terça-feira, 22 de dezembro de 2009

"O conceito de árvore de natal"



A tradição natalina, determina a duração das decorações de natal em torno de um mês e meio, que se encerra em 6 de Janeiro, Dia de Reis, quando os enfeites são retirados da árvore e guardados para o ano seguinte.

Nas organizações, diferentemente dos lares das pessoas em que nelas trabalham, a árvore natalina transcende os costumes do Cristianismo, e transformou-se em símbolo de união em torno de ideais e valores supra-religiosos e universais de paz e boa vontade entre os seres humanos.


Complementadas por confraternizações, trocas de presentes, gera-se, nesta época, um clima de harmonia entre áreas, de planos para um futuro de paz, projetados sobre cada enfeite colocado nas árvores de natal.
Artificiais ou naturais, de espécies e tamanhos variados, com luzes americanas ou chinesas, decoradas por bolas ou outros adornos, há um ponto em comum neste ritual -- toda decoração tem um prazo de validade definido.

Olhando uma árvore dessas, das pequenas e simples, às imensas e ricas, encontramos pontos em comum: sua base, seu tronco, seus galhos, seus enfeites, suas luzes e sua ponteira no alto.
A base quando de árvores naturais, envolvem a terra que alimenta o ser sustentado. Mesmo quando artificial, ela representa a cultura, as memórias e história da organização -- essenciais para a transmissão de valores às novas gerações.


Os galhos, rígidos por moldes plásticos ou predestinados pela genética de sua espécie, buscam expandir-se ao longo da projeção do tronco, para projetar as individualidades das pessoas que trabalham na organização. Elas moldam e definem o perfil do conjunto. Dispostas simétrica ou aleatoriamente, buscam a luz que faça a fotossíntese de resultados e realizações ou a visibilidade de sua personalidade.

Presos aos galhos, as folhas, de polietileno ou de células clorofiladas, captam o reflexo de luzes de néon ou de janelas entreabertas de persianas corporativas. Aos mesmos galhos, prendem-se os enfeites. Cada um poderia representar hábitos, condutas, contratos interpessoais, ostentando uma estética de frutos, carregados de significado para as relações mais harmoniosas entre aqueles que fazem parte da instituição.


Talvez com novas lentes poderíamos ver:


A bola vermelha da Empatia - a disposição de ouvir e se colocar no lugar do outro, de esforçar-se para entendê-lo, partindo de suas premissas, para poder efetivamente se comunicar.
O enfeite que reproduz um brinquedo ingênuo de criança, poderia ser o do feedback para as pessoas, ao invés da arma delinqüente, que fala (mal) das pessoas para outros -- menos para aquele que é diretamente envolvido.


O adorno de Papai Noel, pode representar a disposição de negociações internas do tipo Ganha-Ganha, que geram energia para todos envolvidos.


Algumas árvores trazem também um sino que poderia soar como o perdão para as desavenças passadas, naturais sobre as pressões do dia-a-dia, cada vez mais estressante.
E finalmente, acima de toda a árvore, a ponteira. Geralmente a estrela maior, iluminada, resplandecente do potencial de todos colaboradores que dão sentido à árvore organizacional. A ponteira refletiria o brilho das luzes de incentivo e motivação dos colegas e líderes.


Como seria bom se as árvores de Natal não fossem apagadas, dobradas, descartadas ou guardadas por 330 dias por ano...
Será que todos os penduricalhos reluzentes afixados à árvore verde, azul, branca ou amarela, não manteriam acesos o espírito positivo de se dar e querer bem, para uma vida corporativa com mais qualidade - uma empresa boa para se viver?

Feliz Árvore de Natal do Ano Inteiro!

