lugar -"Pensamento e 'Lirismo Puro' na Poesia de Cecília Meireles", Leila V. B. Gouvêa (Editora Universidade de São Paulo)
3º lugar -"Literatura da Urgência Lima Barreto no Domínio da Loucura", Luciana Hidalgo (Annablume Editora)
PROJETO GRÁFICO:
1º lugar -"Fazendas Mineiras", Marcelo Drummond & Marconi Drummond (Cemig)
2º lugar -"A História do Brazil de Frei Vicente de Salvador", Maria Lêda Oliveira (Versal Editores)
3º lugar -"Isay Weinfeld", Roberto Cipolla (Bei Editora)
ILUSTRAÇÃO DE LIVRO INFANTIL OU JUVENIL:
- 1º lugar -"O Matador", Odilon Moraes (Editora Leitura) - BH
2º lugar -"De Passagem", Marcelo Cipis (Companhia das Letras)
3º lugar - "Alfabeto de Histórias", Gilles Eduar (Editora Ática)
CIÊNCIAS EXATAS, TECNOLOGIA E INFORMÁTICA:
-1º lugar - "Introdução à Quimica da Atmosfera - Ciência, Vida e Sobrevivência", Ervim Lenzi e Luzia Otilia Bortotti Favero (LTC - Livros Técnicos e Científicos Editora)
2º lugar - "Fundamentos de Metrologia Científica e Industrial", Armando Albertazzi G. Jr. e André R. de Souza (Editora Manole)
3º lugar - "Mapa do Jogo", Lucia Santaella e Mirna Feitoza (Cengage Learning Edições)
EDUCAÇÃO, PSICOLOGIA E PSICANÁLISE:
1º lugar -"A Voz e o Tempo", Roberto Gambini (Ateliê Editorial)
2º lugar -"Religiosidade e Psicoterapia", Claudia Bruscagin, Adriana Sávio, Fátima Fontes e Denise Mendes Gomes (Editora Roca)
3º lugar - "Educação à distância: o Estado da Arte", Fredric Michael Litto (Pearson Education do Brasil)
DIDÁTICO E PARADIDÁTICO:-
1º lugar - "História e Cultura Africana e Afro-Brasileira", Nei Lopes (Barsa Planeta Internacional)
2º lugar - "Meu primeiro álbum de piano solo", Dulce Auriemo (D.A. Produções Artísticas)2º lugar - "Coleção cidade educadora - Diário de bordo do aluno 1 - Volume Amarelo", Áureo Gomes Monteiro Júnior, Célia Cris Silva e Júlia Scandiuci Figueiredo (Aymará Edições e Tecnologia)
3º lugar - "Literatura Infantil Brasileira: um Guia para Professores e Promotores de Leitura", Vera Maria Tietzmann Silva (Cânone Editorial)
ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO E NEGÓCIOS:
1º lugar - "Valores Humanos & Gestão. Novas Perspectivas", Maria Luisa Mendes Teixeira (organizadora) (Editora Senac São Paulo)
2º lugar -"Estratégia e Competitividade Empresarial - Inovação e Criação de Valor", Luiz Carlos Di Serio e Marcos Augusto de Vasconcelos (Saraiva)
3º lugar - "Meio Ambiente e Crescimento Econômico: Tensões Estruturais", Gilberto Dupas (Editora Unesp)
DIREITO:
1º lugar - "Introdução ao Pensamento Jurídico e à Teoria Geral do Direito Privado", Rosa Maria de Andrade Nery (Editora Revista dos Tribunais)
2º lugar -"Execução", José Miguel Garcia Medina (Editora Revista dos Tribunais)
3º lugar -"Código de Processo Civil - Comentado Artigo por Artigo", Daniel Mitidiero e Luiz Guilherme Marinoni (Editora Revista dos Tribunais) 3ºlugar - "Atual Panorama da Constituição Federal", Carlos Marcelo Gouveia (Saraiva)
BIOGRAFIA:
1º lugar - "O Sol do Brasil", Lilia Moritz Companhia das Letras (Companhia das Letras)
2º lugar -"José Olympio, o Editor e sua Casa", José Mario Pereira (GMT Editores)
3º lugar -"O Santo Sujo: a Vida de Jayme Ovalle", Humberto Werneck (Cosac Naify)
CAPA:
1º lugar - "Moby Dick", Luciana Facchini (Cosac Naify)
2º lugar -"Jovem Stálin", João Baptista da Costa Aguiar (Companhia das Letras)
3º lugar -"Introdução à filosofia", Rex Design (Editora WMF Martins Fontes)
CIÊNCIAS HUMANAS:
1º lugar - "História do Brasil - Uma Interpretação", Adriana Lopez e Carlos Guilherme Mota (Editora Senac São Paulo)
2º lugar - "Veneno Remédio", José Miguel Wisnik (Companhia das Letras)
3º lugar - "A Aparição do Demônio na Fábrica", José de Souza Martins (Editora 34)
CIÊNCIAS NATURAIS E CIÊNCIAS DA SAÚDE:
1º lugar - "Fundamentos de Dermatologia", Marcia Ramos-e-Silva e Maria Cristina Ribeiro de Castro (Editora Atheneu)
2º lugar -"Oftalmogeriatria", Marcela Cypel e Rubens Belfort Jr. (Editora Roca)
3º lugar - "Guia de Propágulos & Plântulas da Amazônia", José Luís Campana Camargo et al (Inpa)

