domingo, 30 de agosto de 2009

Considerações sobre o ato de educar


Considerações sobre o pensamento de Sara Pain, educadora e psicopedagóga que em muito contribui para o trabalho pedagógico, quando se trata de dificuldades de aprendizagem.
Para essa educadora, educar vai além do reconhecimento do próprio corpo, vai além das percepções...
Educar é se reconhecer em si e no outro. Aquele que percebe a natureza das suas intenções , possui naturalmente o reconhecimento de sua aprendizagem, que ora possui o papel de ensinante e ora possui o papel de aprendente. A educação é algo que se constói, passo a passo, indo em busca de uma nova identidade cultural. Assim, educar é um ato de amor, onde as regras são construídas por aqueles que fazem parte desse processo.
Fazer do outro nosso semelhante. Ensinar é exercer o desejo de reproduzir na sua forma mais radical, pois carente de inscrições instintivas, o ser humano só chega a ser ele próprio através da aprendizagem.

Para esta autora, "fazer do outro um semelhante, é necessário antes amar a si próprio. Pois o direito a transmitir vem da valorização por aquilo que somos. Mas se esse amor por nós mesmos for pessoal, egocêntrico, narcisista, a transmissão alienaria o sujeito em formação, o transformaria numa imagem".

O amor que permite educar, é o amor pelo que se é, mas somente na medida em que cada um de nós é depositário de uma cultura comum a um grupo e mais além ainda dessa cultura particular, das conquistas próprias ao ser humano em geral.

Não se pode ensinar verdadeiramente um conteúdo ou ler e escrever, sem sentir profundamente a grandeza sublime do pensamento inteligente, capaz de ter elaborado tais maravilhas. Ensinar a contar e a escrever é muito bom, mas transmitir ao mesmo tempo o valor humano destas conquistas que necessitaram milhões de anos de evolução para se concretizar.

A generosidade da doação supõe paralelamente o amor pelo outro e a crença em sua possibilidade de interar esse dom. Não se trata aqui então de um amor caridoso porque o ensinar não é um “favor” que fazemos a aquele que não sabe, é um amor de reciprocidade no qual receber justifica plenamente o prazer de oferecer.

Para ensinar é preciso amar, em primeiro lugar o ser humano e a todas as suas capacidades de produzir cultura, amar o aprendiz como depositário da continuidade e da transformação dessa cultura, e amar-se a si mesmo como capaz de aprender e de seguir aprendendo para assegurar essa transmissão: "Amar é uma condição indispensável para que esse ato sublime da transmissão do conhecimento se realize apaixonadamente na militância pedagógica.

Esqueci de um amor muito importante para poder ensinar: o amor que a comunidade deve demonstrar ao professor e que se traduz no reconhecimento das instituições por seu trabalho. Além dele é necessário o amor que traduz pela ajuda dos colegas, pelo agradecimento dos pais e pelo carinho dos alunos".
Fonte: Penamentos segundo Sara Pain.

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