Fonte: uol.com/Roberto Santos

sábado, 19 de dezembro de 2009

Cartão de Natal


Obrigada a todos vocês, que me honraram com as suas visitas e comentários,
fazendo com que o blog "Paisagens Educacionais" seja um espaço aberto ao convívio de muitas ideias e saberes.
Desejo a todos um Feliz Natal e que o ano de 2010 seja pleno de paz, saúde, felicidade e conquistas.
Natalícia

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

" O processo de Avaliação Institucional"

A proximidade do fim do ano representa, para as mais diferentes áreas, o momento de refletir sobre o ciclo percorrido e fazer projetos para o próximo. Na escola, não é diferente. O término do período letivo traz a oportunidade ao orientador educacional e a todo o grupo de gestão de fazer um levantamento das demandas coletivas, das metas educacionais e das ações necessárias para realizá-las no ano seguinte.
O processo de avaliação institucional, quando bem realizado, permite elucidar os problemas da escola. E toda a comunidade é envolvida na busca de soluções. Existem diversas maneiras de realizar esse trabalho. O número de participantes e a qualidade das relações interpessoais determinam as estratégias mais eficientes. Ele pode ser feito em diferentes espaços e por meios variados (em reuniões de equipe, via internet ou com o uso de questionários ou urnas, quando é preciso que todos se manifestem) e organizado por séries, ciclos ou segmentos.
O essencial nessa ação é criar dispositivos para que todos - alunos, pais, professores, funcionários e gestores - sejam convidados a pensar nos desafios coletivos que a escola enfrenta e se responsabilizar pelas mudanças necessárias para superá-los. Para que a avaliação seja bem-sucedida, é necessário, antes de tudo, focar apenas os assuntos e objetivos institucionais que dizem respeito a toda a comunidade e dividir o trabalho em duas etapas. A primeira delas envolve o levantamento das demandas, isto é, de tudo aquilo que o grupo identifica como sendo um problema que afeta a todos.
Entre os desafios educacionais que exigem tratamento institucional, é comum aparecerem problemas relativos aos trabalhos em grupo dos alunos, ao conselho de classe, à alimentação, à indisciplina, ao bullying, ao uso da internet, à comunicação com os pais e ao sistema de avaliação.
Na segunda fase, faz-se uma análise dos assuntos que preocupam e elege-se pelo menos um grande tema que inclua a parte mais significativa das demandas. Como essa escolha não é fácil, sugiro escolher sempre aquele que mais afetou a aprendizagem durante o ano. Feito isso, os envolvidos precisam se debruçar sobre a questão para identificar formas de solucioná-la ou minimizá-la. Essas atividades demandam reflexões de duas ordens: - A constatação do problema e o levantamento das origens e das consequências.
Uma escola que, por exemplo, tenha definido como uma dificuldade institucional a baixa adesão dos alunos à realização das lições de casa pode começar a se perguntar por que e para quem isso é um problema.
Como esse fenômeno se desenvolve ao longo da escolaridade?
Quando os alunos deixam de fazer as tarefas?
Há um período do ano de maior ou menor produtividade?
Quais as intenções dos professores com as propostas das lições?
Em que momento da rotina o docente anuncia os deveres para os alunos?
Eles são retomados em sala de aula?
Quais as intenções pedagógicas do professor com esses trabalhos?
Qual o sentido que os alunos atribuem às atividades? Existe alguma regra para aplicar a quem faz e a quem não faz as lições?
O que dizem os estudantes que realizam e os que não executam as tarefas?
E os pais, o que pensam?
Como participam? - Definição das ações que visam solucionar a questão e a meta pretendida. Esclarecida a natureza do problema, começa a busca pelas formas de resolvê-lo. Ainda no exemplo das lições de casa, uma possibilidade é propor que elas se tornem um tema das reuniões pedagógicas. Nos encontros, gestores e professores têm oportunidade de investigar os diferentes modelos de tarefa para os alunos e trocar experiências de atividades que envolveram as turmas.
Os gestores podem definir, por exemplo, os princípios que vão orientar a elaboração dos deveres de casa e como ele precisa ser problematizado em sala de aula. O tipo de controle sobre a quantidade e a qualidade dos conteúdos também entra na discussão desse fórum, assim como a relevância de atribuir nota a essas atividades. Nessa dinâmica, a orientação educacional atua junto aos alunos, trazendo uma reflexão: esse o problema é pessoal ou coletivo?
Os pais também devem ser envolvidos, pois podem ajudar na apresentação de soluções. Antes, porém - ainda no exemplo das tarefas de casa -, eles precisam ser ouvidos sobre as dificuldades em regular as atividades das crianças e trazer sugestões.
Certa vez, uma mãe conseguiu que uma organização não-governamental, próxima à escola, montasse um espaço com recursos humanos e tecnológicos para que as crianças que não tinham acompanhamento em casa fizessem as lições na sede da instituição no período da tarde.
Definidas as intervenções, parte-se para a próxima etapa, que consiste em estabelecer coletivamente as metas, assim como os indicadores que apontarão se elas foram ou não alcançadas. Por fim, é importante estabelecer um prazo para que seja possível fazer a verificação do impacto das ações propostas inicialmente. Todo processo de avaliação coletivo é trabalhoso, conflituoso e exige tempo, disposição e muita reflexão. Porém, ao mesmo tempo, ele promete resultados bastante significativos para toda a escola, os alunos e a comunidade.

