sábado, 17 de julho de 2010

Quando o próprio amor vacila



Eu sei que atrás deste universo de aparências,


das diferenças todas,

a esperança é preservada.


Nas xícaras sujas de ontem

o café de cada manhã é servido.

Mas existe uma palavra que não suporto ouvir,

e dela não me conformo.


Eu acredito em tudo,

mas eu quero você agora.


Eu te amo pelas tuas faltas,

pelo teu corpo marcado,

pelas tuas cicatrizes,

pelas tuas loucuras todas, minha vida.


Eu amo as tuas mãos,

mesmo que por causa delas

eu não saiba o que fazer das minhas.

Amo teu jogo triste.

(...) Eu amo a tua alegria.

Mesmo fora de si,

eu te amo pela tua essência.

Até pelo que você poderia ter sido,

se a maré das circunstâncias

não tivesse te banhado

nas águas do equívoco.


Eu te amo nas horas infernais

e na vida sem tempo (...).


Eu te amo pelas (...) futuras rugas.


Eu te amo pelas tuas ilusões perdidas

e pelos teus sonhos inúteis.


Amo teu sistema de vida e morte.

Eu te amo pelo que se repete

e que nunca é igual.


Eu te amo pelas tuas entradas,

saídas e bandeiras.


Eu te amo desde os teus pés

até o que te escapa.


Eu te amo de alma para alma.

E mais que as palavras,

ainda que seja através delas

que eu me defenda,

quando digo que te amo

mais que o silêncio dos momentos difíceis,

quando o próprio amor

vacila.


("Quando o Amor Vacila". Fonte: Maricotinha ao Vivo, de Maria Bethânia)

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