sábado, 19 de junho de 2010

A educação infantil necessita urgente de novas ações






Pesquisa avaliou 43 aspectos do ensino de crianças em seis capitais do País; notas não passam de 6,7






A educação infantil brasileira merece nota 3,4, numa escala de zero a dez. A conclusão é da pesquisa "Educação Infantil no Brasil: avaliação qualitativa e quantitativa", realizada pela Fundação Carlos Chagas em parceria com o Ministério da Educação e o Banco Interamericano de Desenvolvimento, cujos resultados serão apresentados hoje e amanhã.

Obtido com exclusividade pelo Estado, o estudo mediu a qualidade da creche (de 0 a 3 anos) e da pré-escola (4 e 5 anos) em seis capitais de todas as regiões do País: Belém, Campo Grande, Florianópolis, Fortaleza, Rio de Janeiro e Teresina.

A nota 3,4 demonstra que a qualidade do ensino infantil tem nível básico (de 3 a 5) - os outros estágios eram: inadequado (1 a 3), adequado (5 a 7), bom (7 a 8,5) e excelente (8,5 a 10).

Foram avaliados 43 aspectos divididos nas seguintes áreas: espaço e mobiliário (média 3,1); rotinas de cuidado pessoal (4,1); linguagem e raciocínio (3,7); atividades (2.3); interação (5,6); estrutura do programa (2,5) e pais e equipe das escolas (3,6). É a primeira vez que se tem acesso a tópicos aprofundados das condições do ensino infantil no País.

O aspecto que recebeu a nota mais baixa (1,6) está dentro da área de atividades e avalia a disponibilidade de materiais para aulas de ciências, como coleções de objetos naturais e livros e jogos temáticos. Já o que recebeu a nota mais alta, 6,7, pertence ao quesito interação e analisa se as relações entre adultos e crianças são empáticas.

Para Marcelo Alfaro, especialista em educação do BID no Brasil, os resultados baixos não surpreendem. Segundo ele, a área mais problemática é a chamada "fundamentalização" do ensino infantil (abordagem semelhante à do ensino fundamental). "Isso é observável, por exemplo, na disposição das carteiras nas salas de crianças 4 e 5 anos", afirma. "É essencial construir uma identidade própria para a nossa educação infantil."

A solução para o quadro negativo, de acordo com Alfaro, está num pacote de medidas que abrangem desde investimentos em materiais a melhorias na formação dos professores. "A parceria entre o MEC e as secretarias municipais também é um tema central", explica. "Certamente a expansão da obrigatoriedade do ensino às crianças de 4 e 5 anos coloca muitos desafios, mas a meta deve ser universalizar com qualidade." /M. M.


Índices baixos

2,9

é a nota dada às refeições e merendas servidas nas escolas

4,4

é a nota que as práticas de saúde nas escolas receberam

2,6

é a nota dada aos livros usados
 
 
Fonte: O Estado de São Paulo - 14 de junho de 2010

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