Fonte: folha Online- Marina Piedade.

" Rede Social de livros Skoob"

Achei muito interessante este espaço, trouxe para vocês conferirem.
Rede social de livros Skoob lança tutorial de uso
da Livraria da Folha
Reprodução

Site permite que você discuta o livro conforme progride com a leitura
A rede social brasileira de amantes de livros Skoob revelou um tutorial para auxiliar os usuários a utilizar esse serviço que facilita a troca de livros entre milhares de leitores.
O site, cujos cadastros de obras e discussões são mantidos pelos próprios usuários, foi criado há cerca de um ano e permite que os entusiastas mantenham uma estante virtual com seus títulos favoritos, facilitando o encontro de leitores com perfis semelhantes.
Veja nossa matéria sobre redes sociais de livros
O tutorial também foi criado por uma usuária e ensina passo a passo como montar um cadastro, adicionar livros, encontrar amigos, colocar fotos, resenhas e muito mais. Veja o tutorial completo clicando aqui.

Fonte: Folha online

domingo, 13 de dezembro de 2009

Clarice Lispector



Sonhe com aquilo que você quiser. Seja o que você quer ser, porque você possui apenas uma vida e nela só se tem uma chance de fazer aquilo que se quer. Tenha felicidade bastante para fazê-la doce. Dificuldades para fazê-la forte. Tristeza para fazê-la humana. E ...esperança suficiente para fazê-la feliz. As pessoas mais felizes não têm as melhores coisas. Elas sabem fazer o melhor das oportunidades que aparecem em seus caminhos. A felicidade aparece para aqueles que choram. Para aqueles que se machucam. Para aqueles que buscam e tentam sempre. E para aqueles que reconhecem a importância das pessoas que passam por suas vidas. O futuro mais brilhante é baseado num passado intensamente vivido. A vida é curta, mas as emoções que podemos deixar duram uma eternidade!"

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

" Sensibilidade à luz pode afetar o aprendizado"



Sinais de desconforto ao sol e iluminação artificial intensa podem revelar dificuldades nas atividades escolares, leitura, equilíbrio e fala.

Você sabe como está o desenvolvimento escolar e pessoal do seu filho? Observar o comportamento do aluno durante os estudos e as brincadeiras é a melhor forma de acompanhar e perceber como está sua evolução. Segundo a oftalmologista Dra. Márcia Guimarães, o desconforto ao sol, a utilização de régua ou dedo para acompanhar as linhas de um texto, o apoio da testa com as mãos durante a leitura, a procura constante por sombra para brincar e a distração no momento dos estudos são sinais de que as atividades não estão sendo aproveitadas integralmente.

"A exposição à luz solar ou à luminosidade intensa em diversos ambientes, como escritórios, escolas e supermercados, pode provocar, em diversos indivíduos, sensações de irritabilidade, ansiedade e fortes dores de cabeça. Isso acontece porque essas pessoas podem ser portadoras de hipersensibilidade a uma determinada freqüência de luz, já que percebem a luminosidade mais forte e brilhante que as demais pessoas", observa a médica.

Quando o sistema visual está comprometido, o aprendizado será afetado. Isso porque 85% de tudo que se aprende são informações recebidas pela visão. Possíveis problemas de aprendizagem não são detectados com o exame ocular tradicional. Para detectá-los em tempo hábil de não afetar o desempenho escolar, é necessário fazer exames e testes mais específicos que avaliam o processamento cerebral da visão. "O ideal é que a análise seja feita além do simples exame do olho, observando todo o processo visual do indivíduo. Isso porque é o cérebro o responsável pela visão. O olho é apenas a parte captadora da luz", explica Dra. Márcia Guimarães.

