domingo, 12 de setembro de 2010

" Educar na era planetária"- Edgard Morin



A desesperança nasce da consciência sobre as carências do Homo


sapiens/demens e das manifestações históricas do ruído e do furor

que, tantas vezes fizeram tábula rasa da razão e do amor. Essa

dialógica dispõe de seis princípios de esperança na desesperança:


·Princípio vital: assim como tudo o que vive se auto-regenera numa


tensão irredutível para o futuro, também todo o humano regenera a


esperança regenerando sua vida. Não é a esperança o que faz viver,


é o viver que cria a esperança que permite viver.



·Princípio do inconcebível: todas as grandes transformações ou


criações foram impensáveis antes de ocorrer.



·Princípio do improvável: todos os acontecimentos felizes da história


foram, a priori, improváveis.



·Princípio da toupeira: que cava suas galerias subterrâneas e


transforma o subsolo antes que a superfície se veja afetada.



·Princípio de salvação: é a consciência do perigo que, segundo


Hölderlin, sabe que "onde cresce o perigo, cresce também o que salva".



·Princípio antropológico: é a constatação de que Homo


sapiens/demens usou até o presente uma pequena porção das


possibilidades de seu espírito/cérebro. Isso supõe compreender


que a humanidade se encontra longe de ter esgotado suas


possibilidades intelectuais, afetivas,culturais, civilizacionais,


sociais e políticas.



Nossa cultura atual corresponde ainda à pré-história do espírito

humano e nossa civilização não ultrapassou a idade de ferro planetária.



Estes princípios não trazem consigo nenhuma segurança, mas não

podemos livrar-nos nem da desesperança nem da esperança. A

odisséia da humanidade permanece desconhecida, mas a missão da

educação planetária não é parte da luta final, e sim da luta inicial pela

defesa e pelo devir de nossas finalidades terrestres; a salvaguarda da

humanidade e o prosseguimento da hominização. (p.111)



Fonte: Morin Edgard, Ciurana E & Motta R 2003. Educar na era planetária


O pensamento complexo como método de aprendizagem pelo erro e
 incerteza humana .Cortez Editora, São Paulo

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