TRADUÇÃO DE OBRA LITERÁRIA FRANCÊS-PORTUGUÊS:
1º lugar -"O Conde de Monte Cristo", André Telles e Rodrigo Lacerda (Jorge Zahar Editor)
2º lugar - "Topografia Ideal para uma Agressão Caracterizada", Flávia Nascimento (Editora Estação Liberdade)
3º lugar - "A Elegância do Ouriço", Rosa Freire D'aguiar (Companhia das Letras)
TRADUÇÃO:
1º lugar -"A Morte de Empédocles / Friedrich Hölderlin", Marise Moassaba Curioni (Iluminuras).
2º lugar -"Satíricon", Cláudio Aquati (Cosac Naify).
3º lugar -"Os Irmãos Karamázov - 2 Volumes", Paulo Bezerra (Editora 34)

Fonte:uol. notícias.com.br

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

" Gestos ajudam a desenvolver inteligência"




Ao entrar em um café movimentado, você provavelmente verá pessoas conversando e gesticulando. Um homem no balcão indica o café que deseja ─ xícara média, ─ e suas mãos assumem um formato familiar, mostrando o tamanho da xícara. Ao lado dele, duas irmãs riem. Enquanto uma delas conta uma história sobre sua viagem a Fernando de Noronha e todos os peixes que viu nos mergulhos que fez, suas mãos sacodem e se movem rapidamente no mar invisível à sua frente. O instinto de gesticular acompanhando a fala é fundamental para a natureza humana.

Se você já questionou o porquê dos gestos, provavelmente pensou que gesticulamos para auxiliar na compreensão do que estamos querendo dizer. Indicar o tamanho de uma xícara ou a dose de uma bebida pode ajudar o balconista a entender exatamente o que você deseja. Mostrar onde o peixe se escondeu ou a velocidade com que ele se movimentou pode ajudar a amiga a criar uma imagem mais exata da sua percepção dos recifes locais.

Mas, será que os gestos podem ter também outra finalidade? Muitos cientistas acreditam que os gestos podem ajudar o interlocutor e os movimentos das mãos ajudam a pensar. Cientistas se interessam cada vez mais pela relação corpo-pensamento, ou como nosso corpo dá forma a processos mentais abstratos. Os gestos estão no centro dessa questão. O debate se concentra no papel do movimento na aprendizagem, e nas pesquisas sobre como os alunos aprendem a resolver problemas de matemática na sala de aula.

A titulo de ilustração, considere o problema da soma: 3 + 2 + 8 = _ + 8. Um aluno pode criar uma forma de “v”, com o indicador e o dedo médio, entre os algarismos 2 e 3, enquanto tenta entender o conceito de “agrupamento”, somando os números adjacentes, técnica que pode ser usada para resolver o problema.