Nos casos em que a hipersensibilidade à luz (também conhecida como fotofobia) chega a afetar o aprendizado, pode ser diagnosticado caso de Síndrome de Irlen que, segundo a oftalmologista, afeta 20% da população. "Essa incidência é ainda mais elevada em portadores de déficits de atenção, dislexia, hiperatividade, entre outros problemas. Mesmo bons leitores, sem dificuldades de aprendizagem, podem ser portadores desta hipersensibilidade. Nesses casos, ela se manifesta pelas crises de enxaqueca, irritabilidade, ansiedade e redução da produtividade profissional", detalha. Fora do ambiente escolar e de escritório, esses sintomas também podem aparecer em lugares com neblina, chuva, mormaço e trânsito, com as luzes noturnas e dos faróis, uma vez que nesses casos a claridade é instável.

O tratamento no Hospital de Olhos Dr. Ricardo Guimarães é realizado por meio da utilização de filtros de absorção seletiva, que bloqueiam determinadas freqüências de luz que são especialmente agressivas para essas pessoas. O paciente é atendido por uma equipe multidisciplinar que envolve psicólogos, pedagogos, fonoaudiólogos e oftalmologistas para que todas as causas possíveis sejam avaliadas e excluídas restando, assim, a opção bem direcionada para os filtros. "Esses filtros proporcionam maior contraste, conforto na leitura e mais concentração a esses pacientes, pois agem neurologicamente reduzindo a hiperatividade cortical e o stress", comenta.

Um levantamento realizado pelo Hospital de Olhos Dr. Ricardo Guimarães mostrou que, em 100 pacientes tratados com a técnica, 80% melhoraram muito em relação ao desconforto com a luz solar e artificial; sendo que outros 13% também sentiram alguma melhora. "Com a diminuição dessa sensibilidade, o processamento cerebral fica mais tranquilo, possibilitando benefícios no hábito de leitura, no equilíbrio, no comportamento, na autoestima, na fluência, na pontuação, na caligrafia, no tempo de execução das tarefas e no desempenho escolar", revela Dra. Márcia. Outras mudanças consideráveis são na compreensão e na leitura, que correspondem a 90% de melhora. Já os casos de irritabilidade e desatenção foram solucionados em 88% dos pacientes.

Fonte:ABN - Agência de notícias

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

O lazer na terceira idade


"O lazer na terceira idade tem o objetivo de despertar as potencialidades dos idosos para aspectos criativos e sociais, estimulando a socialização, o compartilhar de experiências, a sensibilidade, as emoções, a comunicação, o aprendizado de coisas novas, permitindo-lhes uma vida ativa sem obrigações..."

Uma das modificações que ocorrem na vida social das pessoas idosas é o aumento considerável do tempo livre que as pessoas adquirem principalmente com o processo da aposentadoria. Esse tempo pode ser aproveitado de diferentes maneiras com outras práticas que não as ocupacionais, sendo uma delas as atividades de lazer.
O lazer é definido pelo sociólogo francês Joffre Dumazedier como sendo o tempo que cada um tem para si. Representa o conjunto de ocupações não obrigatórias às quais o indivíduo pode se entregar de bom grado, seja para repousar, para se divertir, para desenvolver sua informação ou formação desinteressada, sua participação social ou sua livre capacidade criadora, depois de liberado de suas obrigações profissionais, familiares e sociais.

Assim, o lazer para a pessoa idosa constitui uma ocupação do tempo livre, a realização de atividades sem obrigatoriedade e acima de tudo de livre escolha. Com o processo de envelhecimento surgem mudanças nos interesses, nas preferências relacionadas às atividades de lazer. Observa-se uma diminuição de responsabilidade em tarefas domésticas e profissionais, porém nem sempre aumenta de forma significativa o interesse do idoso por atividades de lazer.


Tempo livre e tempo desocupado. É interessante conceituar “tempo livre” e “tempo desocupado”. O tempo livre permite a pessoa realizar o lazer isento de obrigações de qualquer natureza, é o tempo que cada uma tem para si, para fazer o que gosta, para conviver com quem você gosta, já o tempo desocupado pode se entendido como um período flutuante no qual o indivíduo não consegue ingressar no mercado de trabalho.Dentro desse contexto o lazer deve ser diferenciado de algumas definições estabelecidas pela sociedade:O lazer não se opõe ao trabalho, é um complemento do trabalho.

