Investimentos deveriam criar novas soluções em educação, possibilitando
a formação de tutores
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A Westinghouse era um gigante nos anos 20. Numa fábrica com 12 mil
funcionários, conduziram uma experiência seminal. Aumentaram a
iluminação e a produtividade aumentou. Depois, voltaram ao que era. A
produtividade aumentou mais! Esse experimento provou que a intervenção
gera mudanças temporárias, e não difere dos empresários que intervêm
em escolas.
No começo a diretora faz cursos de gestão, aparecem computadores e
reciclagem para professores. Com o tempo, tudo volta ao que era. E os
valores que são colocados nessas escolas "mexidas" tornariam o orçamento
da rede publica inviável, portanto, são artificiais.
Duas boas entidades, Instituto Ayrton Senna e Todos Pela Educação
colocaram pesquisadores para achar o denominador comum de centenas de
estudos sobre melhorias na sala de aula -o resultado, logicamente, não
passa de um conjunto de platitudes.
São quatro as conclusões: um, o professor tem que ser bom. Os 20%
melhores ensinam mais do que os 20% piores. Ué...
Segundo, que turmas menores aprendem mais -ou seja, não é bom ter 48
alunos na classe. Certo.
Terceiro, que é melhor que a turma seja homogênea -se for para aprender
mais matemática e português-, mas seria melhor que fosse heterogênea -se
for para outras matérias. Ops...
Quarto, que alunos aprendem mais se houver mais aulas.
Hmmm... Sei que faço uma caricatura, mas não difere disso. A culpa não
é dos empresários -têm boas intenções-, mas cabe lembrar que 92,3% das
empresas quebram ou são vendidas a cada 20 anos, o que sugere que o
empresário tem dificuldade de entender do seu próprio métier, quem dirá
educação.
Que empresários escolheriam um professor de sociologia, depois um torneiro
mecânico e por fim uma guerrilheira para comandar o país?
Teriam acertado na mosca, o país nunca andou tão para a frente.
Perguntei, numa palestra em Londres para 59 ministros de Educação: por
que as férias são tão compridas no verão? Nem um deles sabia -é assim
porque as escolas eram rurais, e os pais precisavam da criançada para
ajudar na colheita, por dois meses. É assim até hoje.
Melhorias marginais na escola são como motor novo e pintura metálica num
Fusca 77.
O papel do professor está obsoletado. Pede-se demais: que entenda de uma
matéria, mas cruze com outras; que saiba manter 39 meninos quietos; que
lide com as sacanagens da carreira, com diretoras ranzinzas e pais
perdidos; e ainda aprendam tudo sobre bullying e "bullshit".
Os investimentos e estudos deveriam ir para formatos novos, com professores
virando os tutores esclarecidos da paideia grega e chamando à escola os
milhões de recém-formados e aposentados que poderiam partilhar suas
paixões.
Ficar tirando a média de um conceito medíocre é inócuo. Correr atrás
de resultados melhores no Pisa parece avanço, mas não passa de uma polida
no capô do Fusca.
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RICARDO SEMLER, 51, é empresário. Foi scholar da Harvard Law School e
professor de MBA no MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts). Foi
escolhido pelo Fórum Econômico de Davos como um dos Líderes Globais do
Amanhã. Escreveu dois livros ("Virando a Própria Mesa" e "Você Está
Louco") que venderam juntos 2 milhões de cópias em 34 línguas.
Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/saber/sb0905201103.htm
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