Pesquisas anteriores mostraram que quando foi solicitado aos alunos para gesticular enquanto conversassem sobre problemas, aprenderam a resolvê-los de forma mais eficiente. Isso foi verificado, independentemente de se dizer aos alunos quais gestos fazer ou se os gestos eram espontâneos.
Agora a questão é: como isso acontece? O novo estudo, conduzido por Susan Goldin-Meadow e Zachary Mitchell, da University of Chicago, e por Susan Wagner-Cook, da University of Iowa, teve como foco a resolução de problemas matemáticos por alunos de terceira e quarta séries do ensino básico. Os alunos treinados a utilizar a forma de “v”, ao resolver um problema como 3 + 2 + 8 = __ + 8, aprenderam a solucioná-lo com maior eficácia. Além disso, os alunos apresentaram melhor desempenho mesmo se treinados a empregar a forma de “v” em pares de números errados. Pelo simples ato de fazer o gesto o corpo sugere o conceito de “agrupamento”.

A questão então é: qual teria sido exatamente o procedimento que permitiu isso? Durante o estudo, todos os alunos memorizaram a frase “Quero deixar um lado igual ao outro”. Na ocasião, foi solicitado que os alunos dissessem a frase em voz alta quando fosse apresentado um problema a ser resolvido. Os autores sugerem que os alunos que gesticularam também tentaram criar uma correlação entre a fala e os gestos de forma a unir os dois significados. Esse procedimento poderia consolidar o novo conceito de “agrupamento” na mente dos alunos.
O mesmo processo poderia ocorrer em qualquer situação em que a pessoa que fala e gesticula tenta entender, seja relembrando detalhes de eventos passados ou imaginando como montar uma bicicleta recém retirada da embalagem.
O estudo tem implicações importantes para o campo da Psicologia Cognitiva.

Historicamente, esse campo entende conceitos (os elementos básicos do pensamento), como representações abstratas que não contam com a fisicalidade. Essa noção, conhecida como dualismo cartesiano, agora está sendo desafiada por outra linha de pensamento, chamada Cognição Corporal, que entende conceitos como representações corporais baseadas na percepção, ação e emoção. Embora muitas evidências sustentem a visão da Cognição Corporal, até agora nunca existiu um relato detalhado baseado em experimentos de como a incorporação dos gestos desempenha um papel na aprendizagem de novos conceitos.

O estudo também tem implicações práticas aos professores didáticas, que podem reformular sua didática para ensinar aos alunos novos conceitos utilizando gestos. Os resultados desse estudo podem não valer para os gestos feitos em bares e cafés que você costuma frequentar, no entanto, na próxima vez que conversar com uma amiga gesticuladora, pode ser interessante considerar como o movimento das mãos contribuem para dar forma aos pensamentos dela e aos seus.



Fonte: blog Amigos do Freud

UERJ - Seminário de Psicopedagogia

RIO - A Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) recebe estudantes e profissionais de Educação e áreas correlatas para o XIII Seminário de Psicopedagogia, dia 6, no auditório 91 do Pavilhão Reitor João Lyra Filho, campus Maracanã.


Diversas palestras serão ministradas, sempre visando à discussão dos fatores comprometedores da aprendizagem. Dentre os temas, estão: a violência na família e baixo rendimento escolar; a compreensão da linguagem escrita em crianças com síndrome de Asperger; práticas educacionais parentais, suas crenças, mitos e valores e a influência no desempenho escolar; a interação entre neurociências, déficit de atenção/hiperatividade e psicopedagogia; enfoque da intervenção, avaliação e diagnóstico psicopedagógico através do uso de jogos lúdicos.

A programação do evento está disponível no site do Centro de Produção da UERJ - www.cepuerj.uerj.br. Interessados podem se inscrever no Pavilhão Reitor João Lyra Filho, 1° andar, bloco A, sala 1.006. O valor da inscrição é de R$ 30,00 (comunidade interna da UERJ) ou R$ 35,00 (comunidade externa). Para informações adicionais, o telefone para contato é 2334-0639

terça-feira, 3 de novembro de 2009

A queixa escolar



Hoje os protagonistas das queixas escolares são muitos. Os pais reclamam da escola, os filhos reclamam e os professores também reclamam. Mas, a maior queixa é: por que os jovens não prestam atenção nas aulas dadas no colégio? Por que o conhecimento não é fácil? Por que para ensinar requer que o aluno veja a escola como algo prazeroso? Essas e muitas outras perguntas estão sempre em pauta. Elas vão desde a presença da falta de valores até a falta de conhecimento.