Excluem-se dele todas as atividades relacionadas a trabalhos profissionais, desvinculado de fins lucrativos, de trabalhos suplementares ou que complementam a atividade doméstica, atividades de manutenção (alimentação, sono, higiene, etc.) e tarefas de cunho obrigatório no âmbito familiar, sociais.O lazer não pode ser confundido com ociosidade.

O lazer corresponde a uma liberação periódica do fim do dia, da semana, do ano (período de férias) ou da vida funcional (aposentadoria). Lazer é um valor novo, surgido neste século com a formação da sociedade industrial. Corresponde a um tempo de liberação e de prazer em que os indivíduos escolhem uma atividade de acordo com critérios prioritários e interesses pessoais. Atualmente, com a evolução técnico-científica podemos ser produtivos mesmo não trabalhando tanto e tendo maior tempo livre, que poderia ser utilizado para o lazer.

O lazer é a busca de um estado de satisfação, entendido como um fim em si mesmo por responder às necessidades individuais em contraposição às obrigações impostas pela sociedade. O lazer envolve diferentes áreas de interesse que são procuradas pelos idosos de acordo com seu nível social, cultural e profissional.

Interesses físicos, interesses práticos, interesses artísticos, interesses intelectuais e interesses sociais.O mais importante é despertar no idoso a motivação em ocupar seu tempo livre conquistado após anos de trabalho, dedicação e contribuição. Devemos auxiliar o idoso na manutenção de seu equilíbrio físico e social, afastando-o do processo de isolamento, da vulnerabilidade a doenças.

O lazer na terceira idade tem o objetivo de despertar as potencialidades dos idosos para aspectos criativos e sociais, estimulando a socialização, o compartilhar de experiências, a sensibilidade, as emoções, a comunicação, o aprendizado de coisas novas, permitindo-lhes uma vida ativa sem obrigações, com mais satisfação e qualidade, sendo valorizados e respeitados pela sociedade.

Fonte: uol.com.br / notícias/ Elisandra Vilela

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

A Família Moderna



Partindo do ponto de vista da Psicanálise de Família e de suas abordagens clínico teóricas, especialistas abordam a complexidade no seio familiar contemporâneo.

A nova estrutura familiar e a noção de casal servem de enlaces para o debate sobre a existência da família, agora livre das amarras da heterossexualidade e das exigências socioeconômicas que lhe serviu de alicerce por tantos séculos.

Sabemos das inúmeras alterações ocorridas no conceito e na estruturação da família, ocorridas no último século. Entramos no século XXI tendo de encontrar novas formas de lidar com os problemas gerados no seio dessas novas famílias e é esse o enfoque central que buscamos dar a esse material.

Em primeiro lugar, cabe lembrar que a partir das enormes mudanças oriundas do capitalismo avançado, entre elas o consumismo e comunicação de massa; questionamento da autoridade paterna e do Estado; individualismo e narcisismo; Psicologismo; avanço técnico-científico com as fertilizações in vitro, barrigas de aluguel, células-tronco, globalização; entre outros fatores, o sujeito se viu envolvido em fortes transformações que atingem sua forma de estar no mundo.
Novas patologias como as bulimias, anorexias, obesidade, compulsões, drogadição, suicídios e a violência mostram que o sujeito contemporâneo está muito mais para o "borderline" do que o neurótico descrito por Freud.
Isso não só denota uma alteração na estruturação do sujeito, como também nos faz mirar de forma diferente a família pós-moderna, com suas idiossincrasias e transformações. Assim, não é só o capitalismo avançado que demanda esse sujeito "borderline"; é a família atual que tende a construí-lo!

Senão vejamos: vivemos numa era em que o tempo é escasso, os níveis de afetividade no seio da família sofrem diversos constrangimentos (divórcios, famílias ampliadas, redução do número de filhos), a tríplice jornada da mulher e do homem reduz enormemente sua disponibilidade para cuidar da prole, redundando em uma família em que as relações de parentesco se tornaram bastante complexas.

