domingo, 5 de julho de 2009

Tecendo as Palavras


“As palavras não nascem amarradas,
Elas saltam, se beijam, se dissolvem
No céu livre por vezes um desenho
São puras, largas, autênticas, indevassáveis”
(Carlos Drummond de Andrade)

Hoje vim conversar sobre a palavra, esta que tem nome, tudo pode e tudo é nomeado em nossas relações sociais.

Falar da palavra escrita é falar de tempo, algo difícil de expressar e alguns diriam que a palavra quando é bem escrita torna-se atemporal.

Nas relações com os indivíduos nos organizamos socialmente e negociamos diariamente muitas possibilidades de sentidos e significados do que é escrito e falado. Apresenta-se num constante movimento interativo, onde refletimos sobre as experiências vividas e nos apoiamos criando um universo próprio de falas e escritas, que de geração em geração muda constantemente.

A linguagem revela a nossa condição de leitor e vai além, pois fala da nossa condição social e dos desejos nem sempre confessáveis.

Vista dessa forma, a linguagem é uma atividade que é criada pelo sujeito e por eles é constituída. Não é a toa que as gírias passam de boca a boca e são recriadas nesse mesmo circuito de interações. Mudam rapidamente. Assim, tivemos bons períodos de boas safras, cito abaixo algumas gírias usadas em diferentes décadas:

Gírias dos Anos 60 e 70
Boko-moko: pessoa que não sabe se comportar
Carango: carro
Mora: entende
Plá: conversa
Tá ruço: tá ruim
Na crista da onda: em pleno sucesso
Lelé da cuca- louco
Prafrentex- avançado
Cricri- chato

Gírias dos anos 80 e 90
Chaveco: cantada, paquera
Detonar: livra-se de uma tarefa ou pessoa
Queimar o filme: perder uma boa oportunidade ou deixar de cumprir um compromisso
Mauricinho: sujeito arrumadinho, sempre com roupas de grife. Sua versão feminina é a patricinha
Ficar: namorar leve, uma noite, algumas horas, sem compromisso
( Marcelo Duarte, O guia dos Curiosos)
Existem outras bem legais, como meter a língua onde não é chamado pode ser bem divertido... Dá prazer se brincar com as palavras, algo que a escola tenta resgatar a qualquer preço. Fazer da escrita algo comunicativo é muito mais prazeroso do que fazer dela um dicionário ambulante. Por isso ando jururu, quando vejo um bando de alunos saindo da escola sem nada a ganhar. Ninguém merece, meu irmão! Uma aula chata, tá ligado? O efeito dominó gera uma grande insatisfação por falta de entendimento e respeito aos diálogos.

É no jogo das palavras que elas se renovam, criam uma identidade...
Convite

“ Poesia
É brincar com palavras
Como se brinca
Com bola, papagaio, pião
Só que bola, papagaio, pião
De tanto brincar
Se gastam

As palavras não
Quanto mais se brinca
Com elas
Mais novas ficam...”
( José Paulo Paes)
E afinal, quem não faz uso delas?

2 comentários:

Natalícia Alfradique disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Natalícia Alfradique disse...
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