Das 20 metas do PNE 2011-2020, pelo menos 6 são iguais ou aumentam um pouco os objetivos almejados pelo governo Lisandra Paraguassú - O Estado de S.Paulo, 16 de dezembro de 2010
As 20 metas do Plano Nacional de Educação 2011-2020, apresentadas ontem
pelo governo federal, são um retrato do que o Brasil deixou de fazer nos
últimos dez anos. Apesar do foco maior em qualidade - o plano anterior se
concentrava mais na quantidade - , o novo PNE repete vários dos objetivos.
Das 20 metas, pelo menos 6 são ou exatamente iguais - caso da
erradicação do analfabetismo - ou aumentam um pouco a anterior, sem
trazer um avanço real. Assim é, por exemplo, com a meta de ampliação do
ensino superior. Em 2001, a previsão era de que, até 2011, fosse atingida
uma taxa líquida de 30% dos jovens de 18 a 24 anos na universidade. No
período, o País alcançou 14,4%. A nova meta também cresceu pouco, para
33%.
A mesma coisa ocorre na outra ponta do ensino. A meta de atendimento em
creches estacionou nos 50% de dez anos atrás. Isso porque, apesar de ter
dobrado o porcentual de crianças em creches, apenas 18% são atendidas. Na
educação infantil, a decisão agora é pela universalização, enquanto
em 2001 previa chegar a 80%. Atualmente, 74,8% das crianças brasileiras
têm acesso à educação infantil.
A erradicação do analfabetismo volta à tona. Apesar dos programas
realizados por sucessivos governos, 9,6% da população brasileira ainda
não sabe ler e escrever.
Para Mozart Ramos, do Movimento Todos Pela Educação, a repetição de
metas se deve ao fato de o Brasil estar longe de atingi-las. "São metas
que ainda traduzem o nosso imenso desafio. Por isso, podemos dizer que é
um plano factível e equilibrado. "O ministro da Educação, Fernando
Haddad, afirma que o novo plano é um avanço por ter foco maior na
qualidade. "Deixou de ser apenas quantitativo", disse. "Mas é claro que é
um plano mais realista. Quando tínhamos 9% de atendimento em creche,
imaginar que poderia chegar a 50% era irreal."
O maior avanço do atual PNE é a transformação das metas de qualidade em
números. A pretensão de elevar a nota nacional no Índice de
Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) para 6, já proposta pelo
Ministério da Educação quando criou o índice, também passa a integrar
o PNE.
O plano também traz a decisão de relacionar o Ideb com o Programa
Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa), incluindo a meta de chegar a
473 pontos em 2020. Isso significa crescer 71 pontos nos próximos dez anos
e dobrar a velocidade de melhora - de 2001 a 2009, a média brasileira
aumentou 33 pontos.
Também no ensino superior entraram objetivos numéricos. O PNE exigirá
das universidades federais o aumento do número de alunos por professor dos
atuais 10 para 18 - apesar das reclamações das instituições, que queriam uma média de 14.
Além disso, as universidades terão de chegar a pelo menos 33% de vagas nos cursos noturnos, quando
hoje são 26%, e fazer com que 90% dos alunos concluam o curso - atualmente, apenas cerca de 50%
chegam à graduação.
Nova lei. O governo enviará na próxima semana ao Congresso um projeto
para criação da lei de responsabilidade educacional. A proposta é
alterar a Lei de Ação Civil Pública, criando instrumentos para que o
Ministério Público possa ingressar com ações contra secretários de
educação que não cumpram suas obrigações.
Fonte: COLABORARAM LÍGIA FORMENTI e MARIANA MANDELLI
Márcia Figueiredo
Coordenadora Geral do Centro de Educação a Distância
Centro Universitário Barão de Mauá
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