Mas, o que ocorre realmente nesse universo de aprendizagem? Afinal, quais são os atos mais profícuos no ato de ensinar? O que garante o ensinamento e aprendizagem (conhecimento)?
Antigamente, se podia dizer que ter um diploma era garantia de sucesso. Era uma possibilidade real de se ter trabalho garantido. Hoje o diploma não garante mais nada.

Porém, com a evolução do discurso que deixou de lado esse pragmatismo, hoje vemos que o conhecimento é construído através de uma ética onde as diferenças são aceitas à medida que elas representam à singularidade. Os projetos pedagógicos vêm contribuir para que o educador não se sinta isolado na construção do saber. Assim, os alunos ditos especiais são aceitos na escola, mas ainda não estão incluídos devido à falta de “preparo” para compreender como esses alunos pensam e constroem o seu conhecimento. Quando as escolas os submetem a se comportarem como os demais, começa aí o primeiro equívoco dos muitos que virão.

Se a escola ainda não consegue responder as queixas dos alunos considerados “normais”, imagina lidar com esse complexo universo de crianças especiais.

Hoje se tenta responder os equívocos da escola tradicional e pagamos um preço muito alto ao admitirmos que pouco se aprendeu com eles, que aliás, só sabem decorar os conteúdos dados.

Verificamos que as escolas avançaram, pelo menos no discurso, mas ainda não conseguimos fazer com que os alunos compreendam a importância de ser criativo e empreendedor.

Talvez seja porque a escola ainda forneça aos alunos uma escola sem desafios, sem criticidade ou até mesmo reprodutora dos velhos conhecimentos. É por isso que os alunos vivem perguntando o porquê de aprender determinados assuntos, pois não vêem utilidade em sua prática, isto é, voltamos ao pragmatismo.

Percebo que a queixa escolar vai além dos muros da escola. Hoje só se pensa em saber algo para ser utilizado daqui a meia hora. O problema de aprendizagem é tão extenso como o fazer de dentro da escola. Passa por inúmeros repertórios, muitos ambientes, com dissonâncias de discursos até se tornar algo concebível e viável.

O que entendo é que o discurso ainda difere do espaço real escolar, do que se pode realmente realizar nesse espaço. A escola é um espaço de idéias, intenções subjetivas, que querendo ou não interferem no desejo de construção. Não se pode negar que o diálogo ainda permanece aberto para uma melhor compreensão dessas queixas. Não se pode apenas inferir e dar um testemunho. É necessário se realizar um discurso mais próximo do educando, refletindo o desejo de ressignificar as dissonâncias ou as queixas escolares. Não se constrói uma muralha sem tijolos. A educação vive se contradizendo. Vive começando sempre do zero. Talvez este seja um dos graves equívocos.

Está na hora da escola ser verdadeira. Parar de prometer o que não pode oferecer. Vivemos em uma sociedade competitiva, mas não somos a solução de todos os problemas. Se a escola conseguir superar as suas próprias contradições já será um grande êxito.

O que podemos garantir aos nossos alunos é que para ser uma pessoa de sucesso, sem dúvida nenhuma essa pessoa tem que se esforçar e muito para ter um bom desempenho. O ensino e a aprendizagem não possuem nenhum compromisso com o “brincar”, portanto o ensino não é um ato prazeroso como muitos nos fazem crer.

Temos que desmistificar que a vida fácil acontece de forma espontânea. Temos que mostrar aos nossos alunos que tudo na vida requer esforço e saber. Não existe facilidade para quem quer ser criativo e empreendedor. E esses são os valores que a escola deve construir.

Para se tornar um cidadão emancipado deve-se estar consciente de seu valor, e que a autoridade é conquistada com exemplos dos adultos. É chegada a hora de crescer. Não dá mais para sermos infantilizados. A maturidade do escolar vem com a mudança de atitude. E esta sempre está atrelada a um bom convívio social.