Aos, psicanalistas, só resta entender toda essa transfiguração e buscar dar aos que sofrem apoio para se adaptar a essa nova ordem. Tentamos oferecer um acolhimento que permita a construção de uma mente capaz de abrigar minimamente a torrente de emoções, pensamentos e fantasias próprias do ser humano.

Nesse sentido, buscamos, mostrar o que vem surgindo em nossos consultórios, nas escolas, e no dia a dia de cada criança. Pensamos que a partir desse diálogo com outros ramos do saber é que poderemos encontrar novas formulações teóricas, novas propostas terapêuticas, e assim ajudar o homem pós-moderno em suas crises no viver.

Podemos definir a noção de casal de acordo com a separação de sexos, que ainda hoje é encontrada nos dicionários e na maioria das representações que fazemos de um casal.
Em seguida, refletimos pela noção de família, tendo como polo original as diferentes nuances com que se pode olhar para o casal familiar: marido e mulher; pai e mãe; avô e avó.

Nesse modelo familiar dito tradicional, a presença obrigatória de um genitor do sexo masculino e um do sexo feminino, na formação de uma família, permitiu a criação de um modelo de identificação sexual triangular, que Freud traduziu ao mundo tão bem, pelo mito de Édipo. Por meio dele, meninos e meninas são levados a se identificar com o genitor do sexo oposto, por força do complexo de Édipo, cuja resolução deságua na identidade masculina e feminina.

A transição gradual, mas segura, da importância da heterossexualidade como meio de subjetivação e introjeção do masculino/feminino, agora em fase de substituição pela noção de gênero, tem mudado radicalmente a qualidade da vincularidade familiar e, com isso, os processos de subjetivação mediadores do humano no homem. Assim, questiona-se como a ideia de família pode sobreviver sem Édipo e sem "inveja do pênis"?

Na atualidade, não é mais possível contar apenas com o modelo familiar nuclear como ambiente de formação da subjetivação humana, porque as mudanças sociais que marcaram nossa época levaram a um apagamento dos símbolos que marcavam os espaços familiares tradicionais, esmaecidos pela ausência da mulher na casa; pela terceirização da educação inicial da criança, agora partilhada com a pré-escola pelas mães que trabalham fora; pelas mudanças no mercado de trabalho, que vêm abalando a imagem do pai provedor do sustento/ mãe provedora de afeto, que a dupla de genitores tradicionais mantinha.

Esse novo conceito muda também a relação do indivíduo com o mundo. Mães e pais sentem-se cada vez mais pressionados pela pós-modernidade e refletem esse anseio para a vida em grupo, no seio familiar. É cada vez mais comum filhos acumularem atividades extraescolares (cursos de inglês, futebol, balé, escoteiro) enquanto os pais acumulam horas de trabalho. A falta de contato, de diálogo, de interação é preocupante. O jantar com a família é constantemente adiado e a falta de tempo (ícone dos tempos modernos) deixa a mesa cada vez mais vazia.

É nesse contexto que se observa, de forma nítida, o fenômeno que denomino "terceirização da família". Trata-se de um deslocamento do conceito econômico contempo-râneo "terceirização de serviços e de produção", adotado por empresas que buscavam racionalizar custos e aumentar sua eficiência. Para poder se dedicar às atividades momentaneamente mais impor-tantes, essas empresas delegam para outras determinadas operações de sua produção ou do serviço que prestam.

De maneira similar, a família atual, para se manter no compasso das exigências sociais e econômicas de nossa sociedade, parece terceirizar algumas de suas funções, dentre elas a da educação dos filhos...Seja como for, observa-se hoje que a revisão do modelo tradicional de família tem provocado mudanças nas funções familiares, das quais, uma das principais parece ser representada pelo fato da interdição e limites não serem mais consideradas funções ligadas ao sexo paterno.

Assim, podemos pensar o casal e seus dependentes como um grupo de indivíduos interligados por um mundo de relações simbólicas que, no tempo e no espaço, constroem uma história sobre si própria, seus próprios mitos no qual eu, você, as crianças, são ideias com valores e forças diferentes, na linha do tempo e nos diferentes arranjos familiares: carregam a força do sangue no arranjo heterossexual e tão somente a força do afeto nos casais homoparentais.

