sexta-feira, 25 de junho de 2010

Desabafo...



“Parafraseio o Alberto Caeiro: “Não é bastante ter ouvidos para se ouvir o que é dito. É preciso também que haja silêncio dentro da alma.“ Daí a dificuldade: a gente não agüenta ouvir o que o outro diz sem logo dar um palpite melhor, sem misturar o que ele diz com aquilo que a gente tem a dizer. Como se aquilo que ele diz não fosse digno de descansada consideração e precisasse ser complementado por aquilo que a gente tem a dizer, que é muito melhor.”

Estou triste. Não é uma tristeza comum, é uma tristeza de pesar. A perda é algo que não estamos preparados. Podemos filosofar sobre a morte, podemos ter uma religião, fé, mas ainda assim, é algo que o mistério ronda como uma sombra na caverna.


Creio que a morte é a própria resposta da vida. Mas isso por si só não acalma e nem responde a necessidade do apego a perda ao ente querido.

Nem sempre lembro-me dos meus sonhos. Mas ontem sonhei com a minha mãe. Ela me pedia para aquecer os seus pés, coisa que gostava de fazer e foi à última que fiz por ela na UI. Logo em seguida, veio o meu cachorro, que me pediu um grande afago. Eu o reconheci pelo seu cheiro.

E após, tive alguns pesadelos. Coisa que só o inconsciente nos revê-la.

Essa semana foi pesada. Entre perdas e ganhos, as perdas foram maiores. Perdas que só os seres humanos são capazes de arquitetar.

Eu sempre tive como melhores amigos os animais, parece louco, mas é algo explicável para quem é filho temporão, onde a sua irmã mais velha só tem tempo pra sua escolha religiosa e a do meio resolve assumir o papel de mãe. Como lidar com tantas perdas: minhas e a dos outros.

Vivi rodeada de animais. Muitas das vezes cheguei acreditar que eles são muito mais sábios que os humanos. Não tive um animal que se quer me magoasse ou abandonasse.

Acredito que Deus os colocou no mundo para ensinar aos seres humanos a serem mais humanos.

E para mim, foi à forma que encontrei para pertencer a este mundo, para enfrentar as reações adversas. Sabemos que o mundo material não preenche uma existência e sim o respeito as nossas crenças e valores. Mesmo que o destino nos aponte um caminho, mesmo assim, temos que construir o caminho.

E aqui ficam muitas perguntas:

- Quem eu abandonei? Quem eu deixei de ajudar?

O amor é transitório, a sabedoria não e a minha caridade deve ser grande. Não existe amor sem caridade, assim como não existe fé sem espiritualidade.

Não procuro a salvação, procuro a fé nas pessoas que geram ações humanitárias diante de sua fé.

Que possamos ser sábios, fortes, dignos, diante da crueldade humana, ajudando a exterminar o trabalho escravo, a matança aos animais, a discriminação social e valorizando a todos aqueles que dedicam a sua vida em prol das pesquisas que venham salvar vidas e respeitem os princípios humanitários.

É isso que desejo para mim e para os meus semelhantes.

Bom fim de semana!

Natalícia

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