segunda-feira, 9 de maio de 2011

"Professores são obsoletos"


Investimentos deveriam criar novas soluções em educação, possibilitando

a formação de tutores

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A Westinghouse era um gigante nos anos 20. Numa fábrica com 12 mil

funcionários, conduziram uma experiência seminal. Aumentaram a

iluminação e a produtividade aumentou. Depois, voltaram ao que era. A

produtividade aumentou mais! Esse experimento provou que a intervenção

gera mudanças temporárias, e não difere dos empresários que intervêm

em escolas.



No começo a diretora faz cursos de gestão, aparecem computadores e

reciclagem para professores. Com o tempo, tudo volta ao que era. E os

valores que são colocados nessas escolas "mexidas" tornariam o orçamento

da rede publica inviável, portanto, são artificiais.



Duas boas entidades, Instituto Ayrton Senna e Todos Pela Educação

colocaram pesquisadores para achar o denominador comum de centenas de

estudos sobre melhorias na sala de aula -o resultado, logicamente, não

passa de um conjunto de platitudes.



São quatro as conclusões: um, o professor tem que ser bom. Os 20%

melhores ensinam mais do que os 20% piores. Ué...



Segundo, que turmas menores aprendem mais -ou seja, não é bom ter 48

alunos na classe. Certo.

Terceiro, que é melhor que a turma seja homogênea -se for para aprender

mais matemática e português-, mas seria melhor que fosse heterogênea -se

for para outras matérias. Ops...



Quarto, que alunos aprendem mais se houver mais aulas.



Hmmm... Sei que faço uma caricatura, mas não difere disso. A culpa não

é dos empresários -têm boas intenções-, mas cabe lembrar que 92,3% das

empresas quebram ou são vendidas a cada 20 anos, o que sugere que o

empresário tem dificuldade de entender do seu próprio métier, quem dirá

educação.



Que empresários escolheriam um professor de sociologia, depois um torneiro

mecânico e por fim uma guerrilheira para comandar o país?



Teriam acertado na mosca, o país nunca andou tão para a frente.



Perguntei, numa palestra em Londres para 59 ministros de Educação: por

que as férias são tão compridas no verão? Nem um deles sabia -é assim

porque as escolas eram rurais, e os pais precisavam da criançada para

ajudar na colheita, por dois meses. É assim até hoje.



Melhorias marginais na escola são como motor novo e pintura metálica num

Fusca 77.



O papel do professor está obsoletado. Pede-se demais: que entenda de uma

matéria, mas cruze com outras; que saiba manter 39 meninos quietos; que

lide com as sacanagens da carreira, com diretoras ranzinzas e pais

perdidos; e ainda aprendam tudo sobre bullying e "bullshit".



Os investimentos e estudos deveriam ir para formatos novos, com professores

virando os tutores esclarecidos da paideia grega e chamando à escola os

milhões de recém-formados e aposentados que poderiam partilhar suas

paixões.



Ficar tirando a média de um conceito medíocre é inócuo. Correr atrás

de resultados melhores no Pisa parece avanço, mas não passa de uma polida

no capô do Fusca.


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RICARDO SEMLER, 51, é empresário. Foi scholar da Harvard Law School e

professor de MBA no MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts). Foi

escolhido pelo Fórum Econômico de Davos como um dos Líderes Globais do

Amanhã. Escreveu dois livros ("Virando a Própria Mesa" e "Você Está

Louco") que venderam juntos 2 milhões de cópias em 34 línguas.
 
 
Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/saber/sb0905201103.htm

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