Podemos pensá-la também com a ajuda de Eiguer que a vê como um grupo de indivíduos entrelaçados por vínculos, no qual as relações de objetos e as transferências são ordenadas por organizadores familiares, de forma que as diferenças da estrutura individual se apagam diante da importância atribuída à teia de relações, continuamente estabelecidas e reconstituídas pelo grupo familiar.

Nessa nova construção simbólica da família, a noção de sexo vem perdendo espaço para os domínios do gênero, criando as condições psicossociais para a aceitação e o reconhecimento oficial da família homoparental e das diversas outras configurações familiares discutidas na atualidade. Isso traz para o primeiro plano da Psicanálise de família a questão dos organizadores familiares trazida por Eiguer, na medida em que eles parecem constituir uma heurística capaz de nos ajudar a pensar as bases psíquicas com que as novas famílias estão se constituindo.

Apesar disso tudo, o conceito de família, - seja ela estruturada pelo casal heterossexual ou homossexual, matriarcal, tradicional ou constituída por meio-irmãos -, permanece firme no ideal do ser humano. A família traz os limites do espaço mediado por relações afetivas, capazes de propiciar a seus membros o espaço mental necessário para o desenvolvimento do pensamento, capacidade para delimitar fronteiras adequadas, entre a falta e o excesso, de forma que exista a possibilidade de manter trocas afetivas que contenham funções de ouvir, discernir e acompanhar, sem ceder à ânsia de eliminar conflitos.

No filme Shelter, a irmã deixa seu filho a maior parte do tempo com o protagonista, para curtir a farra. Cansado dessa situação, e ainda apaixonado pelo irmão do seu amigo, o jovem resolve adotar o sobrinho com o seu amor e construir uma família.


ReferênciasFREUD S. Três ensaios sobre a teoria da sexualidade - 1905. Rio de Janeiro: Imago,1989 CASSIRER E. Ensaio sobre o Homem. São Paulo: Martins Fontes, 1997 SARTI C. A. A família como ordem simbólica. São Paulo: Psicologia da USP. Vol. 15/3, 2004 EIGUER A. Um divã para a família. Porto Alegre: Artes Médicas, 1985 BERENSTEIN I. Psicoanalizar una família. Buenos Aires: Paidós, 1996 (2ª reimpressão) BOX S., COPLEY B., MAGAGNA J., MOUSTAKI E. Psicoterapia com famílias: Uma abordagem psicanalítica. São Paulo: Casa do Psicólogo, 1994- fonte: uol.com

sábado, 5 de dezembro de 2009

" Espiritualidade do Natal"- Leonardo Boff



Há dentro de nós uma chama sagrada coberta pelas cinzas do consumismo, da busca de bens materiais, de uma vida distraída das coisas essenciais.

É preciso remover tais cinzas e despertar a chama sagrada.
E então irradiaremos. Seremos como um sol.

Esta palestra se realiza na época que antecede o Natal.
Talvez seja este o significado maior da festa que vamos celebrar:
a espiritualidade na carne quente e mortal, assumida pelo Verbo da Vida.

O espírito do Natal, sua espiritualidade específica, é exatamenteo oposto do espírito dominante na cultura atual, que é um espírito marcado pelo consumo, pelo mercado, pela concorrência, pela compra, pelo negócio, pelo interesse. Um espírito que transforma tudo em mercadoria, do sexo a Deus.

O Natal vive da gratuidade, da doação, da singeleza, da convivialidade, do dom de se fazer presente ao outro.
Vive da alegria de ver uma vida nascendo, porque não pode haver tristeza quando nasce a vida. E de saber que essa criança que está aí, o divino Infante, somos nós, fundamentalmente.
Porque há em nós uma dimensão de criança dourada que nunca se perdeu e que permanece para além da idade adulta, reclamando seu direito de entender a vida também como algo lúdico, algo leve, algo que vale por si. Pouco importam os interesses em que investimos na nossa vida. Ela vale por si mesma, porque é um valor supremo.

O Natal quer ressuscitar essa dimensão espiritual no ser humano, quer anunciar que é nessa atmosfera que Deus também se acercou de nós. Não veio como um césar poderoso nem como um sumo-sacerdote, menos ainda como empresário ou filósofo. (Lembremos a frase de Fernando Pessoa: "Jesus não entendia nada de finanças nem consta que tivesse biblioteca" ). Ele se aproximou na forma de uma criança pobre que nasce no subúrbio, no meio de animais. Para que ninguém se sentisse distante Dele, para que todos pudessem experimentar o sentimento de ternura que desperta uma criança que queremos carregar no colo e sobre a qual nos vergamos, maravilhados.

Este é o caminho que Deus escolheu para acercar-se de nós, para poder andar conosco por nossos estreitos caminhos.
Talvez seja um Deus que não nos explique a razão do mal do mundo, mas que sofre junto conosco.
Talvez não nos explique por que tanto trabalho para tão pouca felicidade, mas trabalha junto, e se faz carpinteiro. Assume tudo o que é radicalmente humano.
Chora expressando a tristeza com a morte do amigo Lázaro. Entretém amizade com duas mulheres, Marta e Maria, e com Maria de Magdala, chamada de sua companheira, por mais escandaloso que isto fosse naquele tempo. Enche-se de ira sagrada e toma do chicote quando vê o espaço sagrado sendo transformado num mercado. Mas também se enche de indizível ternura abraçando as crianças e dizendo, resolutamente, que ninguém as afaste.
Tudo isso é Jesus, tudo isso é Deus na nossa carne quente e mortal.

Um Deus que encontramos dentro de nós e de nosso cotidiano, sem precisar buscá-lo aqui e ali, mas buscá-lo na nossa interioridade, onde Ele, um dia, penetrou e de onde nunca mais saiu, nos fazendo filhos e filhas, semelhantes ao seu Filho Jesus.
E quando chegar a nossa hora de partir, Ele vem, toma o que é Dele e leva para o SeuReino, isto é, nos leva cada um para Sua casa, porque nós, Seus familiares, pertencemos à casa Dele.

Este é para mim o significado maior da encarnação, do mistério do Natal que celebramos, um dos pontos altos da espiritualidade cristã. Em um mundo altamente conflituoso, ameaçado de todas as partes, podemos fazer um parênteses e dizer:"Agora não.
Agora vamos festejar, vamos comer,vamos ser todos irmãos e irmãs, vamos acender a luz na convicção de que a luz tem mais direito do que todas as trevas. Fazemos isso tudo por causa Dele, Jesus, o Filho bem-amado, porque somos irmãos e irmãs Dele, também filhos e filhas bem-amados.

"Se reservarmos em nossa vida um pouco de espaço para essa espiritualidade, ela vai nos transformando, pois este é o condão da espiritualidade: produzir uma transformação interior. Essa transformação acenderá nossa chama interior que produz luz e calor e nos dá mil razões para vivermos como humanos. Assim, caminharemos serenos neste mundo, junto com outros e na mesma direção que aponta para a Fonte de abundância permanente de vida e de eternidade.
E mergulharemos nessa Fonte de espiritualidade, que é Fonte de espírito, de vida, de amorização, de realização e de paz.


Leonardo Boff in: Espiritualidade: Caminho de Transformação
- Editora Vozes -

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

"Muitas Luas"- Iza Sosnowski


Muitas Luas


Minha rua. Meu caminho!
Tanto minha, quanto tua!
Nossas vidas... Muitas luas!
Alamedas...
Veredas... Insinua em meus passos,
histórias minhas, tuas... Nossos laços!

Mãos dadas com o tempo!
Um cotidiano deitando sentimentos,
Na cadência de passos... do nosso andar!
Imensuráveis passos... De ir e vir!
Na rua que vai ficar...
Nos rastros que irão partir!
Os afagos... No recôndito do olhar,
À os Ipês, Paineiras... Árvores outras!
Que margeiam os portões...
Sombreando da calçada... A o meio-fio!
Das flores... Em todas as estações,
que irão perder-se dos meus passos... No vazio!
Que se apagarão nas lágrimas da chuva!
Junto às folhas mortas do Outono!
Nos dias cinza... E tardes turvas!
Onde o vento soberano e dono
Fará delas seiva e berço das sementes!
Em prol da criação...
Fará sua parte neste ritual!
A rua terá no tempo, face igual,
Com a sua cumplicidade!
Dos meus passos... Nem som, nem traços!
Tão somente terão espaço... Nas lacunas da saudade!



Iza Sosnowski